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Leia os principais trechos do pronunciamento de FHC
Como eu havia pré-anunciado, eu resolvi fazer algumas modificações no governo, nos ministérios e
quero ler a lista daqueles que hoje foram convidados
por mim para o exercício das funções que assinalarei.
Depois, farei algumas considerações que me parecem necessárias para que o país tome conhecimento
das razões pelas quais tenho tomado certas determinações no governo.
O novo ministro da Justiça será o dr. José Carlos
Dias. O Ministério de Agricultura e Abastecimento
será exercido pelo dr. Pratini de Morais. O Ministério
de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, pelo dr.
Clóvis Carvalho. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, pelo dr. Martus Tavares. O Ministério de Ciência e Tecnologia, pelo embaixador Ronaldo Sardenberg. O Ministério da Integração Nacional, que é novo, pelo senador Fernando Bezerra.
Chefiará a Casa Civil o dr. Pedro Parente.
Eu criei a Secretaria Geral da Presidência, cujo ministro-chefe será o deputado Aloysio Nunes Ferreira.
E eu transferi o secretário Ovídio de Ângelis para a
Secretaria Especial de Políticas Urbanas. Também
tomei a decisão de extinguir o cargo de ministro Extraordinário de Projetos Especiais, assim como as Secretarias de Estado de Relações Institucionais, Administração e Patrimônio, Planejamento e Avaliação e
Desenvolvimento Urbano.
Fica bastante claro, em primeiro lugar, que as determinações que agora passam a ser cumpridas, no
sentido da mudança do ministério, obedeceu única e
exclusivamente a meu propósito de reorganizar o governo para que o governo possa se empenhar num
rumo claro, que é um rumo de retomada de desenvolvimento com estabilidade e com responsabilidade fiscal.
E fica também claro, que nessas decisões que tomei eu só tive em mente aumentar a capacidade efetiva do governo de corresponder aos interesses do país
e aos anseios da população. Não deixei, obviamente,
de tomar em consideração que um governo democrático e democraticamente eleito pelo povo, mas
através dos canais partidários, precisa de ter apoio do
Congresso, mas o governo não é o reflexo imediato
das forças partidárias.
O governo tem que ser um instrumento de execução de um programa que foi aprovado pela população e da vontade presidencial. Portanto, todos os ministros que aqui estão, os que ficam e o que entram,
são ministros que foram escolhidos por mim, sou
por eles responsável e eles devem lealdade única e exclusivamente ao país e a mim. Não existe outra preocupação nessa reformulação do que a preocupação
de aprimorar. Os que me conhecem sabem que ouço
com atenção e quanto possível o clamor das ruas,
mas tomo as decisões e assumo as responsabilidades.
E é o que faço nesse momento.
Sem desconsiderar quem quer que seja e sem que,
ao tomar essas decisões que estou tomando, haja
qualquer implicação outra que não o sentimento,
que é meu, de que é preciso alguma transformação
para adaptar à circunstâncias novas de ordem econômica, de ordem gerencial, de ordem política e nisso
não vai, portanto, qualquer reparo àqueles que momentaneamente não vão permanecer no governo,
mas que certamente porque são leais servidores do
Brasil encontrarão espaço para o seu aproveitamento
pelo país. E eu ficaria feliz se em algum momento fosse possível que esse espaço fosse no meu próprio governo. Ninguém de valor deve ser, num país como o
nosso, carente de mais energia, posto simplesmente à
margem. Mas nenhuma consideração de ordem pessoal, de amizade ou de consideração partidária travou a minha decisão.
A decisão foi tomada tendo em vista, como já disse, o que me parecia necessário para o governo ganhar maior efetividade, maior velocidade.
E, como eu disse, não existe possibilidade de um
desenvolvimento correto no Brasil sem estabilidade.
Sem estabilidade o crescimento não dura. E quando
o crescimento se dá sem estabilidade, sem controle
da inflação, sem uma política fiscal responsável, apenas os ricos se beneficiam do crescimento.
Nós já vimos etapas de crescimento em nosso
país, que foram portentosos quanto aos índices, mas
que corroeram salários pela inflação.
