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ORÇAMENTO
Críticos das emendas individuais, o senador Eduardo Suplicy e o deputado José Genoino pedem verbas para SP
PT agora apresenta emendas paroquiais
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Às vésperas de assumir o poder,
a cúpula do PT se rendeu à paróquia. Ao contrário do que ocorreu
em anos anteriores, os principais
dirigentes petistas no Congresso
Nacional apresentaram emendas
ao Orçamento pulverizadas e destinadas às suas bases e a cidades
administradas pela sigla.
Os maiores exemplos são
Eduardo Suplicy (SP), líder do
partido no Senado, e José Genoino, candidato derrotado ao governo de São Paulo. Críticos da
prática, os dois evitavam apresentar emendas. Neste ano, cada um
incluiu R$ 2 milhões na proposta
orçamentária em discussão no
Congresso para 2003.
Genoino atendeu a pedidos da
prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do PT. Apresentou uma
emenda de R$ 2 milhões para permitir o acesso de bairros carentes
a serviços de comunicações.
Suplicy voltou-se para o próprio
umbigo e apresentou emendas de
R$ 2 milhões para a implantação
de programas de renda mínima
em municípios de São Paulo.
Cada parlamentar tem direito a
até 20 emendas individuais, totalizando R$ 2 milhões. Geralmente, opta por obras em sua base
eleitoral. A prática, tida como fisiológica, sempre foi condenada
por dirigentes do PT.
A opção do partido é o Orçamento Participativo, implantado
em alguns governos do PT, nas
quais as obras seriam escolhidas a
partir de demandas expressas de
forma organizada pela sociedade.
Um dos que levaram ao pé da letra a pulverização foi o presidente
do partido, José Dirceu, que apresentou as 20 emendas a que tinha
direito. Ele contempla desde a
ampliação de um centro cultural
em Penápolis (R$ 50 mil) até
obras de infra-estrutura em Araraquara (R$ 200 mil). Dirceu priorizou os prefeitos que são seus colegas de partido. Dos R$ 2 milhões, R$ 1,6 milhão são destinados a cidades geridas pelo PT.
A mesma lógica é seguida pelo
líder do partido na Câmara, João
Paulo (SP). Suas emendas são semelhantes às apresentadas pela
base de apoio de Fernando Henrique e criticadas pelo PT, como a
construção de quadras esportivas
e canalização de córregos.
Do total de R$ 1,950 milhão de
suas emendas, R$ 400 mil são destinados ao município de Osasco,
sua base eleitoral. Os outros R$
940 mil vão para municípios que
têm o PT no comando.
Aloizio Mercadante (SP) propôs duas emendas: R$ 1,15 milhão
para a construção de quadras esportivas no Estado e R$ 850 mil
para permitir o acesso à internet
de comunidades carentes.
As emendas de Mercadante têm
o cheiro de " rachadinha", como
eram chamadas, durante a votação do Orçamento de 2002, as
propostas genéricas, sem especificação do município onde o dinheiro seria aplicado. Aprovada,
o parlamentar negocia a liberação
diretamente com o ministro.
Na votação do Orçamento de
2000, Carlito Merss (SC) se queixou do resultado. Disse que fora a
festa do "fisiologismo" promovido por deputados que vendiam a
alma ao diabo para ganhar votos
gerados pelo analfabetismo da
população. Agora, apresentou 20
emendas -boa parte delas para
seu município, Joinville.
O PL nunca foi refratário a
emendas. O vice-presidente eleito, José Alencar (MG), por exemplo. Ele poderá não ter soluções
para a crise da violência no país,
mas a segurança de Guaxupé está
garantida. Justificativa assinada
pelo senador para destinar R$ 100
mil para o município: "A Prefeitura de Guaxupé não dispõe de recursos próprios para a aquisição
de uma viatura policial".
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