São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Eleições 2008 / São Paulo

PT quer Lula em SP para tentar vitória já no primeiro turno

Tucanos e democratas avaliam que manter a rivalidade dos dois partidos na campanha só anteciparia vitória de Marta

O tucano José Serra teme ser responsabilizado pela eleição da petista e deve tentar já a aproximação entre Alckmin e Kassab

DA REPORTAGEM LOCAL

Sob ameaça de derrota para a petista Marta Suplicy já no primeiro turno, seus adversários apostam suas fichas, mais do que nunca, na propaganda eleitoral, que estréia nesta semana. Para conter o crescimento de Marta na corrida pela Prefeitura de São Paulo, DEM e PSDB deverão redesenhar pontos estratégicos de campanha.
Pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira mostrou Marta liderando, isolada, a disputa com 41% das intenções. O tucano Gerado Alckmin, que tinha 31% em julho, caiu para 26%. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) continua estacionado, dividindo o terceiro lugar com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP).
Motivada pelo resultado, Marta vai investir na entrada de vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha para tentar liquidar a fatura no primeiro turno, desejo já externado por líderes do partido.
Lula seria o antídoto contra o alto índice de rejeição da petista -34%, segundo a mais recente pesquisa Datafolha. Um entrave, porém, está no fato de Lula ter perdido para Alckmin em São Paulo nos dois turnos da eleição de 2006.
Oficialmente, os coordenadores de campanha da ex-prefeita trabalham com a disputa em dois turnos, devido ao histórico das eleições na cidade. Chegar na frente -e de preferência com folga- é visto como meta mais realista. Eles afirmam que Marta tem "gordura" para queimar, já que Lula ainda não entrou na sua campanha.
"Vamos trabalhar para ter o máximo de votos no primeiro turno, mas é muito difícil uma vitória assim. São Paulo é uma cidade grande, mas não homogênea", disse ontem Carlos Zarattini, coordenador da campanha petista. Marta, durante caminhada no Brás (centro), se esquivou de falar em vitória no primeiro turno.
O PT conta com uma forte estrutura eleitoral na cidade. Há uma semana, 700 cabos eleitorais a serviço do partido estão visitando residências para tentar convencer eleitores.
Os petistas atribuem o recente crescimento de Marta à consolidação dos votos que ela tem na periferia. Com Lula, dizem eles, será possível chegar aos eleitores das regiões mais centrais. Não é à toa que a ex-prefeita dirige seu discurso ao que chama de "nova classe média".

Demo-tucanos
O crescimento de Marta acendeu a luz amarela nas campanhas de Alckmin e Kassab. Aliados históricos em São Paulo, os dois partidos já temem que a divisão neste ano favoreça o PT no primeiro turno.
Reservadamente, os tucanos avaliam que, se a petista abriu essa vantagem sem recorrer à imagem de Lula, a diferença poderá aumentar ainda mais.
Lula atingiu popularidade recorde em março, segundo o Datafolha, com 55% se aprovação.
"É surpreendente. Agora, vamos ver com clareza qual é o peso da rádio e televisão numa campanha. Tenho minhas dúvidas de que seja tão relevante. Marta tem um padrinho notável: Luiz Inácio Lula da Silva. Eu queria esse padrinho", disse o ex-governador Cláudio Lembo (DEM), que foi vice de Alckmin de 2003 a 2006.
A ameaça de derrota em primeiro turno precipitará a participação do próprio governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na campanha de Alckmin, caso o tucano e Kassab não esbocem reação nos primeiros dias de programa. Serra teme ser responsabilizado pela eleição da petista. Ele tentará costurar difícil aproximação entre Alckmin e Kassab.
Alckmin disse ontem que oIbope mostrou "pequenas alterações". "Acho que essa pesquisa está fora do ponto, não devia ser considerada." (CONRADO CORSALETTE, CATIA SEABRA, RANIER BRAGON E JOSÉ ALBERTO BOMBIG)

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