No meu governo não haverá condescendência, facilidade, tentativa de popularidade, populismo fácil
que possa prejudicar no momento ou no futuro aquilo que é o objetivo central de um crescimento duradouro e que beneficia a maioria, os mais pobres. Não
haverá, portanto, crescimento sem estabilidade, mas
também estabilidade se não tiver desenvolvimento
não cria raízes. Não cria na população a crença na estabilidade como um valor e, portanto, o governo há
de se empenhar também para a criação das condições de desenvolvimento e economia e do desenvolvimento social, desenvolvimento da sociedade. Repito, que sem responsabilidade fiscal não haveria crescimento sustentado. Sem crescimento responsável
não há desenvolvimento que beneficie a maioria e
sem desenvolvimento não existe estabilidade que valha como um valor.
Portanto, para que nós alcancemos isso nós vamos precisar de continuar no caminho de aumentar
a produtividade e de levar adiante as mudanças estruturais, que é o caminho para criar emprego e melhorar a renda em todo o país.
Nós já começamos a perceber os primeiros sinais
positivos no que diz respeito a uma retomada de atividade econômica que permita oferecer mais empregos. É cedo para cantar vitórias, mas não é cedo para
manter as esperanças à condição de que nós trabalhemos com afinco na direção já assinalada. E é natural também que nós ao criar emprego, ao nos preocuparmos com a renda, nos preocupemos com a redução das disparidades regionais e com as disparidades
sociais.É preciso, portanto, que o país se integre consigo mesmo para que ele possa enfrentar os desafios
da globalização.
Isso não se vai fazer só com o governo. Sem um
processo contínuo de mobilização da sociedade, sem
que exista um projeto compartilhado, discutido e assumido pela sociedade, que leve à transformação,
que leve ao desenvolvimento, nós não obteremos esses resultados. Nós precisamos disso e de um governo que esteja voltado para o interesse concreto do
povo, dos cidadãos. E um governo que tenha a consciência de que as grandes mudanças só tem sentido
se efetivamente melhorarem o cotidiano das pessoas
ao longo do tempo e, portanto, que se sintonizem
com a sociedade.
Isso requer um governo unido e coeso, apoiado
incondicionalmente pelos partidos que compõem a
base do governo. E não um governo partido em facções. Preciso de um governo composto por pessoas
que estejam efetivamente ocupadas com os problemas a resolver e essa tem sido a minha orientação e o
esforço do governo desde que fui eleito em 94 e que,
portanto, esse governo se empenhe, efetivamente,
como nós estamos fazendo com afinco, na resolução
das questões que interessam ao povo e que não se
perca numa infinidade de briga, de futrica e de disputa por espaço, que não correspondem ao que o país
espera de um governo democrático e comprometido
com o povo.
Nós temos um programa, apoiado pela população
nas eleições. E nós temos agora um plano de desenvolvimento de mais longo prazo, que obedece até este momento as siglas, que nem sempre são fáceis de
guardar como o PPA -que é um Plano Plurianual.
Esse plano vai constituir o modo pelo qual o país possa ver de forma clara e transparente quais são as
questões relevantes para nós e não é um plano de desenvolvimento no sentido apenas de infra-estrutura,
de estradas, de energia e de portos. É um plano que
inclui também e principalmente a transformação das
pessoas. Um plano que se preocupa com a educação,
que se preocupa com a saúde, um plano, enfim, que
tem a capacidade de propor um modelo de sociedade. Daqui por diante, o governo, na sua inteireza estará naturalmente respeitando as diferenças de cada
setor do governo, estará se esforçando para que esse
plano ganhe não apenas consistência burocrática,
mas para que ele ganhe o apoio da população, para
que a população sinta que há um projeto nacional em
marcha. Porque há um projeto nacional em marcha.
E foi pensando nisso, pensando nesse compromisso
que eu estou introduzindo algumas modificações.
Uma delas diz respeito ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Por quê?
Porque a partir do quadro que emoldurei de crescimento com estabilidade, de responsabilidade fiscal,
de uma posição muito clara expressa pelo ministro
da Fazenda e pelo Banco Central existe inequivocamente a necessidade de uma reestruturação produtiva, de fazer com que os nossos setores produtivos
agreguem mais valor, que nós progressivamente passemos a ser uma economia que possa não só servir a
nossa população com melhor qualidade, mas que
por ter essa qualidade possa exportar mais e não apenas produtos primários, mas produtos com valor
agregado. E isso requer um aumento de competitividade e requer naturalmente que se faça um entrosamento maior entre as agências fundamentais para
que se consiga obter esses resultados.
