São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2005

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Fonteles abre investigação para apurar as denúncias do petebista

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, abriu investigação interna do Ministério Público Federal para apurar as acusações feitas pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, contra outros políticos e pediu informações a pessoas mencionadas pelo deputado, dando o prazo de cinco dias para o envio da resposta.
A base do "procedimento investigatório" são as duas entrevistas de Jefferson à Folha, publicadas nos dias 6 e 12 deste mês, em que o deputado afirma ter havido o pagamento de mesada a deputados em troca de apoio político e diz que o PT transferiu dinheiro para o PTB nas eleições de 2004, sem que tenha havido registro do repasse nas contas desses partidos.
O procurador-geral anexou à investigação, de caráter administrativo, o pedido do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), de apuração especialmente do comportamento do tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Se achar que há indícios de crime, Fonteles poderá pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito. Deputados, senadores, ministros de Estado e o presidente da República têm foro privilegiado nesse tribunal.
Os desdobramentos dessa investigação dependerão de Antônio Fernando Barros e Silva de Souza, que sucederá Fonteles a partir do dia 30. Souza já foi indicado por Lula. A sua nomeação só depende de sabatina e aprovação de seu nome no Senado.
O pedido de informações a pessoas mencionadas por Jefferson é o primeiro passo da apuração. Fonteles não deu detalhes sobre os passos seguintes nem informou quem são as pessoas que receberam ofício com o pedido de explicações. Ele não esclareceu nem sequer se o pedido de explicações está restrito a deputados do PP e do PL que teriam recebido o suposto "mensalão" ou se atinge ministros do Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, José Genoíno, também citados por Jefferson.
Nas duas entrevistas, o petebista poupou o presidente da República. Na primeira, ele disse que o avisou do pagamento do suposto "mensalão" e que Lula mandou que parasse, sem entretanto ordenar investigação. Segundo Jefferson, várias pessoas presenciaram esse diálogo: o ministro da Casa Civil, José Dirceu, os ministros Aldo Rebelo (Coordenação Política) e Ciro Gomes (Integração Nacional) e o ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira.
Na segunda entrevista, ele disse que o dinheiro do "mensalão" vinha de estatais e de empresas do setor privado e que o PT transferiu R$ 4 milhões para o PTB nas eleições de 2004. Um acerto com a cúpula do PT seria para o repasse de R$ 20 milhões, mas o restante não chegou a ser liberado.


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