São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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MUDANÇA MINISTERIAL
Enfraquecido com reforma, líder do partido diz que não está ""nem um pouco incomodado"
Jader, do PMDB, diz que não ouvirá FHC

FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O presidente nacional do PMDB e líder do partido no Senado, o senador Jader Barbalho (PA), reagiu com sarcasmo à reforma ministerial realizada ontem à tarde.
E aproveitou para mandar um recado para o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso:
"Eu não me sinto nem um pouco incomodado. Até porque, para tomar as atitudes do PMDB, não me sinto na obrigação de ouvir o presidente".
Jader Barbalho não foi procurado por Fernando Henrique nos últimos dias. O senador falou à Folha de um telefone celular na cidade de Milão, na Itália. Preparava-se para assistir a uma ópera no teatro Scala.
A Folha perguntou se o senador poderia explicar a seguinte declaração que mandou divulgar ontem em Brasília:

Competência
"Foi muito honrosa para o PMDB a competência de seus três ministros, mas os que permanecerem e os que vierem a ser convidados são de única e exclusiva competência e responsabilidade do presidente Fernando Henrique Cardoso".
Sempre rindo de suas declarações, Jader Barbalho evitou criticar o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sobre a perda do posto que o partido tinha na liderança do governo no Senado (até agora ocupada pelo senador Fernando Bezerra), Barbalho disse: "É um problema do presidente".
Leia a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ontem à Folha pelo presidente nacional do PMDB:

Folha - Sua nota sobre a reforma ministerial é sucinta. O sr. poderia explicá-la?
Jader Barbalho -
(risos) Eu queria dizer apenas o que está na nota.

Folha - O sr. falou com o presidente Fernando Henrique nos últimos dias?
Barbalho -
Não, não falei.

Folha - Por quê? O sr. não o procurou nem foi procurado?
Barbalho -
Não fui procurado e também, face às minhas ocupações atuais, bastante interessantes, eu também me dispensei de procurá-lo.

Folha - Onde o sr. está e o que sr. está fazendo no momento?
Barbalho -
Estou em Milão (Itália). Neste momento são 19h30 aqui (no Brasil, 14h30).
Estou para entrar no Scala e assistir a uma ópera. Você pode verificar, portanto, que eu estou muito bem (risos).

Folha - O seu partido está sendo maltratado pelo presidente?
Barbalho -
Não diga uma coisa dessas. O presidente não tem desapreço pelo PMDB (risos).

Folha - O sr. está sendo sarcástico ou sincero?
Barbalho -
(risos) Estou sendo sincero. A minha nota é mais do que clara.

Folha - Foi correto o presidente convidar o senador Fernando Bezerra para ser ministro e só depois informar isso ao PMDB?
Barbalho -
A presidência do PMDB sou eu quem exerço. E eu estou fora do Brasil...

Folha - Mas a Folha o encontrou...
Barbalho -
É que o presidente achou que não havia necessidade disso.

Folha - O sr. acha isso correto?
Barbalho -
Eu não me sinto nem um pouco incomodado. Até porque, para tomar as atitudes do PMDB, não me sinto na obrigação de ouvir o presidente.

Folha - O presidente disse a membros do seu partido que sofreu pressões de setores do PSDB para demitir Renan Calheiros.
Barbalho -
Eu não sabia que o PSDB mandava no presidente.

Folha - O sr. acha que manda?
Barbalho -
Não sei. Você é quem está me dizendo.

Folha - O PMDB pretende indicar alguém para o posto de líder do governo no Senado, até agora exercido pelo senador Fernando Bezerra?
Barbalho -
Não, não, não. Não pretende. Esse é um cargo do presidente da República.

Folha - Circula a informação de que o novo líder deve ser o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). O sr. aprova?
Barbalho -
É um problema do presidente.


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