São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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DISPUTA NO NINHO

Tucanos de São Paulo pretendem lançar nome do Estado para concorrer à sucessão de Lula em 2006

PSDB paulista se articula para conter Aécio

Evelson de Freitas - 23.jan.2001/Folha Imagem
Os tucanos Aécio Neves (MG), à esq., e Geraldo Alckmin (SP) se abraçam no Palácio dos Bandeirantes


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Os tucanos paulistas se articulam em torno do governador reeleito Geraldo Alckmin (PSDB), para tentar continuar dando as cartas no partido pelo menos até as eleições de 2006, o que implica em conter o fortalecimento do mineiro Aécio Neves.
O projeto dos paulistas é ter Alckmin, José Serra, candidato derrotado do partido à Presidência neste ano, ou até mesmo o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso na disputa pela sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
Aécio, governador eleito de Minas Gerais no primeiro turno, é tido dentro do partido como um postulante natural à vaga de candidato tucano em 2006.
O grupo paulista, além de Alckmin e Serra, tem ainda o presidente nacional do PSDB, José Aníbal, e deputados federais considerados "históricos" como Arnaldo Madeira e Aloysio Nunes Ferreira. A interlocutores, Aníbal já declarou que gostaria de ter Alckmin como virtual candidato do PSDB em 2006. O governador paulista não comenta a possibilidade. Diz apenas que "não há terceiro turno" na eleição.
Mas seu grupo de apoio, liderado pelo ex-secretário João Carlos Meirelles, tem pronto um projeto para viabilizar o nome de Alckmin nacionalmente. Um dos pilares será fazer em São Paulo um governo "desenvolvimentista", que seria o carro-chefe de uma eventual campanha do tucano em 2006. Presidenciável ou não, Alckmin tentará unificar o discurso do PSDB em São Paulo.
"O governador se firma como um líder natural, capaz de aglutinar forças e revigorar o partido", disse o deputado federal reeleito Aloysio Nunes Ferreira, um dos parlamentares do grupo paulista que na última eleição esteve próximo de Serra.
Na última sexta-feira, Serra se reuniu com deputados estaduais paulistas na Assembléia. O senador pregou a união do PSDB e a importância de adotar uma linha propositiva na oposição ao governo Lula. Deputados que conversaram com Serra afirmaram que ele estaria disposto a concorrer à presidência do PSDB, em maio de 2003. No cargo, poderia estabelecer-se como a principal voz de oposição ao novo governo.
Outro obstáculo ao projeto dos paulistas, além de Aécio, é o senador eleito Tasso Jereissati (PSDB-CE), que declarou a intenção de disputar a presidência do partido e fez críticas ao que chamou de hegemonia paulista no tucanato. Em outubro, Tasso disse que as eleições presidenciais marcaram o fim da era dos "acadêmicos" no PSDB, característica identificada com a parcela paulista do partido.
Tasso tem bom relacionamento com Alckmin, mas se desgastou com o grupo paulista ao apoiar Ciro Gomes (PPS) no primeiro turno da eleição presidencial.
José Aníbal afirmou que ainda é cedo para falar sobre a sucessão no PSDB. Ressaltou apenas a importância de São Paulo para o partido. "É fundamental para nós fazermos um bom governo no Estado que pode ser considerado o berço do PSDB", disse ele.
O projeto dos paulistas passa também pela conquista da prefeitura em 2004. As discussões em torno do nome que disputará a sucessão de Marta Suplicy pelo partido já divide os tucanos.


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