|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MUDANÇA MINISTERIAL
Novo secretário-geral afirma que é amigo de ACM e que não terá problemas no Planalto
Aloysio Nunes diz que não é "estrela"
da Sucursal de Brasília
O novo secretário-geral da Presidência da República, deputado
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), 54 anos, disse ontem que não
é "estrela" nem ciumento e prometeu conviver em paz com Pedro Parente (Casa Civil) e Pimenta da Veiga (Comunicações).
"Sou positivo, não sou estrela,
não sou ciumento. Além disso,
quem manda é o presidente Fernando Henrique Cardoso", declarou Nunes Ferreira à Folha, por
telefone, dizendo-se surpreso
com a indicação para o cargo.
Ele não prevê problemas de
convivência com o chefe da Casa
Civil, com quem vai dividir as tarefas de rotina no Planalto: "Nós
somos bichos de espécies diferentes. Ele foi criado na burocracia e
eu, na política. Além disso, não
disputamos eleições majoritárias
e o Parente é um funcionário público exemplar. Não tem por que
haver rivalidade".
Sobre Pimenta da Veiga: "Nós
temos estilos complementares.
Ele é mais ousado, e eu, mais atento à correlação de forças".
Ele disse que a reforma ministerial caracteriza "a reafirmação da
autoridade presidencial e a retomada da iniciativa política do governo".
Ele admitiu que o primeiro semestre "foi difícil": "O governo ficou na defensiva, com a mudança
cambial, turbulências e tempestades na área política, várias expondo diretamente o presidente Fernando Henrique Cardoso". A
partir de agora, disse que espera
tempos da paz, inclusive no Palácio do Planalto.
O novo secretário-geral da Presidência elogiou o presidente do
Senado, o pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA), uma das pessoas mais influentes no governo:
"Eu tenho muito respeito por ele,
que é um político importante para o país, fundamental no Congresso, principal líder do PFL e
presença forte na opinião pública.
E somos amigos", disse.
Aloysio Nunes Ferreira "jura
pela saúde das filhas" que só recebeu o convite de FHC por volta
das 14h30 de ontem, duas horas e
meia depois, portanto, do horário
previsto para o anúncio da reforma ministerial.
Desde a véspera, porém, já vinha recebendo ligações de políticos tucanos. Na quinta, ligou o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Ontem de manhã, o líder do PSDB na
Câmara, Aécio Neves (MG). Mas
foram "na base do pode ser".
O presidente ainda teria tentado
contatar Aloysio em São Paulo à
1h de ontem, mas não conseguiu
por um detalhe insólito: o deputado estava assistindo a um filme, e
simplesmente alega que não ouviu o telefone tocar.
Conforme a Folha apurou a indecisão de FHC se estendeu até
ontem porque ele estava entre os
nomes de Aloysio e de Madeira.
Acabou optando pelo primeiro
por dois motivos: achou o perfil
mais indicado e preferiu não descobrir a liderança na Câmara dos
Deputados, que vai bem.
Ontem à noite, depois de passarem pelo velório do ex-governador Franco Montoro, em São
Paulo, FHC, Aloysio, Pimenta e
Madeira iriam conversar sobre a
reforma e o futuro do governo.
"Preciso me inteirar do que eu
vou fazer no Planalto. Preciso de
instruções", admitiu o novo integrante do Planalto, falando, "assim por alto", que vai cuidar dos
projetos do governo no Congresso Nacional e da articulação política com os parlamentares.
Ontem mesmo, ele recebeu
uma ligação de Pedro Parente,
convidando-o para uma reunião
em Brasília, amanhã, da equipe
palaciana com uma empresa de
consultoria encarregada de fazer
um diagnóstico do Planalto e propor mudanças "para melhorar o
fluxo do serviço". Aloysio poderá
comparecer. Já tinha compromissos em São Paulo.
Ex-líder do governo Franco
Montoro na Assembléia Legislativa de São Paulo, vice-governador
na gestão Luiz Antônio Fleury Filho, candidato pelo PMDB derrotado na disputa pela prefeitura
paulistana em 92, Aloysio Nunes
Ferreira é advogado e está em seu
segundo mandato à Câmara dos
Deputados.
No primeiro, foi eleito pelo
PMDB. No atual, pelo PSDB. Ele
está convencido de que o PMDB
"se saiu muito bem na reforma".
E tentou justificar: "Eles têm o
Ministério dos Transportes e ganharam o Ministério da Integração Nacional, que é politicamente
muito forte, vai cuidar do desenvolvimento do ponto de vista regional".
(ELIANE CANTANHÊDE)
Texto Anterior: Mudança se concentrou no Planalto Próximo Texto: Secretário se destacou no quercismo Índice
|