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NO AR
A convocação
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
FHC estava todo estranho,
os olhos pequenos, a retórica
desencontrada. Não repetia a
lógica ferrenha de antes.
Até as palavras de afirmação
eram desnorteadas:
- Todos os ministros que
aqui estão, os que ficam e os
que entram, são ministros que
foram escolhidos por mim, sou
por eles responsável, devem
lealdade exclusivamente ao
país e a mim.
Mas o presidente deixou sua
impressão, mais nos nomes,
anunciados no que lembrou
convocação de futebol, do que
na representação.
Encheu de amigos leais seu
governo -e os comentaristas
da Globo/Globo News tiveram
que se esforçar para dizer que
"o PFL saiu ganhando".
Mas no fim foi a avaliação
que ficou. Avaliação de edição
automática, primeiro na Globo
e depois no resto.
Em reação institucional,
diante de um presidente que
carecia de apoio, a TV entrou
ao vivo, à tarde.
Globo, SBT, Record, Cultura,
Band, Rede TV!, Rede Vida,
TVE, Globo News. Só ficou de
fora a CNT, paranaense.
Mas FHC e seu discurso tão
longo e confuso estragaram o
espetáculo.
Não demorou, e a Record
voltou à programação normal.
Mais alguns minutos, e lá se foi
também o SBT.
Nem a Globo aguentou.
Quando FHC passou a falar
em cortes de gastos, em tom de
campanha, ela saiu.
As três grandes de audiência
não aguentaram. As demais
foram até o fim, mas elas não
tinham muito o que colocar no
lugar do presidente.
O velório de Franco Montoro
não foi alvo dos espetáculos de
TV que envolveram, no ano
passado, Sérgio Motta e Luís
Eduardo Magalhães.
Aqui e ali, algumas entradas
ao vivo, sobretudo na Band,
mas foi só.
E ele fez mais, fez história.
Mas a TV é assim.
E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br
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