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FRANGOGATE
Promotor
apura compra
de automóvel
por Maluf
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
Um automóvel Jaguar XJ que
custa R$ 120 mil é a nova arma do
Ministério Público Estadual para
tentar provar que o ex-prefeito
Paulo Maluf se beneficiou financeiramente da venda de frangos
feita por empresas de sua família
para a Prefeitura de São Paulo,
operação que ficou conhecida como Frangogate.
O Jaguar foi comprado em julho
de 97 pela empresa Obelisco Agropecuária, que pertence à mulher
de Maluf, Sylvia, e à filha do casal
Ligia. Essa empresa fornecia frangos para a A D'Oro, que pertence a
Fuad Lutfalla, irmão de Sylvia, que
revendia para a prefeitura.
Em depoimento no inquérito
policial que investiga o Frangogate, Maluf afirmou que o Jaguar é
usado por sua mulher, Sylvia.
Para o promotor que atua no
Frangogate, Carlos Eduardo Fonseca da Matta, o carro pode ser a
principal evidência de que Maluf
foi favorecido pela negociação
com frangos a preço supostamente superfaturado.
"Ele adquiriu um automóvel Jaguar depois de ter vendido frango.
Existe a suspeita que isso poderia
ser resultado de vantagem econômica que ele teria tido nessas licitações", disse ontem o promotor.
Ainda segundo Fonseca da Matta, o fato de que a Obelisco está em
nome de Sylvia e Ligia não exime
Maluf. "O ex-prefeito é casado em
comunhão universal de bens com
Sylvia", explicou o promotor.
Ontem de manhã, o promotor
Fonseca da Matta e o delegado
Hércules Crespi, que preside o inquérito do Frangogate, interrogaram o prefeito Celso Pitta por três
horas na sede da prefeitura.
Pitta foi ouvido sobre o papel
que teve na edição da portaria municipal 258/94, que permitiu a readequação de preços de contratos
da prefeitura. Essa portaria foi utilizada para autorizar o aumento
no preço do frango que era fornecido pela Sadia para prefeitura.
Como o preço subiu, a empresa
deixou de fornecer para a prefeitura, sendo substituída pela A D'Oro, que havia ficado em segundo
lugar na licitação realizada para
escolher o fornecedor.
Outro lado
O advogado de Pitta e Maluf, Jamil Mattar, disse ontem que o Jaguar não prova que houve favorecimento a Maluf. "Não há provas
de favorecimento. Ele (o promotor) não conseguiu provar e não
há provas. Há apenas comentários, indícios ou suposições", disse. "Não há um fato concreto a
desabonar Pitta e Maluf."
Sobre a portaria que teria favorecido as empresas da família Maluf, Mattar afirmou que ela é
"perfeitamente" legal. "Ela está
em vigor até hoje e serviu para evitar o colapso no fornecimento de
serviço e mão-de-obra."
O inquérito policial do Frangogate deverá ser enviado agora para
o Tribunal de Justiça e, posteriormente, para o procurador-geral de
Justiça, Luiz Antônio Marrey.
Marrey deverá decidir se oferece
denúncia, se solicita novas investigações ou, ainda, se pede o arquivamento do inquérito.
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