São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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Estabilidade ainda é prioridade

da Sucursal de Brasília

A versão que o governo quer ver disseminada é a de que a reforma ministerial lhe deu um perfil desenvolvimentista. Não deu.
Os fatos e o próprio discurso de FHC ao anunciar as mudanças provam que a estabilidade econômica ainda é a prioridade.
O deslocamento de Andrea Calabi do Banco do Brasil para o BNDES (no lugar de Pio Borges) deverá reforçar a impressão oficial de que, desta vez, FHC vai assumir seu lado Rodrigues Alves, realizador, e encostar o Campos Sales, estabilizador, do primeiro mandato (conforme a analogia usada por Celso Lafer).
Calabi é do grupo íntimo de José Serra, principal líder dos desenvolvimentistas no ministério (e, com a saída de Bresser Pereira, agora também o mais loquaz).
Mas, ainda que Calabi resolva trabalhar a todo vapor para dar agilidade ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), não fará milagres se não tiver recursos.
Além disso, há que checar se Calabi foi escolha do novo ministro do Desenvolvimento, Clóvis Carvalho, ou lhe foi imposto.
O primeiro sintoma de que Lafer não teria força foi quando se revelou que não poderia fazer o presidente do BNDES, o grande braço financeiro de sua pasta.
A reação pública do empresariado à nomeação de Carvalho está oscilando entre a indiferença e o otimismo esperançoso.
Entusiasmo, não há. Embora tenha trabalhado numa empresa paulista, a Villares, Carvalho não é visto pela maioria dos empresários como um de seus pares.
Alguns dizem que ele disporá de mais força política para tirar dinheiro de Pedro Malan. Ilusão.
Carvalho, por mais que o incensem, saiu diminuído da reforma. Perdeu a intimidade diária com a fonte máxima do poder.
Já Malan, por mais que sua criatura, Pedro Parente, se distancie do criador, agora terá mais ascendência sobre a Casa Civil.
(CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA)


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