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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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PT busca Sarney e ACM para obter maioria

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A opção do PT pela candidatura do peemedebista José Sarney à presidência do Senado é parte da negociação com mais dois caciques políticos, o pefelista baiano Antonio Carlos Magalhães e o tucano cearense Tasso Jereissati, para garantir maioria no Congresso a Luiz Inácio Lula da Silva.
Com Sarney, e os senadores eleitos ACM e Tasso, Lula terá uma interlocução acima das direções formais de PMDB, PFL e PSDB, os três grandes partidos que apoiaram o governo Fernando Henrique Cardoso.
Atualmente, os presidentes de PMDB, PSDB e PFL são, no mínimo, refratários ao PT. Daí Lula investir no racha dos partidos para minar as cúpulas formais.
De aliados, Sarney e ACM viraram adversários mortais de FHC. Os dois perderam poder no governo tucano. Para Lula, ambos são sinceros quando manifestam desejo de ajudá-lo, até porque é uma forma de lavagem biográfica.
Sarney e ACM, líderes do regime militar, foram historicamente atacados pelos petistas. Em 2002, entraram na canoa de Lula e, agora, têm a chance de voltar ao poder aliados a um partido de esquerda. Lula e o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, articulam diretamente com Sarney e ACM.
Tasso, que ficou contrariado com FHC por ter perdido a indicação presidencial do PSDB para José Serra, trava disputa com os serristas pelo comando partidário. Haverá eleição em maio para a presidência da sigla, hoje com o "serrista" José Aníbal (SP). Interessa a Lula fortalecer Tasso.
Se obtiver êxito na operação para eleger Sarney, o PT tentará colocar aliados peemedebistas em outras posições de destaque no Congresso e, numa convenção em setembro, trocar o atual comando partidário. Esse comando apoiou Serra na eleição.
Assim, Lula espera ter uma base parlamentar suficiente para aprovar emendas constitucionais, que precisam do apoio de três quintos de deputados e senadores em dois turnos de votação. As reformas previdenciária, trabalhista e tributária só podem ser feitas por emendas à Constituição.
(KENNEDY ALENCAR)


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