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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI
Senador que preside a comissão admite que não será possível restringir investigação a denúncias de corrupção nos Correios
CPI terá de abordar "mensalão", diz Delcídio
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral
(PT-MS), reconheceu ontem que
é apenas uma questão de tempo
-duas a três semanas- até que
as investigações do esquema de
corrupção na estatal cheguem até
o suposto pagamento de "mensalão" pelo PT a deputados aliados,
com depoimento do denunciante,
o deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ).
Com pressa para chegar a essa
apuração, a oposição já manobra
para criar um acompanhamento
paralelo para a CPI e pressionar
pela convocação de personagens
das denúncias de corrupção que
façam o elo Correios-"mensalão".
O PFL pediu ao presidente do
Senado a criação de uma comissão externa para acompanhar as
diligências da Polícia Federal no
caso dos Correios e garantir atuação isenta. Já o PSDB se queixa do
comando "chapa-branca" da CPI
e quer uma assessoria técnica independente para garantir que a
oposição tenha acesso a documentos da investigação.
"Ele [Roberto Jefferson] vem
com certeza. É só uma questão de
tempo, duas ou três semanas",
disse Delcídio. Espera-se que,
nesse momento, o suposto esquema de corrupção nas estatais seja
apontado como financiador do
chamado "mensalão".
O relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), fez questão de
frisar que essa ligação precisa ficar
comprovada, ou ficaria fora da incumbência da CPI, formalmente
restrita a investigar fatos relacionados aos Correios.
Delcídio também rechaçou as
iniciativas da oposição. "Esta CPI
não vai precisar de "shadow cabinet" [espécie de ministério paralelo formado pela oposição em países parlamentaristas], de estruturas paralelas. Vamos trabalhar
juntos."
Depoimentos
Apesar do reconhecimento da
dificuldade de isolar por muito
tempo o caso "mensalão" na CPI
dos Correios, Delcídio e Serraglio
querem votar na próxima reunião, na terça, convocações apenas relacionadas à estatal. "Não
podemos aceitar certos requerimentos que não tenham relação
com os acontecimentos nos Correios", disse Delcídio.
O primeiro depoente, na próxima terça-feira, é Maurício Marinho, ex-chefe de departamento
dos Correios flagrado em vídeo
recebendo propina.
"Depois dele, não tem acordo
nenhum para convocações", disse
o líder do PFL, senador José Agripino (RN). "Temos que apressar
essa CPI", avaliou o líder tucano,
Arthur Virgílio (AM).
Até ontem, já haviam sido apresentados 101 requerimentos de
convocação ou informação. Uma
triagem preliminar mostra pelo
menos 48 pedido de depoimento
para serem votados -entre as
autoridades, o ministro demissionário da Casa Civil, José Dirceu;
entre os políticos, a cúpula petista:
José Genoino, Delúbio Soares e
Sílvio Pereira. A oposição ainda
requereu depoimento de Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa
Civil, flagrado pedindo propina a
um empresário do jogo do bicho.
Ontem, Delcídio e Serraglio
passaram o dia reunidos na liderança do PT -a sala da CPI não
está pronta. Entre as preocupações está o risco de destempero
nas sessões e margem apertada de
votação em favor dos governistas,
necessária para conter as convocações.
Para controlar os ânimos, haverá uma espécie de regimento da
CPI, para sistematizar as falas e
intervenções. Com isso, se evitaria
o "palco eleitoral" temido por governistas.
Até segunda-feira, Delcídio
quer negociar a pauta das sessões
com a oposição, citando a margem apertada de apenas dois votos que lhe deu a presidência da
CPI, derrotando o senador César
Borges (PFL-BA), da oposição.
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