São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008/SÃO PAULO

TV impulsiona, mas não garante vitória

Análise das últimas cinco eleições mostra que candidato com maior tempo de horário eleitoral sobe nas pesquisas na reta final

Em terceiro lugar, empatado com Maluf, Kassab, dono do maior tempo na capital, aposta na propaganda para melhorar seu desempenho

RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo que tiveram o maior tempo de televisão e rádio nas últimas cinco eleições, entre 1988 e 2004, sempre subiram nas pesquisas na reta final das eleições, mas isso não foi garantia de vitória.
Apenas em 1996, com Celso Pitta (PPB), e em 2004, com José Serra (PSDB), o "campeão" de rádio e TV acabou sendo eleito. Nas outras três disputas, ou ele ficou em terceiro (1988 e 1992) ou ficou em quarto (2000).
Na eleição deste ano, o horário eleitoral gratuito para os candidatos a prefeito começa na quarta-feira e é a grande esperança de Gilberto Kassab (DEM), que por enquanto está estacionado na terceira posição, com 11% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha (23 e 24 de julho), e 8%, segundo o Ibope.
O prefeito terá o maior tempo de TV e rádio da disputa (39% da fatia destinada aos quatro principais candidatos). Em seguida, vem a ex-prefeita Marta Suplicy (30% do tempo de TV), do PT, que lidera as pesquisas, com 36% das intenções de voto (41% pelo Ibope).
Geraldo Alckmin (PSDB), segundo no Datafolha e no Ibope (32% e 26%, respectivamente), é o terceiro no ranking do tempo de TV, com 20% do total. Paulo Maluf (PP) -empatado com Kassab nas pesquisas- é o quarto no tempo de TV (11%).
Para alterar a atual polarização entre Marta e Alckmin, Kassab terá que tentar repetir os fenômenos observados nas eleições de Luiz Erundina (na época, no PT), em 1988, ou de Pitta, em 1996.
Na eleição da primeira mulher para a Prefeitura de São Paulo, a então petista Luiza Erundina arrancou dos 10% de intenção de voto que registrava cerca de um mês antes das eleições para chegar ao dia da votação com 25%. Abertas as urnas, registrou 36,8% dos votos válidos, superando o até então favorito, Paulo Maluf (PPB), por mais de seis pontos percentuais. Erundina tinha apenas o quarto maior tempo de TV.
No caso de Pitta, sua ascensão foi a mais acentuada entre todos os candidatos nas cinco últimas eleições. Escolhido pelo então prefeito, Paulo Maluf, como o nome para sucedê-lo, e detendo o maior tempo de TV e rádio, Pitta subiu 23 pontos percentuais nos últimos três meses de campanha.
"Embora importante em qualquer campanha, não é o fundamental ter o maior tempo na TV. É preciso avaliar o conteúdo dos programas, estratégia do marketing político e os outros eventos de campanha realizados pelos vitoriosos. Outra variável é o porte do partido político e sua importância na disputa local, além de variáveis relacionadas ao perfil do candidato", analisa a cientista política Maria do Socorro Braga, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
O professor Carlos Ranulfo Melo, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), acrescenta: "Eu diria que o tempo de TV é importante, mas não decisivo. É verdade, como vocês destacam, que os detentores de mais tempo sempre subiram na pesquisa, mas só em duas venceram". Ele destaca também o fato de que "tempo de TV, definitivamente, não é bom para Maluf".
Hoje com 8% das intenções de voto e a maior rejeição (56%), Maluf sempre caiu nas pesquisas, na reta final, nas quatro eleições para prefeito que disputou -mesmo na que ganhou, em 1992. Ele nunca teve o maior tempo de TV. Sua maior queda se deu na eleição de 2004, quando saiu de 24% das intenções de voto para 10% na última pesquisa.


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