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MUDANÇA MINISTERIAL
Enfraquecido com reforma, líder do partido diz que não está ""nem um pouco incomodado"
Jader, do PMDB, diz que não ouvirá FHC
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O presidente nacional do
PMDB e líder do partido no Senado, o senador Jader Barbalho
(PA), reagiu com sarcasmo à reforma ministerial realizada ontem à tarde.
E aproveitou para mandar um
recado para o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso:
"Eu não me sinto nem um pouco incomodado. Até porque, para
tomar as atitudes do PMDB, não
me sinto na obrigação de ouvir o
presidente".
Jader Barbalho não foi procurado por Fernando Henrique nos
últimos dias. O senador falou à
Folha de um telefone celular na
cidade de Milão, na Itália. Preparava-se para assistir a uma ópera
no teatro Scala.
A Folha perguntou se o senador
poderia explicar a seguinte declaração que mandou divulgar ontem em Brasília:
Competência
"Foi muito honrosa para o
PMDB a competência de seus três
ministros, mas os que permanecerem e os que vierem a ser convidados são de única e exclusiva
competência e responsabilidade
do presidente Fernando Henrique Cardoso".
Sempre rindo de suas declarações, Jader Barbalho evitou criticar o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Sobre a perda do posto que o
partido tinha na liderança do governo no Senado (até agora ocupada pelo senador Fernando Bezerra), Barbalho disse: "É um problema do presidente".
Leia a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ontem à Folha pelo presidente nacional do PMDB:
Folha - Sua nota sobre a reforma ministerial é sucinta. O sr.
poderia explicá-la?
Jader Barbalho - (risos) Eu
queria dizer apenas o que está na
nota.
Folha - O sr. falou com o presidente Fernando Henrique nos
últimos dias?
Barbalho - Não, não falei.
Folha - Por quê? O sr. não o
procurou nem foi procurado?
Barbalho - Não fui procurado e
também, face às minhas ocupações atuais, bastante interessantes, eu também me dispensei de
procurá-lo.
Folha - Onde o sr. está e o que
sr. está fazendo no momento?
Barbalho - Estou em Milão (Itália). Neste momento são 19h30
aqui (no Brasil, 14h30).
Estou para entrar no Scala e assistir a uma ópera. Você pode verificar, portanto, que eu estou
muito bem (risos).
Folha - O seu partido está sendo maltratado pelo presidente?
Barbalho - Não diga uma coisa
dessas. O presidente não tem desapreço pelo PMDB (risos).
Folha - O sr. está sendo sarcástico ou sincero?
Barbalho - (risos) Estou sendo
sincero. A minha nota é mais do
que clara.
Folha - Foi correto o presidente convidar o senador Fernando
Bezerra para ser ministro e só
depois informar isso ao PMDB?
Barbalho - A presidência do
PMDB sou eu quem exerço. E eu
estou fora do Brasil...
Folha - Mas a Folha o encontrou...
Barbalho - É que o presidente
achou que não havia necessidade
disso.
Folha - O sr. acha isso correto?
Barbalho - Eu não me sinto
nem um pouco incomodado. Até
porque, para tomar as atitudes do
PMDB, não me sinto na obrigação de ouvir o presidente.
Folha - O presidente disse a
membros do seu partido que sofreu pressões de setores do
PSDB para demitir Renan Calheiros.
Barbalho - Eu não sabia que o
PSDB mandava no presidente.
Folha - O sr. acha que manda?
Barbalho - Não sei. Você é
quem está me dizendo.
Folha - O PMDB pretende indicar alguém para o posto de líder
do governo no Senado, até agora exercido pelo senador Fernando Bezerra?
Barbalho - Não, não, não. Não
pretende. Esse é um cargo do presidente da República.
Folha - Circula a informação
de que o novo líder deve ser o
senador José Roberto Arruda
(PSDB-DF). O sr. aprova?
Barbalho - É um problema do
presidente.
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