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INTELIGÊNCIA MILITAR
TCU nunca rejeitou contas secretas nem discutiu gastos
Serviço de informação custa R$ 31,3 mi ao governo FHC
MARTA SALOMON
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os serviços de informação consumiram R$ 31,3 milhões do primeiro dia de mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso até ontem. Esse valor não inclui
o pagamento de salário dos agentes nem gastos com viagens ou
despesas rotineiras dos órgãos de
inteligência.
Os gastos são contabilizados
sob a classificação de serviços de
caráter secreto ou reservado e
submetidos a uma prestação de
contas toda especial, igualmente
reservada, no Tribunal de Contas
da União. O TCU nunca rejeitou
as contas secretas nem sequer discutiu a eficiência dos serviços.
Para se ter uma idéia do custo
dos serviços de informação, segue
uma comparação: no ano passado, foram gastos nas atividades de
espionagem R$ 5,3 milhões, pouco mais do que os três Poderes
consumiram em festividades e
homenagens (R$ 5,1 milhões), e
muito mais do que o governo federal gastou para erradicar a febre
aftosa (R$ 3,2 milhões) num ano
em que focos da doença no Sul do
país afetaram até a balança comercial.
Os números estão registrados
no Siafi, o sistema informatizado
de acompanhamento de gastos
federais. Foram levantados pelo
gabinete do deputado Agnelo
Queiroz (PC do B-DF).
Numa análise dos gastos secretos durante o governo FHC, nota-se que eles não foram vítimas do
ajuste fiscal. As verbas secretas foram mais generosas em 1998, ano
da reeleição do presidente, quando o país já vivia sob o impacto do
pacote fiscal editado depois da
crise asiática. O pacote determinou corte nos gastos públicos.
A contabilidade do governo registrada no Siafi mostra que os
serviços de informação estão concentrados na Agência Brasileira
de Inteligência, a Abin, subordinada à Presidência da República,
nos comandos militares e na Polícia Federal.
Gastos secretos registrados em
outras unidades, como o Ministério da Fazenda, devem-se, em sua
maioria, a um equívoco. O código
da verba secreta é ligeiramente diferente do número usado para
despesas da administração pública com água e esgoto.
A prestação de contas da PF não
segue a mesma regra dos militares. Algumas ordens de pagamento mencionam até o nome de operações e de informantes. Na Abin
e nos comandos do Exército, Marinha e Aeronáutica não há nenhuma indicação do destino do
dinheiro disponível no Siafi.
Nos governos militares, todos
os ministérios civis e militares
mantinham unidades de informação. Manteve-se dessa época a
tradição das despesas de natureza
sigilosa, sobre as quais se tem
pouco controle. Atualmente, elas
representam uma fatia relativamente pequena do orçamento da
Abin, menos de 5% dos R$ 56 milhões gastos neste ano.
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