São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
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NO AR
A convocação

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

FHC estava todo estranho, os olhos pequenos, a retórica desencontrada. Não repetia a lógica ferrenha de antes.
Até as palavras de afirmação eram desnorteadas:
- Todos os ministros que aqui estão, os que ficam e os que entram, são ministros que foram escolhidos por mim, sou por eles responsável, devem lealdade exclusivamente ao país e a mim.
Mas o presidente deixou sua impressão, mais nos nomes, anunciados no que lembrou convocação de futebol, do que na representação.
Encheu de amigos leais seu governo -e os comentaristas da Globo/Globo News tiveram que se esforçar para dizer que "o PFL saiu ganhando".
Mas no fim foi a avaliação que ficou. Avaliação de edição automática, primeiro na Globo e depois no resto.

Em reação institucional, diante de um presidente que carecia de apoio, a TV entrou ao vivo, à tarde.
Globo, SBT, Record, Cultura, Band, Rede TV!, Rede Vida, TVE, Globo News. Só ficou de fora a CNT, paranaense.
Mas FHC e seu discurso tão longo e confuso estragaram o espetáculo.
Não demorou, e a Record voltou à programação normal. Mais alguns minutos, e lá se foi também o SBT.
Nem a Globo aguentou. Quando FHC passou a falar em cortes de gastos, em tom de campanha, ela saiu.
As três grandes de audiência não aguentaram. As demais foram até o fim, mas elas não tinham muito o que colocar no lugar do presidente.

O velório de Franco Montoro não foi alvo dos espetáculos de TV que envolveram, no ano passado, Sérgio Motta e Luís Eduardo Magalhães.
Aqui e ali, algumas entradas ao vivo, sobretudo na Band, mas foi só.
E ele fez mais, fez história. Mas a TV é assim.

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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