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Exército começa a chegar ao Pará, mas não tem prazo para deixar área
IURI DANTAS
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e o vice-presidente, José
Alencar, definiram que a ação do
Exército no Pará ocorrerá por
tempo indeterminado. O objetivo
é evitar que a presença militar seja
tratada como mais uma ação
emergencial a reboque de acontecimentos com repercussão negativa ao governo federal.
O presidente Lula conversou
ontem, por telefone, por cerca de
20 minutos com o vice-presidente, José Alencar, assim que desembarcou em Brasília após viagem ao Suriname. Alencar relatou
a Lula as últimas ações em torno
do envio do Exército ao Pará. Hoje, pela manhã, haverá uma reunião da cúpula do governo no Planalto para tratar do tema.
Ontem, em nota, o comando do
Exército disse que 2.000 homens
da Força terão o apoio de aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira). Todos estarão sob o comando
do general-de-brigada Jairo César
Nass, com sede de comando em
Altamira (PA).
"Inicialmente", segundo o comando da Força, serão utilizados
militares de Manaus (AM), Belém
(PA) e Marabá (PA). Além disso,
na seqüência da operação no interior paraense, poderão atuar homens do comando de Recife (PE),
da brigada de pára-quedistas do
Rio de Janeiro (RJ), do comando
de operações especiais de Goiânia
(GO) e do Comando de Avião do
Exército de Taubaté (SP).
Bases temporárias
Assim como ocorreu no Haiti,
onde o Brasil comanda uma operação de paz da ONU desde o ano
passado, o Exército irá criar bases
temporárias (com barracas de lona, por exemplo), como na cidade
de Anapu, onde a freira americana Dorothy Stang foi assassinada
no último sábado.
Ontem, um primeiro efetivo de
150 soldados fez o deslocamento
para a cidade de Parauapebas, na
região sul do Estado, onde o sindicalista Soares da Costa Filho foi
morto anteontem com três tiros.
Além disso, o governo federal
pretende aproveitar a presença de
tropas do Exército no Estado do
Pará para colocar em dia as fiscalizações de regularização fundiária, desmatamento e cumprimento de leis trabalhistas, além das
atividades que serão desenvolvidas pela Polícia Federal.
Alvos
Os alvos foram apresentados
aos militares ontem, em reunião
realizada durante quase todo o
dia de ontem em Belém, por representantes locais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e da DRT (Delegacia Regional
do Trabalho). As polícias estaduais listaram uma série de mandados de prisão ainda não cumpridos devido ao clima tenso no
centro-oeste e sul do Estado.
Diante da não-estipulação de
um prazo para o término das operações, a PF e as polícias do Pará
pretendem aproveitar ao máximo
isso. Há diversas tarefas cotidianas que não são realizadas devido
à tensão entre madeireiros e sem-terra. Segundo o superintendente
da PF no Estado, José Sales, faz
parte do costume do Pará as pessoas andarem armadas no interior.
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