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"Apagão eleitoral"
na TV vai atingir 45% dos paulistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 45% da população do Estado de São Paulo
não terá como ver seus candidatos na TV. São mais de 13
milhões de habitantes que
vivem em cidades com emissoras sem programação própria, segundo levantamento
da Folha com base em dados
do TRE (Tribunal Regional
Eleitoral) e da AESP (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado).
Esses locais vivem uma espécie de "apagão eleitoral".
Além da dificuldade de conhecer as propostas de seus
candidatos, os eleitores acabam assistindo na TV aos
programas de candidatos da
capital ou de grandes cidades próximas. São Paulo tem
ao todo 29,1 milhões de eleitores aptos para votar.
Do total, só 7,8 milhões de
eleitores fora da capital poderão ver seus candidatos na
TV. Das 645 cidades paulistas, apenas 46 delas, ou 7,1%,
possuem emissoras geradoras. As demais têm apenas
repetidoras de sinal. Nessas
cidades, cabe ao órgão regional do partido solicitar ao
cartório eleitoral que reserve
horário para a propaganda
daqueles municípios.
Segundo o TRE-SP, este
ano só quatro municípios solicitaram espaço para seus
candidatos: o PT, em Itapeva; o PSOL, em São José do
Rio Pardo; o PTN e o PC do
B, em Mauá, além do DEM e
do PMDB em Guarulhos.
Nenhum dos pedidos foi deferido até o momento.
"Houve pedidos para reserva de 10% do tempo na
transmissão, como prevê o
artigo 29 da lei 22.718, para
os municípios sem emissoras. Os pedidos foram indeferidos por problemas na
formulação", informou a assessoria do TRE-SP.
Em todos os casos, os partidos que pediram o espaço
para divulgar suas campanhas pertencem à oposição.
Em Guarulhos, o juiz eleitoral Rodrigo Colombini propôs um entendimento entre
todos os partidos e as emissoras, mas não obteve sucesso. A maioria alegou falta de
dinheiro e pouco tempo para
elaborar os programas.
O cientista político David
Fleischer, da UnB, pondera
sobre como a ausência dos
candidatos na TV pode ajudar prefeitos e vereadores
que buscam a reeleição.
"Acho que pesa na hora da
decisão do eleitor, mas não
muito pois as pesquisas mostram que a audiência da propaganda eleitoral gratuita é
baixíssima", afirma.
Fleicher diz que em cidade
onde não tem TV, os políticos usam outros instrumentos, como casas eleitorais,
carros de som e panfletagem,
às vezes pequenos comícios.
Carlos Ranulfo, cientista
político da UFMG, diz que
em grande parte dos municípios médios e pequenos a
tendência histórica é de eleições sem TV. "Então o impacto que a propaganda na
TV têm nas eleições acaba
sendo menor", diz.
(CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA)
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