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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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DANÇA OFICIAL

Lula arrisca "balé" com Bolshoi brasileiro

Ministro da Cultura faz "poesia" em evento Gil ensaia passos de balé a pedido de Lula, em Joinville

LEILA SUWWAN
ENVIADA ESPECIAL A JOINVILLE

Emocionado com o espetáculo dos alunos da escola do Teatro Bolshoi no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao palco escoltado por duas bailarinas de dez anos para discursar e acabou esboçando passos de balé diante de uma platéia de cerca de 4.500 pessoas anteontem à noite em Joinville (SC).
Em seu discurso, o presidente disse que o desempenho artístico das crianças -85% são bolsistas da rede pública- reforçou sua convicção de que o país é capaz de "fazer as coisas mais impossíveis do mundo acontecer".
No balé, Lula não falou de economia, política, violência, guerra ou reformas para não "enfeiar a noite inesquecível".
"Essas crianças, algumas muito pobres, de bairros periféricos, algumas que quando aqui chegaram não tinham nem a experiência de tomar banho, conseguiram nos dar este espetáculo", disse.
Chamado ao palco, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, improvisou uma poesia: comparou o balé a um "conjunto de metáforas silvestres do mundo dos insetos e pássaros". Gil se disse encantando com os passos hesitantes do balé infantil e chamou as crianças de "molecotas e molecotes".
"A coisa dos pés elevados me lembrava do xaxado nosso, lá dos pés, lá do Norte, do presidente, meu e de muitos outros. A coisa mestiça como ela é e o desejo de integração mostrada nos passos do par de dois, de três, de quatro e seis e de todos que aqui estão", recitou Gil, dançando balé e xaxado. A escola do Bolshoi, patrocinada pelos Correios, comemoravaseu terceiro aniversário.
Depois do espetáculoLula terminou a noite de sábado cansado, suado e irritado. No jantar de arrecadação de recursos para o Fome Zero, o presidente, assediado, não pôde degustar o prato principal, marreco recheado.
A R$ 100 a entrada -o jantar, segundo os organizadores, arrecadou R$ 80 mil-, muitos dos mil convidados aproveitaram para cumprimentar e fotografar o presidente, que manteve o sorriso apesar do cansaço, da fome e da falta de ar condicionado.
O presidente se retirou depois de 40 minutos e antes de entrar no carro, fumou um cigarro e repreendeu um chefe de segurança por não ter liberado sua saída e resguardado melhor a mesa em que estava.


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