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Eleições 2008 / São Paulo
PT quer Lula em SP para tentar vitória já no primeiro turno
Tucanos e democratas avaliam que manter a rivalidade dos dois partidos na campanha só anteciparia vitória de Marta
O tucano José Serra teme
ser responsabilizado pela
eleição da petista e deve
tentar já a aproximação
entre Alckmin e Kassab
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob ameaça de derrota para a
petista Marta Suplicy já no primeiro turno, seus adversários
apostam suas fichas, mais do
que nunca, na propaganda eleitoral, que estréia nesta semana.
Para conter o crescimento de
Marta na corrida pela Prefeitura de São Paulo, DEM e PSDB
deverão redesenhar pontos estratégicos de campanha.
Pesquisa Ibope divulgada na
sexta-feira mostrou Marta liderando, isolada, a disputa com
41% das intenções. O tucano
Gerado Alckmin, que tinha 31%
em julho, caiu para 26%. O prefeito Gilberto Kassab (DEM)
continua estacionado, dividindo o terceiro lugar com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP).
Motivada pelo resultado,
Marta vai investir na entrada
de vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha
para tentar liquidar a fatura no
primeiro turno, desejo já externado por líderes do partido.
Lula seria o antídoto contra o
alto índice de rejeição da petista -34%, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Um
entrave, porém, está no fato de
Lula ter perdido para Alckmin
em São Paulo nos dois turnos
da eleição de 2006.
Oficialmente, os coordenadores de campanha da ex-prefeita trabalham com a disputa
em dois turnos, devido ao histórico das eleições na cidade.
Chegar na frente -e de preferência com folga- é visto como
meta mais realista. Eles afirmam que Marta tem "gordura"
para queimar, já que Lula ainda
não entrou na sua campanha.
"Vamos trabalhar para ter o
máximo de votos no primeiro
turno, mas é muito difícil uma
vitória assim. São Paulo é uma
cidade grande, mas não homogênea", disse ontem Carlos Zarattini, coordenador da campanha petista. Marta, durante caminhada no Brás (centro), se
esquivou de falar em vitória no
primeiro turno.
O PT conta com uma forte estrutura eleitoral na cidade. Há
uma semana, 700 cabos eleitorais a serviço do partido estão
visitando residências para tentar convencer eleitores.
Os petistas atribuem o recente crescimento de Marta à consolidação dos votos que ela tem
na periferia. Com Lula, dizem
eles, será possível chegar aos
eleitores das regiões mais centrais. Não é à toa que a ex-prefeita dirige seu discurso ao que
chama de "nova classe média".
Demo-tucanos
O crescimento de Marta
acendeu a luz amarela nas campanhas de Alckmin e Kassab.
Aliados históricos em São Paulo, os dois partidos já temem
que a divisão neste ano favoreça o PT no primeiro turno.
Reservadamente, os tucanos
avaliam que, se a petista abriu
essa vantagem sem recorrer à
imagem de Lula, a diferença
poderá aumentar ainda mais.
Lula atingiu popularidade recorde em março, segundo o Datafolha, com 55% se aprovação.
"É surpreendente. Agora, vamos ver com clareza qual é o
peso da rádio e televisão numa
campanha. Tenho minhas dúvidas de que seja tão relevante.
Marta tem um padrinho notável: Luiz Inácio Lula da Silva.
Eu queria esse padrinho", disse
o ex-governador Cláudio Lembo (DEM), que foi vice de Alckmin de 2003 a 2006.
A ameaça de derrota em primeiro turno precipitará a participação do próprio governador
de São Paulo, José Serra
(PSDB), na campanha de Alckmin, caso o tucano e Kassab
não esbocem reação nos primeiros dias de programa. Serra
teme ser responsabilizado pela
eleição da petista. Ele tentará
costurar difícil aproximação
entre Alckmin e Kassab.
Alckmin disse ontem que oIbope mostrou "pequenas alterações". "Acho que essa pesquisa está fora do ponto, não devia
ser considerada."
(CONRADO CORSALETTE, CATIA SEABRA, RANIER BRAGON E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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