TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio

O comandante do CML (Comando Militar do Leste), general José Luiz Lopes da Silva, indicou ontem o general Manuel Luiz Valdevez Castro, 57, para conduzir o IPM (Inquérito Policial Militar) que vai apurar as denúncias do ex-capitão Dalton de Melo Franco, publicadas no início da semana no "Jornal do Brasil".
Segundo Melo Franco, o Exército estaria por trás do atentado ao monumento aos trabalhadores de Volta Redonda (no Vale do Paraíba, a 129 km do Rio) e do assassinato do traficante carioca Antônio José Nicolau, o Toninho Turco, ambos em 1989.
O general Valdevez de Castro é comandante da 1ª Divisão do Exército, que responde pela organização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, desde maio do ano passado. Antes disso, ele havia comandado a Brigada Pára-Quedista do Rio e a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.
General do ""segundo escalão" do Exército, Valdevez Castro terá a missão de apurar em até 40 dias, prorrogáveis por mais 20, a veracidade de uma das mais graves acusações contra o Exército após o fim do regime militar, em 1985.
Entre as denúncias do ex-capitão Melo Franco, está a de que o Exército teria contado com a ajuda de bicheiros do Rio de Janeiro, que teriam fornecido explosivos para o Batalhão de Forças Especiais explodir o monumento construído em 1989 pelo arquiteto Oscar Niemeyer em homenagem aos três trabalhadores mortos durante a greve da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em Volta Redonda, no ano anterior.
Melo Franco, exonerado em 1996, afirma ainda que os bicheiros forneceram informações detalhadas sobre o tráfico no Rio para o Exército eliminar o principal traficante de drogas na época, conhecido como Toninho Turco.
Oficialmente, essa operação a que ele se refere foi comandada pela Polícia Federal.


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