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SENADO EM CRISE
Manifestantes levam latas de doce para entregar a senadores; carlistas e oposicionistas discutem na Câmara
Marmelada e bate-boca agitam Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Latas de marmelada, gravatas
com a inscrição "xô corrupção" e
bate-boca entre deputados. Esse
foi o quadro no Congresso no dia
em que o relator do Conselho de
Ética, Saturnino Braga (PSB-RJ),
pediu a cassação do mandato dos
senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto
Arruda (sem partido-DF), envolvidos no escândalo da violação do
painel eletrônico do Senado.
Pela manhã, integrantes do movimento em defesa da ética na política colocaram 81 latas de marmelada em frente ao Congresso. A
intenção dos manifestantes era
entregar uma lata do doce para
cada um dos 81 senadores, mas
eles foram impedidos de entrar.
"Esperamos que o processo de
cassação não seja transformado
em pizza com marmelada de sobremesa", afirmou o ex-deputado
Chico Vigilante (PT-DF), que era
um dos manifestantes.
A temperatura acabou esquentando na Câmara entre os deputados que seguem a orientação política de ACM, os carlistas, e deputados de oposição da Bahia. O deputado Waldir Pires (PT-BA) discursou protestando contra a invasão da Universidade Federal da
Bahia pela Polícia Militar para reprimir manifestação de estudantes a favor da cassação de ACM.
O discurso soou como alarme
para os carlistas. O deputado José
Rocha (PFL-BA) afirmou que Pires e o deputado Haroldo Lima
(PC do B-BA), outro crítico à ação
da PM baiana, não tinham "condições eleitorais" para falar contra
o grupo que venceu as eleições.
"Não aceitamos que vozes que
não têm legitimidade falem em
nome da Bahia. O senador Antonio Carlos é a moralidade da Bahia", disse Rocha. Os carlistas se
revezaram para defender ACM e
criticar a oposição. Em resposta,
deputados de oposição entraram
no plenário com gravatas com a
inscrição "xô corrupção".
Enquanto isso, os líderes do
PMDB, Geddel Vieira Lima (BA),
do PT, Walter Pinheiro (BA), e o
deputado Nelson Pellegrino seguiam para Salvador para acompanhar os desdobramentos da repressão policial aos estudantes.
Manifestação
Estudantes do Rio de Janeiro
saíram às ruas do centro, no final
da tarde de ontem, com faixas pedindo a cassação dos senadores
Jader Barbalho (PMDB), ACM e
Arruda. Pediam, também, a instalação da CPI da corrupção no
Congresso. A chuva fina que caía
não desanimou os cerca de 300 estudantes presentes à passeata.
Em discursos, líderes estudantis
pediam a cassação dos senadores
e criticavam a postura do governo
em relação à CPI e ao possível corte de energia. "Esse governo já está desmoralizado porque, além de
abafar a CPI, ainda vai colocar a
gente no escuro", discursou o estudante Bernard Brito, 24.
Com apitos, faixas e narizes de
palhaço, os estudantes seguiram
pela avenida Presidente Wilson
até a sede da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil). À frente,
caixões com os rostos de ACM,
Arruda e Barbalho.
As manifestações de apoio vieram em forma de papel lançado
das janelas dos prédios. A programadora visual Lúcia Tavares e
três colegas abandonaram o trabalho para se juntar aos estudantes. "Estou aderindo para mostrar
minha indignação com esses políticos. A população está se unindo
para mostrar sua opinião."
Na OAB, foi lido um manifesto
pela ética na política com 93 assinaturas de artistas, políticos, religiosos e líderes sindicais. "É
afrontoso aos princípios da representação popular e da moralidade
pública a permanência no Congresso de políticos que cometem
sucessivos assaltos ao dinheiro
público", diz o documento.
Colaborou a Sucursal do Rio
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