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CHOQUE DE PODERES
Celso de Mello diz que paralisação marcada para hoje é "gesto de desprezo pelos direitos dos cidadãos"
Presidente do STF critica greve de juízes
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Celso de Mello,
e o vice-presidente, Carlos Velloso,
condenaram ontem a iniciativa
dos juízes federais de fazer hoje
greve com reivindicação salarial.
Mello considerou a paralisação
um "fato da maior gravidade, especialmente em virtude das sérias
implicações jurídicas e sociais que
derivarão desse gesto de desprezo
inconsequente pelos direitos dos
cidadãos".
Para Mello, "o Poder Judiciário
não pode tornar-se refém de interesses corporativos nem reduzir-se à condição orgânica de uma
simples corporação de juízes".
A paralisação de hoje deve envolver a maior parte dos cerca de 750
juízes federais do país. Eles reivindicam a fixação do teto salarial do
funcionalismo em R$ 12.720, o que
provocaria aumento automático
do salário de magistrados.
O movimento é também uma
reação às críticas ao Poder Judiciário, feitas principalmente pelo presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
que defende a instalação de uma
CPI para investigar irregularidades cometidas por juízes.
Celso de Mello criticou particularmente a expectativa de obtenção de aumento salarial por meio
da instituição do teto de R$ 12.720.
"Os juízes não podem pretender
apenas para si aquilo que não tem
sido reconhecido em favor da generalidade dos trabalhadores privados e dos servidores públicos."
Carlos Velloso disse que "a greve
dos juízes somente teria como vítima a sociedade". Segundo ele, "é
inconcebível que o juiz venha a
atentar contra a sociedade."
Velloso afirmou que o STF já decidiu que qualquer categoria do
funcionalismo público está impedida de fazer greve enquanto não
houver lei específica que regulamente essa norma da Constituição
e considerou ainda mais grave a
iniciativa de paralisação por parte
de magistrados.
"Os juízes são agentes políticos,
vale dizer, agem tomando decisões
superiores em nome da soberania
estatal. Portanto não ocupam cargo comum." Ele disse que o juiz "é
a voz da lei e da Constituição" e
que, nessa condição, não pode em
hipótese alguma violá-las.
OAB
O presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), Reginaldo de Castro, divulgou nota criticando a paralisação, mas oferecendo apoio às manifestações convocadas pelos magistrados pela
imediata fixação do teto salarial
para garantir aumentos em cascata
no Judiciário.
"A OAB apóia a reivindicação da
magistratura por um teto salarial
do funcionalismo em R$ 12.720,
mas vê com muita preocupação a
possibilidade de uma paralisação
que só penalizaria os usuários da
Justiça", diz a nota.
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