São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2005

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OUTRO LADO

Abin, Casa Civil e Unisys não se manifestam sobre a acusação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A direção geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não se manifestou oficialmente ontem sobre o depoimento do capitão aposentado da PM de Minas Gerais, José Fortuna Neves, que acusou o servidor do órgão, Edgar Lange, de ter sido orientado "pelo Gabinete Civil" a investigar contrato com a empresa de informática Unisys.
Extra-oficialmente, a Abin informou que a investigação em andamento a respeito de contratos mantidos pela Unisys com o governo federal envolve outros órgãos públicos, como a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e a Receita Federal. Segundo a Abin, não houve orientação da Casa Civil para iniciar tanto essa investigação quanto a de suposta corrupção nos Correios.
De acordo com a agência, as apurações foram deflagradas a partir de denúncias anônimas recebidas por e-mail e telefonemas.
Segundo a Abin, os Correios mantêm contrato com a Unisys e, por isso, as duas investigações se cruzaram. De acordo com a agência, Fortuna teria acusado o servidor da Abin com intuito de "desviar" o rumo das investigações sobre a gravação que deflagrou o escândalo dos Correios.
Os contatos que ocorreram entre o servidor Edgar Lange e o capitão Fortuna tinham como finalidade a investigação das denúncias contra os Correios, já que Fortuna dizia representar diversas empresas com interesses negociais na estatal.
A assessoria do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), órgão a qual a Abin é subordinada, disse ontem que não se manifestaria sobre o caso porque não teve acesso às declarações de Neves.
A empresa Unisys informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não se manifestaria sobre as declarações nem sobre os supostos problemas nos contratos apontados por Neves.
Dona de dois contratos milionários com a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) ganhos ainda na gestão Fernando Henrique Cardoso, a Unisys do Brasil mantém uma relação de conflito com a estatal desde o início do governo Lula.
No maior dos dois contratos, no valor de R$ 113 milhões, para projetos como a instalação de terminais de acesso público à internet, a Unisys não entregou os computadores dentro das especificações do edital de licitação, segundo nota dos Correios. Desde março de 2003, negocia-se a revisão do contrato. Neste ano, os Correios começaram a discutir a rescisão amigável do contrato.
O outro negócio entre a Unisys e a ECT é um contrato de R$ 65 milhões de compra de soluções para gestão empresarial da estatal. Esse contrato foi rescindido em maio. Há dez dias, a ECT comunicou à Unisys a decisão de aplicar multas de R$ 3,6 milhões.
A mesma empresa recebeu neste ano dos cofres públicos pouco mais de R$ 3 milhões, segundo registros do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos da União). A maior parte do dinheiro foi gasta com o aluguel de equipamentos de informática pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A Casa Civil não se manifestou até o fechamento desta edição.


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