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ALIADOS
Governo é contra a indexação, que seria inflacionária
PMDB quer reposição
das perdas salariais
LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília
O PMDB decidiu defender a
reposição de
perdas salariais,
em índices equivalentes à inflação, começando
pelo salário mínimo que entrará em vigor a partir
de 1º de maio. A posição oficial do
partido contraria a intenção do governo federal de evitar o repasse da
inflação para os salários.
A decisão foi tomada ontem em
reunião da Executiva Nacional do
PMDB e anunciada pelo presidente do partido, senador Jader Barbalho (PA). "Não podemos entender
que, havendo inflação, os salários
não sejam reajustados", afirmou.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse ontem que o governo considera a discussão sobre
o reajuste do salário mínimo "prematura" e que, no momento adequado -mais próximo de 1º de
maio-, "a área econômica examinará a questão".
Quanto à discussão sobre a reposição de perdas salariais, defendida pelo PMDB, Amaral disse que
os partidos políticos são livres para
discutir qualquer assunto, mas que
para o governo o tema também é
prematuro. "No momento, nem
mesmo os sindicalistas defendem
essa medida, que representaria o
mesmo que dar um tiro no pé."
Com essa decisão, o PMDB entra
em confronto com o presidente
Fernando Henrique Cardoso e
com o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).O PMDB também defendeu a
manutenção da Justiça do Trabalho. "Somos contrários à extinção
da Justiça do Trabalho. É uma justiça especializada, um instrumento
do trabalhador. Somos a favor da
extinção da categoria dos juízes
classistas", disse Jader.
"Reposição salarial é um ato de
justiça. Quem achar que o PMDB
está errado que nos conteste com
números", afirmou.
A decisão do PMDB recebeu
apoio da oposição, mas foi criticada por líderes governistas. "Se o
PMDB mantiver essa decisão, podemos fazer uma aliança tática
aqui (Congresso)", disse o líder do
PT na Câmara, José Genoino (SP).
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), afirmou que o governo deverá aumentar o salário
mínimo. "Mas as expectativas não
são grandes", completou.
Segundo Aécio, o PSDB está disposto a discutir "eventuais" reposições salariais, desde que não signifiquem indexação salarial nem
comprometam a estabilidade da
moeda. "A indexação é o caminho
mais curto para a inflação. O PSDB
não está preocupado em jogar para
a platéia", disse.
CPMF
Um acordo entre governo e oposição vai permitir a votação em segundo turno na Câmara da emenda que recria a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) amanhã à tarde.
A Constituição estabelece o prazo de cinco sessões ordinárias entre os dois turnos de votação da
emenda. Pelo regimento interno, o
início da contagem do intervalo seria a partir de sexta-feira passada.
Sem o acordo, a votação da
emenda seria reiniciada apenas na
próxima semana, porque os líderes
governistas consideravam arriscado colocar a emenda em votação
na quinta-feira à noite, quando se
encerraria o prazo constitucional,
pois poucos parlamentares estariam em Brasília.
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