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MEMÓRIA
Para presidente, ex-governador tinha "entusiasmo juvenil", e sua morte é uma "perda muito grande"
Montoro morreu "lutando", diz FHC
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso se emocionou ao dedicar os últimos minutos do pronunciamento de anúncio do novo
ministério para falar do amigo
André Franco Montoro.
"Uma morte é sempre sofrida. E
é bonito morrer lutando pelo que
se acredita. E assim morreu Montoro. E eu me emociono...", disse.
O presidente disse que passou
"horas e horas de reflexão" na
montagem do ministério, mas
passou "nestas últimas horas e
nessa madrugada horas e horas
de saudade". "A perda do Montoro é muito grande", afirmou.
FHC lembrou que foi com o ex-governador e ex-deputado que ele
se lançou na vida política. Disse
que viu oportunidades em que
Montoro poderia ter tido proveitos pessoais, se quisesse e "tivesse
forçado situações", o que não fez.
"Foi uma pessoa capaz de inspirar confiança, de criar equipe, de
não perder nunca o rumo nem a
compostura, que foi capaz de
manter-se sempre na dignidade
do cargo, que foi capaz sempre de
ser um democrata, de tomar as
decisões necessárias, que soube
apoiar quando necessário mesmo
aqueles que não eram da preferência dele e que nunca deixou de
acreditar", disse FHC.
FHC disse que falou com Montoro às 21h de quarta-feira, momentos antes de ele ter o infarto,
para felicitá-lo pelo aniversário de
anteontem. Sentiu nele "entusiasmo juvenil".
"Ele me disse que estava embarcando para o México e que ia para
discutir a volatilidade dos capitais
e que eu seria autor citado. Ele falou com entusiasmo juvenil e com
uma crença imensa naquilo que
acreditava que seria bom para o
Brasil. E foi assim que sofreu o infarto e faleceu. (...) É bonito morrer lutando pelo que se acredita. E
assim morreu Montoro", concluiu o presidente.
FHC viajou às 18h a São Paulo,
para acompanhar o velório do ex-governador. Sua presença no enterro hoje não esta confirmada.
A Executiva Nacional do PSDB
divulgou nota oficial afirmando
que "morreu o tucano mais imortal de todos".
Outros depoimentos
"É uma figura a ser lembrada,
uma figura sobre a qual a gente
deveria reservar uma parte grande da saudade da gente. Ele deixa
um vazio, do ponto de vista de
personalidade, de maneira de ser,
de conduta, que vai ser difícil de
ser preenchido por outra pessoa",
disse o governador Mário Covas.
O cardeal emérito de São Paulo,
dom Paulo Evaristo Arns, lembrou sua convivência com Montoro durante o regime militar.
"Homens como Franco Montoro só aparecem de tempos em
tempos, nas grandes horas. O
Brasil não pode esquecer esse homem. Na ditadura, era um companheiro inseparável", afirmou.
"Ele se destacou por sua luta pelos direitos humanos e deveria
servir como modelo para a juventude brasileira", afirmou dom
Cláudio Hummes, cardeal-arcebispo de São Paulo.
"Acompanhei Montoro como
seu aluno, como colega de magistério na PUC-SP, mas sobretudo
como amigo. Em todas as suas
circunstâncias, ele sempre confirmou seus dotes de cidadão e de
estadista preocupado com o bem
geral", afirmou o advogado Walter Ceneviva, colunista da Folha.
Colaborou a Reportagem Local
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