Vai caber ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao mesmo tempo, a secretaria e o controle da Camex. Nós vamos unificar.
O exportador brasileiro não vai precisar se perguntar
a que porta bater para ter seus processos encaminhados. Será nitidamente nesse ministério e isso não diminui para nada porque seria ineficaz a importância
permanente do Ministério das Relações Exteriores,
que é o nosso grande agente nas negociações internacionais, na constituição dos nossos tratados comerciais, mas inequivocamente haverá um local, que é
esse ministério, que é o ministério do qual essa questão estará concentrada e esse ministério dispõe do
BNDES, que é o instrumento básico para essa reestruturação produtiva, que tem que andar mais depressa. Me refiro, não apenas -se bem que sejam
muito importantes- a setores como a siderurgia,
como a petroquímica, como papel e celulose, como a
indústria têxtil, como a indústria de calçados, mas
também à pequena e média empresa sem cujo impulso será muito difícil aquilo que disse há pouco que
é um desenvolvimento sustentado e baseado na oferta crescente de empregos possa efetivamente existir.
Para que não haja também uma confusão de atividades, alguns setores que tradicionalmente estiveram nesse ministério vão passar para o Ministério da
Agricultura. Tudo aquilo que diz respeito a café, açúcar e álcool passa a ser gerido pelo Ministério da
Agricultura, e o do Desenvolvimento se constitui efetivamente numa alavanca para a reestruturação produtiva para o apoio decidido à exportação, para que
as pequenas e médias empresas se integrem mais apta e amplamente a esse processo produtivo e também
para que o processo de privatização que tem como
eixo o BNDES possa ter uma eficácia maior.
Já que me referi à Agricultura, quero dizer também que o empenho no ministério, e o nome do novo titular é bastante significativo disso, estará no aumento das exportações. Empenhado vigorosamente
junto com o Itamaraty, junto com o Desenvolvimento, empenhado decisivamente nas negociações que
de agora por diante vão definir o rumo do Brasil no
próximo século. A Rosa do Milênio do ano 2000, as
negociações com a Alca, as negociações com a União
Européia, tudo isso dependerá muito de uma atitude
muito ativa no setor da agricultura. Não preciso me
referir à pequena unidade de produção e reforma
agrária porque já existem ministérios específicos e já
foi criada uma secretaria especial no Ministério da
Agricultura para o Pronaf para a questão das unidades familiares de produção. E se mostra também por
que Clóvis Carvalho está deslocado para esse ministério, porque é um ministério que vai requerer uma
integração muito grande com o Plano Plurianual de
Desenvolvimento e com a equipe econômica.
E já que me referi à equipe econômica a assunção
à Casa Civil do ministro Pedro Parente indica o firme
propósito que nós temos a área econômica muito integrada, muito unida e muito organizada ao redor
das linhas que o Ministério da Fazenda definiu e que
o Ministério do Desenvolvimento vai colocar em
marcha e que o Ministério de Orçamento e Gestão,
através do PPA, será o instrumento de articulação
disso. Trata-se de uma equipe homogênea, de uma
equipe que tem comando, de uma equipe que tem
propósitos claros e que vai permitir que haja uma
gestão mais equilibrada, tranquila, e com os instrumentos necessários já mencionados especialmente
com a integração crescente das áreas de financiamento do BNDES e do Banco do Brasil ao esforço
que vai ser desenvolvido no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Não poderia deixar de fazer uma menção muito
especial ainda a duas inovações: uma, é o Ministério
de Integração Nacional, que não se trata simplesmente de inchar uma secretaria existente. Trata-se de
enfrentar um desafio, semelhante ao desafio que o
Brasil enfrentou há muitos anos, há décadas, quando
prestou atenção para a questão do Nordeste e criou a
Sudene. Naquela época havia um governo se abrindo
para o desenvolvimento industrial, havia o desenvolvimento de forças produtivas importantes no Centro-Sul do Brasil e havia um pensamento de Celso
Furtado a respeito da necessidade do desenvolvimento regional. Todas as instituições disponíveis hoje para lidarem com o desenvolvimento regional são
instituições que dizem respeito àquela época, formadas sob aquela inspiração, num momento em que
não havia ainda a integração do mercado brasileiro.
