|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
Abin, Casa Civil e Unisys não se manifestam sobre a acusação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A direção geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) não
se manifestou oficialmente ontem
sobre o depoimento do capitão
aposentado da PM de Minas Gerais, José Fortuna Neves, que acusou o servidor do órgão, Edgar
Lange, de ter sido orientado "pelo
Gabinete Civil" a investigar contrato com a empresa de informática Unisys.
Extra-oficialmente, a Abin informou que a investigação em andamento a respeito de contratos
mantidos pela Unisys com o governo federal envolve outros órgãos públicos, como a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e a Receita Federal. Segundo a Abin, não houve orientação da Casa Civil para iniciar tanto essa investigação quanto a de
suposta corrupção nos Correios.
De acordo com a agência, as
apurações foram deflagradas a
partir de denúncias anônimas recebidas por e-mail e telefonemas.
Segundo a Abin, os Correios
mantêm contrato com a Unisys e,
por isso, as duas investigações se
cruzaram. De acordo com a agência, Fortuna teria acusado o servidor da Abin com intuito de "desviar" o rumo das investigações sobre a gravação que deflagrou o escândalo dos Correios.
Os contatos que ocorreram entre o servidor Edgar Lange e o capitão Fortuna tinham como finalidade a investigação das denúncias contra os Correios, já que
Fortuna dizia representar diversas empresas com interesses negociais na estatal.
A assessoria do GSI (Gabinete
de Segurança Institucional), órgão a qual a Abin é subordinada,
disse ontem que não se manifestaria sobre o caso porque não teve
acesso às declarações de Neves.
A empresa Unisys informou,
por meio de sua assessoria de imprensa, que não se manifestaria
sobre as declarações nem sobre os
supostos problemas nos contratos apontados por Neves.
Dona de dois contratos milionários com a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos)
ganhos ainda na gestão Fernando
Henrique Cardoso, a Unisys do
Brasil mantém uma relação de
conflito com a estatal desde o início do governo Lula.
No maior dos dois contratos, no
valor de R$ 113 milhões, para projetos como a instalação de terminais de acesso público à internet, a
Unisys não entregou os computadores dentro das especificações
do edital de licitação, segundo nota dos Correios. Desde março de
2003, negocia-se a revisão do contrato. Neste ano, os Correios começaram a discutir a rescisão
amigável do contrato.
O outro negócio entre a Unisys e
a ECT é um contrato de R$ 65 milhões de compra de soluções para
gestão empresarial da estatal. Esse
contrato foi rescindido em maio.
Há dez dias, a ECT comunicou à
Unisys a decisão de aplicar multas
de R$ 3,6 milhões.
A mesma empresa recebeu neste ano dos cofres públicos pouco
mais de R$ 3 milhões, segundo registros do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos da
União). A maior parte do dinheiro foi gasta com o aluguel de equipamentos de informática pelo
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
A Casa Civil não se manifestou
até o fechamento desta edição.
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Investigação: Acusado envolve Casa Civil em depoimento Próximo Texto: Oposição: PSDB exibe presidenciáveis na TV; FHC faz discurso moderado Índice
|