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ELEIÇÕES 2008/SÃO PAULO
TV impulsiona, mas não garante vitória
Análise das últimas cinco eleições mostra que candidato com maior tempo de horário eleitoral sobe nas pesquisas na reta final
Em terceiro lugar, empatado com Maluf, Kassab, dono do maior tempo na capital, aposta na propaganda para melhorar seu desempenho
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Os candidatos à Prefeitura de
São Paulo que tiveram o maior
tempo de televisão e rádio nas
últimas cinco eleições, entre
1988 e 2004, sempre subiram
nas pesquisas na reta final das
eleições, mas isso não foi garantia de vitória.
Apenas em 1996, com Celso
Pitta (PPB), e em 2004, com
José Serra (PSDB), o "campeão" de rádio e TV acabou
sendo eleito. Nas outras três
disputas, ou ele ficou em terceiro (1988 e 1992) ou ficou em
quarto (2000).
Na eleição deste ano, o horário eleitoral gratuito para os
candidatos a prefeito começa
na quarta-feira e é a grande esperança de Gilberto Kassab
(DEM), que por enquanto está
estacionado na terceira posição, com 11% das intenções de
voto, segundo a última pesquisa Datafolha (23 e 24 de julho),
e 8%, segundo o Ibope.
O prefeito terá o maior tempo de TV e rádio da disputa
(39% da fatia destinada aos
quatro principais candidatos).
Em seguida, vem a ex-prefeita
Marta Suplicy (30% do tempo
de TV), do PT, que lidera as pesquisas, com 36% das intenções
de voto (41% pelo Ibope).
Geraldo Alckmin (PSDB), segundo no Datafolha e no Ibope
(32% e 26%, respectivamente),
é o terceiro no ranking do tempo de TV, com 20% do total.
Paulo Maluf (PP) -empatado
com Kassab nas pesquisas- é o
quarto no tempo de TV (11%).
Para alterar a atual polarização entre Marta e Alckmin,
Kassab terá que tentar repetir
os fenômenos observados nas
eleições de Luiz Erundina (na
época, no PT), em 1988, ou de
Pitta, em 1996.
Na eleição da primeira mulher para a Prefeitura de São
Paulo, a então petista Luiza
Erundina arrancou dos 10% de
intenção de voto que registrava
cerca de um mês antes das eleições para chegar ao dia da votação com 25%. Abertas as urnas,
registrou 36,8% dos votos válidos, superando o até então favorito, Paulo Maluf (PPB), por
mais de seis pontos percentuais. Erundina tinha apenas o
quarto maior tempo de TV.
No caso de Pitta, sua ascensão foi a mais acentuada entre
todos os candidatos nas cinco
últimas eleições. Escolhido pelo então prefeito, Paulo Maluf,
como o nome para sucedê-lo, e
detendo o maior tempo de TV e
rádio, Pitta subiu 23 pontos
percentuais nos últimos três
meses de campanha.
"Embora importante em
qualquer campanha, não é o
fundamental ter o maior tempo
na TV. É preciso avaliar o conteúdo dos programas, estratégia do marketing político e os
outros eventos de campanha
realizados pelos vitoriosos. Outra variável é o porte do partido
político e sua importância na
disputa local, além de variáveis
relacionadas ao perfil do candidato", analisa a cientista política Maria do Socorro Braga, da
UFSCar (Universidade Federal
de São Carlos).
O professor Carlos Ranulfo
Melo, da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais),
acrescenta: "Eu diria que o
tempo de TV é importante, mas
não decisivo. É verdade, como
vocês destacam, que os detentores de mais tempo sempre
subiram na pesquisa, mas só
em duas venceram". Ele destaca também o fato de que "tempo de TV, definitivamente, não
é bom para Maluf".
Hoje com 8% das intenções
de voto e a maior rejeição
(56%), Maluf sempre caiu nas
pesquisas, na reta final, nas
quatro eleições para prefeito
que disputou -mesmo na que
ganhou, em 1992. Ele nunca teve o maior tempo de TV. Sua
maior queda se deu na eleição
de 2004, quando saiu de 24%
das intenções de voto para 10%
na última pesquisa.
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