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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Presidente pediu acompanhamento rígido de contratos firmados com outros países, segundo Marco Aurélio Garcia

Acordos bilaterais preocupam governo Lula

Sergio Lima/Folha Imagem
Luiz Inácio Lula da Silva em encontro privado com o colega Hugo Chávez, da Venezuela


JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com o encaminhamento dos acordos bilaterais que têm sido assinados pelo Brasil com os demais países da América do Sul.
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou que Lula pediu um "acompanhamento rígido" para que os contratos entre os países tenham "consequências efetivas".
"A máquina do Estado é muito lenta, e a política externa brasileira está muito turbinada", disse Garcia, que participa da 13ª Cúpula Ibero-Americana, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Anteontem, o presidente reuniu-se na Bolívia com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para quem colocou o "esforço" feito pelo Brasil para dar curso aos seus acordos bilaterais.
Segundo Garcia, o Brasil assinou acordos com quase todos os países da região. Esses contratos fazem parte do projeto de "integração da América do Sul", classificado anteontem por Lula como um "sonho" que o seu governo estaria realizando.
Além de acordos comerciais, consta do projeto de integração a construção de obras físicas de integração, como pontes, estradas e aeroportos. Parte delas recebe o financiamento do BNDES.
"Ontem mesmo desatamos os nós de um financiamento de uma hidrelétrica no Equador", declarou Garcia. O presidente Lula, disse o assessor, pediu para que fosse feito um quadro com todos os acordos bilaterais e o ponto em que eles se encontram. Solicitou também que fossem criados mecanismos de cobrança dos resultados desses projetos.
Na avaliação do presidente, ainda de acordo com Garcia, não basta o empenho dos países envolvidos para que haja a integração regional da América do Sul.

Alca e neoliberalismo
A Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e o neoliberalismo foram duramente criticados anteontem por participantes da abertura da 13ª cúpula.
O presidente boliviano, Carlos Mesa, que procura respaldo popular para se manter no cargo até 2007, convidou o líder popular, Carlos Medina, para fazer um discurso na abertura do encontro dos 21 chefes de Estado da América Latina, Portugal e Espanha.
Medina, que participou dos levantes populares de outubro, culminando na morte de mais de 70 pessoas e na renúncia do então presidente Sánchez de Lozada, criticou a área de livre comércio.
"O seu sistema perverso causa, entre outras calamidades, a inundação dos países com uma série de produtos estrangeiros", declarou Medina, para uma platéia formada, entre outros, por Lula e pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, com quem o brasileiro conversava animadamente minutos antes da cerimônia.
Eles organizaram um encontro paralelo à cúpula, chamado de Encontro Social Alternativo.
Em seu discurso, Chávez colocou a culpa no neoliberalismo pelos problemas dos latinos.

Documento de FHC
O "Informe Cardoso", documento encomendado pela organização da 13ª Cúpula Ibero-Americana ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi motivo de polêmica entre os 21 países participantes do evento, ontem.
O principal ponto do texto, a criação de uma secretaria-geral da cúpula, encontrou a restrição de algumas nações. FHC propôs a criação do posto de secretário-geral da organização, além de uma sede para a entidade.
A Espanha chegou a propor que a sede fosse em Madri, o que causou receio em outros países.


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