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Estabilidade ainda é prioridade
da Sucursal de Brasília
A versão que o governo quer ver
disseminada é a de que a reforma
ministerial lhe deu um perfil desenvolvimentista. Não deu.
Os fatos e o próprio discurso de
FHC ao anunciar as mudanças
provam que a estabilidade econômica ainda é a prioridade.
O deslocamento de Andrea Calabi do Banco do Brasil para o
BNDES (no lugar de Pio Borges)
deverá reforçar a impressão oficial de que, desta vez, FHC vai assumir seu lado Rodrigues Alves,
realizador, e encostar o Campos
Sales, estabilizador, do primeiro
mandato (conforme a analogia
usada por Celso Lafer).
Calabi é do grupo íntimo de José Serra, principal líder dos desenvolvimentistas no ministério
(e, com a saída de Bresser Pereira,
agora também o mais loquaz).
Mas, ainda que Calabi resolva
trabalhar a todo vapor para dar
agilidade ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), não fará milagres se não tiver recursos.
Além disso, há que checar se
Calabi foi escolha do novo ministro do Desenvolvimento, Clóvis
Carvalho, ou lhe foi imposto.
O primeiro sintoma de que Lafer não teria força foi quando se
revelou que não poderia fazer o
presidente do BNDES, o grande
braço financeiro de sua pasta.
A reação pública do empresariado à nomeação de Carvalho está oscilando entre a indiferença e
o otimismo esperançoso.
Entusiasmo, não há. Embora tenha trabalhado numa empresa
paulista, a Villares, Carvalho não
é visto pela maioria dos empresários como um de seus pares.
Alguns dizem que ele disporá de
mais força política para tirar dinheiro de Pedro Malan. Ilusão.
Carvalho, por mais que o incensem, saiu diminuído da reforma.
Perdeu a intimidade diária com a
fonte máxima do poder.
Já Malan, por mais que sua criatura, Pedro Parente, se distancie
do criador, agora terá mais ascendência sobre a Casa Civil.
(CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA)
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