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ORÇAMENTO
Recursos cairão 18% e não 39,56%, como previsto anteriormente
Governo reduz corte em publicidade
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco mais de um mês depois
de anunciar cortes de gastos que
deverão encolher os investimentos públicos de R$ 14,5 bilhões para R$ 3,9 bilhões em 2003, a equipe do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva discute preservar a maior
parte das despesas previstas com
a publicidade institucional
-aquela que cuida da imagem
do governo.
O Orçamento da União destina
R$ 111,9 milhões para esse tipo de
gasto, dinheiro suficiente para o
pagamento de Bolsa-Escola a
mais de 620 mil crianças durante
todo este ano.
O Orçamento da Presidência da
República, ao qual a Secretaria de
Comunicação está subordinado,
teve 39,56% de suas verbas bloqueadas. Mas a proposta em discussão no Planalto é limitar o corte da publicidade a menos da metade: 18%.
E, como o governo assumiu o
compromisso com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) de economizar o equivalente a 4,25% do
PIB, um corte menor na publicidade representará inevitavelmente um corte maior em outra área.
"O correto seria aplicar à verba
de publicidade o corte de 18%, segundo simulações que temos
aqui", informou Marcus Flora, secretário-adjunto de Comunicação. "A Presidência acabou tendo
cortes acima da média porque antes não tratava da publicidade",
argumenta.
Cortes maiores
O choro não é de todo justo. Outras áreas do governo amargam
um corte ainda maior em suas
verbas. O Ministério da Integração Nacional, de Ciro Gomes, teve
bloqueados 90,78% dos gastos
não obrigatórios, seguido pela
pasta do Esporte, de Agnelo Queiroz, que perdeu 88,34% das verbas previstas no Orçamento.
Olívio Dutra, titular do Ministério das Cidades, foi o mais atingido na área social do governo, com
um corte de 85,19% de seu orçamento, grande parte dele em projetos de saneamento básico.
Com a nomeação de Luiz Gushiken -amigo pessoal de Lula e
um de seus principais assessores- para a Secretaria de Comunicação e de Gestão Estratégica, a
pasta passou a controlar diretamente a verba de propaganda institucional, antes dispersa pela Esplanada dos Ministérios.
As demais pastas ainda lidam
com a chamada publicidade de
utilidade pública. São campanhas
como a de prevenção à Aids, que a
cantora Kelly Key estrelou durante o Carnaval.
A maior fatia da conta de publicidade da União, bancada com dinheiro das empresas estatais como Petrobras, Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal, não sofreu nenhum corte. Ela também
está sob a supervisão da secretaria
de Gushiken e deve consumir, em
2003, mais de R$ 600 milhões, segundo estimativa conservadora.
A conta inclui patrocínios.
Fome Zero
Passados os primeiros 75 dias
de mandato, não é só o orçamento da publicidade que segue indefinido: o governo Lula continua
por ora sem uma marca.
Mas é pouco provável que o governo petista adote a marca do
Fome Zero -principal programa
social do governo- para as demais ações, informou Marcus
Flora. O Fome Zero tem como logomarca um prato de comida
com garfo e faca e a bandeira do
Brasil no papel de toalha de mesa.
Sem campanha
A falta do que "mostrar" também estaria pesando na marcha
lenta da publicidade no começo
do governo. Nenhuma campanha
institucional foi desenvolvida até
o momento.
A campanha do Fome Zero, que
deveria começar a circular até o
início de março, foi adiada.
Com o slogan "O Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome", a campanha ainda não tem
data certa para entrar no ar.
Ela foi criada gratuitamente por
Duda Mendonça (o marqueteiro
que fez a campanha de Lula), produzida pela Abap (Associação
Brasileira das Agências de Publicidade) e será veiculada a custo
zero para o governo.
O atraso coincidiu com indefinições no programa e com a queda de popularidade do governo
Lula.
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