O momento hoje é outro. O mercado brasileiro está integrado, precisa se integrar mais e é um mercado
que se integra ao Mercosul, à América do Sul e que
entra na globalização. As instituições regionais têm
que ser repensadas e nós temos que criar efetivas
agências de desenvolvimento regional. É preciso colocar em discussão com muita propriedade, sem
clientelismo, sem preocupação de partido, sem preocupação mesquinha se a região tal ou qual do Sul ganhou ou perdeu, mas com a forte convicção de que as
regiões como o Nordeste, como a Amazônica e como
a região Centro-Oeste precisa de uma tenção especial
para que o desenvolvimento seja equilibrado e para
que não haja concentração de renda no Brasil.
E é preciso que o Brasil inteiro veja o que já está
acontecendo em algumas dessas regiões. O Nordeste
cresce a uma taxa maior do que a do Brasil há algum
tempo. A Amazônia se integra, através de transporte,
de energia, da criação de novos pólos. E o Centro-Oeste é verdadeiramente hoje mais do que uma promessa senão que uma realização efetiva com a Ferronorte que avança já por Mato Grosso partindo de São
Paulo. Com o rio Madeira ligando com o rio Amazonas, com a ocupação de terras para a produção de algodão em Mato Grosso, de soja no centro do Brasil,
em Tocantins, em Goiás, é um novo Brasil, que precisa ser pensado na sua integração ao Brasil.
É claro que o ministro Bezerra, que vai ser responsável por essa pasta não vai apenas incorporar a Secretaria de Desenvolvimento Regional, mas ele vai
assumir a gestão e o controle dos fundos constitucionais do FNO, do FNE, do FCO, na forma dos planos
regionais de desenvolvimento, que estão definidos
na Constituição, e tem que olhar o Finor e o Finar.
Existe aí uma massa de recursos que hoje é pulverizada e essa massa de recursos precisa ser repensada
e nós precisamos ter a criatividade que houve quando se criou a Sudene para repensar esses órgãos de tal
maneira que da fusão deles, se for o caso ou da coordenação entre eles que é mais apropriadamente o
que se necessita do ponto de partida resulte efetivamente num processo de integração nacional. Não se
trata, portanto, de um ministério para acomodar interesses políticos. Trata-se de um ministério porque
há muito tempo eu assim penso, está escrito nos
meus programas, foi feita discussão sobre essa matéria, existe necessidade deles e têm que ser visto como
ministério básico ao lado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior como um
ministério básico no modo de repensar o Brasil.
As áreas sociais estão sob os cuidados dos ministros já reconhecidos -todas têm rumos. Educação,
Saúde, Reforma Agrária, Previdência, Assistência Social, em todas elas há rumos, em todas elas há programas, em todas elas há marcha. A velocidade dessa
marcha vai depender da disponibilidade de recursos.
A disponibilidade de recursos depende das reformas,
do controle fiscal e do crescimento econômico. Não
há mudanças estruturais a serem feitas nessas áreas.
Por fim, para chamar a atenção da questão das
modificações que estou introduzindo, a Casa Civil
continuará com um papel de coordenação da parte
jurídicas e dos processos que aqui aportam para serem enviados ao Congresso Nacional e terá um papel
importante, sobretudo, no que diz respeito ao PPA e
à coordenação das áreas administrativas aí necessárias. Obviamente, a Casa Civil teve e continuará tendo um papel coordenador importante em articulação com o Ministério do Orçamento e Gestão. De alguma forma aí há uma unidade entre a área econômica, as coordenações setoriais e a Casa Civil.
Mas eu decidi que ao lado do ministro Pimenta da
Veiga que tem me ajudado na coordenação política e
assim continuará se continua no Ministério das Comunicações, que haverá aqui na Presidência da República com funções institucionais como ministro
que vai também me ajudar nessa coordenação. Coordenação do governo, coordenação institucional com
os governadores, com os Estados, em perfeita harmonia com as lideranças do Congresso e, sobretudo,
comigo e com o ministro Pimenta da Veiga.
