São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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Ciência e Tecnologia criou farsa

DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília

A negociação para a escolha do novo ministro da Ciência e Tecnologia acabou se revelando uma farsa. O ministro Ronaldo Sardenberg foi uma escolha pessoal do presidente Fernando Henrique Cardoso, depois de a bancada do PMDB de Goiás na Câmara ter passado 24 horas na ilusão de que iria assumir a pasta.
O ministro Bresser Pereira saiu, após seu cargo ter sido oferecido para abrigar o ministro Celso Lafer, que deixava o Ministério do Desenvolvimento, e posteriormente para composição política com os peemedebistas.
Na madrugada de quinta-feira, FHC recebeu parte da cúpula do PMDB e ofereceu três opções ao partido para compensar a extinção da Secretaria de Políticas Regionais, ocupada pelo goiano Ovídio de Ângelis (PMDB): a Ciência e Tecnologia, a Cultura e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano.
Participaram do encontro o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o assessor especial do Planalto Moreira Franco (PMDB-RJ).
Com a possibilidade de escolha, a bancada goiana optou pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Seria uma forma de dar visibilidade ao PMDB de Goiás, derrotado nas últimas eleições e envolvido em denúncias de desvio de recursos públicos -o que levou à prisão de Otoniel Machado, irmão do senador Iris Rezende e seu suplente no Senado.
O deputado Luiz Bittencourt foi o nome mais cotado, porque já havia exercido o cargo de secretário de Ciência e Tecnologia do Estado no governo anterior, de Maguito Vilela, hoje senador.
À cúpula do partido interessava, no entanto, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, órgão com mais dinheiro em caixa.
Ontem, com a pressão dos deputados goianos e a divulgação de prováveis ministros, a cúpula do partido teve de iniciar uma operação para tentar convencer os próprios partidários de que a opção era a secretaria.
Na tentativa de convencer os goianos da impossibilidade de assumir o ministério, o argumento final usado foi a suposta rejeição que a comunidade científica teria a qualquer nome fora do meio acadêmico que ocupasse a pasta.
Depois do anúncio do ministério, peemedebistas goianos consideravam que o Estado havia perdido espaço. O senador Iris Rezende, no entanto, manteve o seu afilhado político no governo. Ovídio de Ângelis mudou de secretaria, mesmo depois de ter sido considerado fora do governo pelo próprio partido e pelo presidente.
Sardenberg deve agora levar para o ministério quase todos projetos que tocava à frente do extinto Ministério de Projetos Especiais. Uma exceção será o projeto Calha Norte.


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