São Paulo, sexta, 17 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO
Governo consegue R$ 1,479 bi por distribuidora de energia da Cesp
Elektro é vendida a grupo dos EUA com ágio recorde

Rogério Assis/Folha Imagem
Diomedes Christodoulou, da Enron, ergue os braços ao vencer o leilão


CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local

A norte-americana Enron, uma das maiores empresas de gás natural e energia elétrica do mundo, ganhou ontem o leilão de privatização da distribuidora paulista Elektro, com ágio recorde de 98,9% e preço de R$ 1,479 bilhão.
A Elektro é a distribuidora de energia elétrica da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e tem 1,5 milhão de clientes no litoral, sul, e noroeste do Estado.
O preço mínimo de 63,99% das ações ordinárias colocadas à venda pelo Estado estava fixado em R$ 743,6 milhões. As ações ordinárias dão direito a voto e a propriedade da maioria delas define o controle da empresa.
A Elektro é a primeira distribuidora de energia elétrica a ser comprada pela Enron no Brasil. A companhia já tem negócios na área de gás no país.
O ágio de 98,9% foi o maior já pago na privatização do setor elétrico brasileiro. O recorde anterior era o da venda da Energipe, em dezembro de 97: 96,06%. O leilão foi realizado às 9h na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
A oferta da Enron superou em R$ 264 milhões a da EDP (Eletricidade de Portugal), que ofereceu R$ 1,215 bilhão. A CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) deu lance de R$ 963,3 milhões. Em seguida, vieram a norte-americana GPU (R$ 874,2 milhões) e a Escelsa (R$ 854,5 milhões).
O gerente da Enron para a América Latina, Diomedes Christodoulou, disse que a empresa fez um bom negócio. "Nós consideramos uma grande aquisição, que complementa nossa participação no setor de energia do Brasil."
O Estado de São Paulo, obviamente, festejou o ágio recorde. "O governo de São Paulo tem uma satisfação de quase 100%", brincou o governador em exercício, Geraldo Alckmin, em entrevista.
O secretário do Planejamento, André Franco Montoro Filho, negou que o ágio alto seja indício de que o preço mínimo estava baixo. Segundo ele, a avaliação se baseou em critério e metodologia adotados em todo o mundo.
Além dos R$ 1,479 bilhão ofertados ontem, a Enron terá de pagar R$ 41,3 milhões relativos ao deságio de 50% a que os empregados terão direito para comprar 10% de ações ordinárias da Elektro.
Otimismo
O resultado do leilão da Elektro surpreendeu positivamente os analistas do mercado financeiro, que esperavam um ágio entre 20% e 35% sobre o preço mínimo. Com os 98,9% obtidos, o otimismo se espalhou pelo mercado.
A Cesp teve valorização de 2,88% em suas ações ON (com direito a voto) e de 2,56% da PN (sem direito a voto). A Cesp vai abater o valor arrecadado de sua dívida. O índice com ações do setor elétrico subiu 4% ontem, contra alta de 2,43% do índice Bovespa, das ações mais negociadas.


Colaborou Cristiane Perini Lucchesi, da Reportagem Local



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