São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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"Apagão eleitoral" na TV vai atingir 45% dos paulistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 45% da população do Estado de São Paulo não terá como ver seus candidatos na TV. São mais de 13 milhões de habitantes que vivem em cidades com emissoras sem programação própria, segundo levantamento da Folha com base em dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e da AESP (Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado).
Esses locais vivem uma espécie de "apagão eleitoral". Além da dificuldade de conhecer as propostas de seus candidatos, os eleitores acabam assistindo na TV aos programas de candidatos da capital ou de grandes cidades próximas. São Paulo tem ao todo 29,1 milhões de eleitores aptos para votar.
Do total, só 7,8 milhões de eleitores fora da capital poderão ver seus candidatos na TV. Das 645 cidades paulistas, apenas 46 delas, ou 7,1%, possuem emissoras geradoras. As demais têm apenas repetidoras de sinal. Nessas cidades, cabe ao órgão regional do partido solicitar ao cartório eleitoral que reserve horário para a propaganda daqueles municípios.
Segundo o TRE-SP, este ano só quatro municípios solicitaram espaço para seus candidatos: o PT, em Itapeva; o PSOL, em São José do Rio Pardo; o PTN e o PC do B, em Mauá, além do DEM e do PMDB em Guarulhos. Nenhum dos pedidos foi deferido até o momento.
"Houve pedidos para reserva de 10% do tempo na transmissão, como prevê o artigo 29 da lei 22.718, para os municípios sem emissoras. Os pedidos foram indeferidos por problemas na formulação", informou a assessoria do TRE-SP.
Em todos os casos, os partidos que pediram o espaço para divulgar suas campanhas pertencem à oposição. Em Guarulhos, o juiz eleitoral Rodrigo Colombini propôs um entendimento entre todos os partidos e as emissoras, mas não obteve sucesso. A maioria alegou falta de dinheiro e pouco tempo para elaborar os programas.
O cientista político David Fleischer, da UnB, pondera sobre como a ausência dos candidatos na TV pode ajudar prefeitos e vereadores que buscam a reeleição. "Acho que pesa na hora da decisão do eleitor, mas não muito pois as pesquisas mostram que a audiência da propaganda eleitoral gratuita é baixíssima", afirma.
Fleicher diz que em cidade onde não tem TV, os políticos usam outros instrumentos, como casas eleitorais, carros de som e panfletagem, às vezes pequenos comícios.
Carlos Ranulfo, cientista político da UFMG, diz que em grande parte dos municípios médios e pequenos a tendência histórica é de eleições sem TV. "Então o impacto que a propaganda na TV têm nas eleições acaba sendo menor", diz.
(CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA)


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