São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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MUDANÇA MINISTERIAL
Novo secretário-geral afirma que é amigo de ACM e que não terá problemas no Planalto
Aloysio Nunes diz que não é "estrela"

da Sucursal de Brasília

O novo secretário-geral da Presidência da República, deputado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), 54 anos, disse ontem que não é "estrela" nem ciumento e prometeu conviver em paz com Pedro Parente (Casa Civil) e Pimenta da Veiga (Comunicações).
"Sou positivo, não sou estrela, não sou ciumento. Além disso, quem manda é o presidente Fernando Henrique Cardoso", declarou Nunes Ferreira à Folha, por telefone, dizendo-se surpreso com a indicação para o cargo.
Ele não prevê problemas de convivência com o chefe da Casa Civil, com quem vai dividir as tarefas de rotina no Planalto: "Nós somos bichos de espécies diferentes. Ele foi criado na burocracia e eu, na política. Além disso, não disputamos eleições majoritárias e o Parente é um funcionário público exemplar. Não tem por que haver rivalidade".
Sobre Pimenta da Veiga: "Nós temos estilos complementares. Ele é mais ousado, e eu, mais atento à correlação de forças".
Ele disse que a reforma ministerial caracteriza "a reafirmação da autoridade presidencial e a retomada da iniciativa política do governo".
Ele admitiu que o primeiro semestre "foi difícil": "O governo ficou na defensiva, com a mudança cambial, turbulências e tempestades na área política, várias expondo diretamente o presidente Fernando Henrique Cardoso". A partir de agora, disse que espera tempos da paz, inclusive no Palácio do Planalto.
O novo secretário-geral da Presidência elogiou o presidente do Senado, o pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA), uma das pessoas mais influentes no governo: "Eu tenho muito respeito por ele, que é um político importante para o país, fundamental no Congresso, principal líder do PFL e presença forte na opinião pública. E somos amigos", disse.
Aloysio Nunes Ferreira "jura pela saúde das filhas" que só recebeu o convite de FHC por volta das 14h30 de ontem, duas horas e meia depois, portanto, do horário previsto para o anúncio da reforma ministerial.
Desde a véspera, porém, já vinha recebendo ligações de políticos tucanos. Na quinta, ligou o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP). Ontem de manhã, o líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG). Mas foram "na base do pode ser".
O presidente ainda teria tentado contatar Aloysio em São Paulo à 1h de ontem, mas não conseguiu por um detalhe insólito: o deputado estava assistindo a um filme, e simplesmente alega que não ouviu o telefone tocar.
Conforme a Folha apurou a indecisão de FHC se estendeu até ontem porque ele estava entre os nomes de Aloysio e de Madeira. Acabou optando pelo primeiro por dois motivos: achou o perfil mais indicado e preferiu não descobrir a liderança na Câmara dos Deputados, que vai bem.
Ontem à noite, depois de passarem pelo velório do ex-governador Franco Montoro, em São Paulo, FHC, Aloysio, Pimenta e Madeira iriam conversar sobre a reforma e o futuro do governo.
"Preciso me inteirar do que eu vou fazer no Planalto. Preciso de instruções", admitiu o novo integrante do Planalto, falando, "assim por alto", que vai cuidar dos projetos do governo no Congresso Nacional e da articulação política com os parlamentares.
Ontem mesmo, ele recebeu uma ligação de Pedro Parente, convidando-o para uma reunião em Brasília, amanhã, da equipe palaciana com uma empresa de consultoria encarregada de fazer um diagnóstico do Planalto e propor mudanças "para melhorar o fluxo do serviço". Aloysio poderá comparecer. Já tinha compromissos em São Paulo.
Ex-líder do governo Franco Montoro na Assembléia Legislativa de São Paulo, vice-governador na gestão Luiz Antônio Fleury Filho, candidato pelo PMDB derrotado na disputa pela prefeitura paulistana em 92, Aloysio Nunes Ferreira é advogado e está em seu segundo mandato à Câmara dos Deputados.
No primeiro, foi eleito pelo PMDB. No atual, pelo PSDB. Ele está convencido de que o PMDB "se saiu muito bem na reforma".
E tentou justificar: "Eles têm o Ministério dos Transportes e ganharam o Ministério da Integração Nacional, que é politicamente muito forte, vai cuidar do desenvolvimento do ponto de vista regional".
(ELIANE CANTANHÊDE)


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