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PREVIDÊNCIA
Ministro diz para os servidores levarem reivindicações ao Congresso
"Não há acordo em relação à reforma", afirma Dirceu
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) disse ontem que não existe
acordo em relação à reforma da
Previdência. A afirmação foi feita
para uma parte dos representantes do funcionalismo que exigia a
retirada da reforma de tramitação
do Congresso e sua inclusão na
pauta da Mesa Nacional de Negociação Permanente. Os servidores
públicos fizeram as exigências como condição para não deflagrar
uma greve no dia 8 de julho.
"Evidentemente não temos
acordo em relação à reforma da
Previdência. O governo tem a posição clara de manter a PEC [Proposta de Emenda Constitucional]
40 e os servidores têm o espaço
democrático da Câmara e do Senado para apresentar suas propostas e reivindicações", afirmou.
Os servidores também pediram
uma audiência com Luiz Inácio
Lula da Silva. O Planalto informou que o presidente tem todo o
interesse em receber os servidores. A Mesa Nacional de Negociação Permanente, instalada ontem,
será composta por oito representantes do governo e mais 12 servidores. O objetivo é se reunir uma
vez por mês para tratar de temas
de interesse do funcionalismo.
Das 11 entidades que integram a
CNESF (Coordenação Nacional
das Entidades de Servidores Federais), 8 entregaram um ofício com
as reivindicações para os oito ministros presentes no evento.
Evidenciando a divisão no movimento em relação às propostas,
não assinaram o documento a Fasubra, CNTSS e Sindilegis, que representam trabalhadores das universidades, seguridade social e
Legislativo Federal, respectivamente, além da CUT (Central
Única dos Trabalhadores).
Das 11 entidades dos servidores,
apenas 2 são independentes, ou
seja, o restante é filiado à CUT.
Apesar da filiação, as divergências
surgiram nos protestos da semana passada, em Brasília.
"As principais questões de interesse dos trabalhadores do setor
público federal na atual conjuntura estão ausentes da pauta de discussão da mesa de negociação.
Tratam-se da reforma da Previdência e do reajuste salarial concedido pelo governo no percentual de 1%, absolutamente insuficiente para repor as perdas salariais da categoria", diz o ofício.
"Há um processo de diálogo,
não de negociação. Estamos
abrindo uma mesa que debate todos os pontos, menos um: a reforma da Previdência", disse Jorge
Moreira, da Fenasps (Federação
Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho,
Previdência e Assistência Social).
A CUT não concorda com a posição das entidades. "O Congresso Nacional da CUT deliberou
apresentar emendas à PEC, que já
foram até entregues ao presidente
da Câmara, João Paulo [PT-SP],
na semana passada", afirmou Denise Motta, integrante da Executiva Nacional da central sindical.
"A CUT sempre foi um pilar de
sustentação do movimento operário e está tendo um posicionamento ambíguo. Ela está sendo
identificada como governista. Já
estão falando de "CUT chapa
branca'", disse o diretor do Andes
(Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior), Antônio Luiz de Andrade.
De acordo com Guido Mantega
(Planejamento), a criação da mesa de negociação faz parte do processo de reestruturação do Estado, que, segundo ele, estaria sendo privatizado pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
"Nesse período, parte do Estado
foi desmontada e houve uma tentativa de desmobilizar o funcionalismo público federal. A terceirização foi introduzida no governo,
e vários segmentos do funcionalismo foram substituídos", disse.
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