São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/INVESTIGAÇÃO

Dois diretores assumem nova função uma semana após a saída devido à denúncia de corrupção

Indicados do PT demitidos voltam a cargos nos Correios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os diretores indicados pelo PT voltaram a ocupar funções importantes na cúpula dos Correios, menos de uma semana depois de toda a diretoria da estatal ter pedido demissão coletiva por causa das denúncias de corrupção.
Maurício Coelho Madureira, ex-diretor de Operações, e Eduardo Medeiros de Morais, ex-diretor de Tecnologia, foram nomeados consultores da diretoria e trabalham diretamente no gabinete da presidência da empresa. A nomeação foi feita na segunda-feira.
Com a nomeação de ambos, apenas o PMDB teve prejuízos com a repercussão do escândalo de corrupção que estourou neste ano e saiu perdendo quatro cargos importantes com as demissões. Em abril do ano passado, o partido emplacou cargos na estatal em troca de apoio ao governo para evitar uma CPI no caso Waldomiro Diniz.
Com o surgimento de denúncias de corrupção nos Correios, neste ano, houve um pedido de demissão coletiva que provocou a saída da empresa do presidente João Henrique de Almeida Sousa, ex-deputado e ex-ministro dos Transportes no final do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e dos diretores Ricardo Henrique Suner Caddah (Econômico-Financeiro), Carlos Eduardo Fioravanti da Costa (Comercial) e Robinson Koury Viana da Silva (Recursos Humanos), todos indicados pelo PMDB.
Em seu depoimento, terça-feira, no Conselho de Ética da Câmara, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) disse que a maior parte das denúncias de corrupção na estatal estariam ligadas à diretoria de Tecnologia, que era ocupada por Eduardo Medeiros de Morais.
Segundo Jefferson, ele seria indicação de Silvio Pereira, secretário-geral do PT. Ainda segundo o presidente do PTB, os problemas estariam no contrato dos Correios com a empresa Skymaster.
Quando a cúpula dos Correios pediu demissão coletiva, governo disse que aguardaria o fim da apuração de corrupção na estatal para poder nomear cargos segundo articulações políticas.
Dessa forma, o governo definiu os nomes técnicos para ocupar a presidência e a diretoria. Todos são funcionários de carreira da estatal, mas assessoravam diretamente os ex-diretores e o ex-presidente a quem substituíram.
Foram nomeados diretores Virgílio Brilhante Sirimarco (ex-consultor da presidência), Vanine Vasconcelos Magalhães (ex-assessor-executivo da diretoria de Tecnologia), Marcos Gomes da Silva (ex-assessor-executivo da diretoria de Administração), Everton Luiz Cabral Machado (ex-assessor-executivo do Comercial), José Otaviano Pereira (ex-chefe de Comunicação e Marketing, subordinado à presidência) e José Osvaldo Fontoura Carvalho Sobrinho (ex-consultor da presidência).
A presidência da empresa foi assumida interinamente por Janio Cezar Luiz Pohren, que ocupava o cargo de chefe-de-gabinete da presidência, como presidente interino da estatal. Pohren, 44, é economista e funcionário dos Correios há 22 anos.
A estatal é a maior empregadora do país, com aproximadamente 108 mil funcionários. Ano passado, a empresa teve um faturamento de R$ 7,6 bilhões e despesas de R$ 7,3 bilhões, que resultaram em um lucro de aproximadamente R$ 300 milhões. Para este ano, a estatal tem previstos investimentos de R$ 565 milhões.


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