Daqui por diante, a articulação tanto como mencionei nas áreas relativas à questão produtiva, como
nas áreas relativas ao social, como nas áreas relativas
à integração espacial será complementada por uma
ação mais permanente do próprio presidente da República na supervisão dessas áreas. E para que isso
possa ocorrer, a articulação política do governo tem
que estar assentada de uma maneira sólida nos moldes que eu mencionei e com o propósito que eu mencionei de que o governo é um governo da República,
eleito pelo povo, de partido, mas não de facções, de
partidos que servem de sustentação a um programa
de governo e, portanto, uma articulação política que
não pode ser vista em termos menores, de simplesmente a atendimentos a estes ou àqueles, mas de permanente preocupação com o desenvolvimento do
conjunto da sociedade e com o desenvolvimento daquilo que nós queremos que seja os objetivos do nosso governo.
Eu gostaria também de dizer que nós vamos fazer
uma mudança efetiva de gestão em todos os ministérios, tanto o chefe da Casa Civil quanto o ministro encarregado do Orçamento e Gestão já têm as determinações nesse sentido. Nós vamos reduzir 10% pelo
menos das funções gratificadas em comparação com
o que havia em 98, de tal maneira que os cargos em
comissão terão de ser restritos. Nós estamos pedindo
a cada ministro que reveja a estrutura dos seus ministérios. Nós vamos cortar duplicações. Nós vamos enxugar, como já comecei a enxugar, pelo que aqui disse, o conjunto da máquina governamental para que
nós tenhamos um governo mais hígido e mais capaz
de avançar nos propósitos essenciais do país. Estas
reduções vão ser propostas pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em cooperação, naturalmente, com os ministros, mas elas serão levadas
adiante com firmeza.
Quero também lhes dizer que o governo vai se
empenhar a fundo e para isso essa articulação política é essencial dentro do governo entre aqueles que
participam do governo, do governo com os seus líderes e dos líderes com a base partidária porque nós
precisamos aprovar a lei de responsabilidade fiscal,
nós precisamos aprovar a reforma tributária, nós
precisamos dar continuidade à reforma da Previdência e nós não podemos descurar das reformas das leis
trabalhistas. Há outras reformas importantes: a partidária, a do Judiciário. Eu disse reiteradamente que
são reformas de cunho eminentemente político ou
então que afetam outros poderes e que nessas reformas a ação do Executivo há de ser de apoio, mas não
há de ser necessariamente de liderança.
No que diz respeito à lei de responsabilidade fiscal, que está sob a guarda do ministro Martus Tavares, que foi um dos autores dessa lei e que será o responsável no governo para que ela avance.
No que diz respeito à reforma tributária que está
com o ministro Malan e dr. Everardo, e no que diz
respeito à reforma da Previdência, que está sob a responsabilidade do ministro Ornélas, e a trabalhista,
do ministro Dornelles, a ação do governo vai ser uma
ação focalizada, contínua, e nós precisamos dessas
reformas para que nós possamos, realmente, criar as
condições que estão a nosso alcance -a nosso alcance- de uma continuidade no desenvolvimento econômico de uma maneira sustentada.
Um governo que conseguiu com esse povo, povo
extraordinário vencer as turbulências pelas quais
passamos e que num período muito rápido de tempo
conseguiu se repor para seguir a caminhada do crescimento econômico, da estabilidade da moeda, um
governo dessa natureza não tem desculpa se não for
capaz dele próprio se reorganizar para acelerar o que
é necessário acelerar para um país que tem pressa e
para um povo e não apenas o presidente, que está impaciente, que quer claramente ver que exista uma relação de lealdade, quer ver uma equipe unida, sem
divergências, sem ineficiências no atendimento à sociedade, com coesão em torno dos planos de governo
e, naturalmente, os incomodados podem sempre se
retirar, mas definido como estou definindo que vai
ser, é assim, será assim e que tenha empenho junto
ao Congresso Nacional para que nós possamos avançar na direção das reformas que já mencionei e das
demais medidas legislativas que são necessárias para
que o Brasil realmente entre numa senda de maior
tranquilidade e de maior progresso.
É, portanto, com muita energia, mas também com
muita esperança, com muita firmeza e convicção que
estou procedendo a essas modificações. Enganam-se
os que pensam que nesses três dias hesitei. Enganam-se os que pensam que o presidente da República estaria com considerações de tal ou qual sorte para
acomodar. O presidente só teve um pensamento:
tentar não errar para corresponder aos anseios do
país. Assumir a responsabilidade e não fazê-la de forma leviana e fazê-la em modo tal que sempre, em cada um dos atos fosse possível ao manter os apoios
políticos fazer com que ele viesse a beneficiar efetivamente as transformações de que o Brasil necessita.
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