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Fonteles abre investigação para
apurar as denúncias do petebista
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, abriu investigação interna do Ministério Público Federal para apurar as acusações feitas pelo presidente do
PTB, Roberto Jefferson, contra
outros políticos e pediu informações a pessoas mencionadas pelo
deputado, dando o prazo de cinco
dias para o envio da resposta.
A base do "procedimento investigatório" são as duas entrevistas
de Jefferson à Folha, publicadas
nos dias 6 e 12 deste mês, em que o
deputado afirma ter havido o pagamento de mesada a deputados
em troca de apoio político e diz
que o PT transferiu dinheiro para
o PTB nas eleições de 2004, sem
que tenha havido registro do repasse nas contas desses partidos.
O procurador-geral anexou à
investigação, de caráter administrativo, o pedido do presidente do
PFL, senador Jorge Bornhausen
(SC), de apuração especialmente
do comportamento do tesoureiro
do PT, Delúbio Soares.
Se achar que há indícios de crime, Fonteles poderá pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito. Deputados, senadores, ministros de Estado e o
presidente da República têm foro
privilegiado nesse tribunal.
Os desdobramentos dessa investigação dependerão de Antônio Fernando Barros e Silva de
Souza, que sucederá Fonteles a
partir do dia 30. Souza já foi indicado por Lula. A sua nomeação só
depende de sabatina e aprovação
de seu nome no Senado.
O pedido de informações a pessoas mencionadas por Jefferson é
o primeiro passo da apuração.
Fonteles não deu detalhes sobre
os passos seguintes nem informou quem são as pessoas que receberam ofício com o pedido de
explicações. Ele não esclareceu
nem sequer se o pedido de explicações está restrito a deputados
do PP e do PL que teriam recebido
o suposto "mensalão" ou se atinge ministros do Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
presidente do PT, José Genoíno,
também citados por Jefferson.
Nas duas entrevistas, o petebista
poupou o presidente da República. Na primeira, ele disse que o
avisou do pagamento do suposto
"mensalão" e que Lula mandou
que parasse, sem entretanto ordenar investigação. Segundo Jefferson, várias pessoas presenciaram
esse diálogo: o ministro da Casa
Civil, José Dirceu, os ministros Aldo Rebelo (Coordenação Política)
e Ciro Gomes (Integração Nacional) e o ex-ministro das Comunicações Miro Teixeira.
Na segunda entrevista, ele disse
que o dinheiro do "mensalão" vinha de estatais e de empresas do
setor privado e que o PT transferiu R$ 4 milhões para o PTB nas
eleições de 2004. Um acerto com a
cúpula do PT seria para o repasse
de R$ 20 milhões, mas o restante
não chegou a ser liberado.
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