São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Antério Mânica (PSDB) é suspeito de envolvimento em chacina de fiscais do Trabalho em Minas; defesa vê "retaliação política"

PF prende candidato a prefeito de Unaí

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal prendeu no início da noite de ontem o candidato a prefeito de Unaí (MG) Antério Mânica (PSDB), irmão de Norberto, um dos principais produtores de feijão do país, também preso, por suspeita de envolvimento na chacina de quatro servidores do Ministério do Trabalho, encontrados mortos em janeiro na região rural da cidade.
O advogado de Mânica, José Lindomar Coelho, classificou a ação como "retaliação política" e disse que sua prisão foi "inconstitucional". "Ele foi preso porque tem um carro Marea de cor escura e porque ligou para o Ministério do Trabalho no dia do crime, para saber o que aconteceu. Se for condenar ele, tem que condenar toda a cidade de Unaí, todo mundo queria saber sobre o crime."
Desde o início das investigações, a PF procura um carro semelhante ao Marea, também de cor escura, mas até a conclusão desta edição, os investigadores não confirmaram se a prisão se baseia apenas nos aspectos citados por Coelho. A PF informou que não comentaria as declarações do advogado e que foi cumprida uma ordem judicial.
Segundo pesquisa Ibope realizada em agosto, o tucano liderava a disputa pela prefeitura de Unaí com 60% das intenções de voto, ante 20% do segundo colocado, Geraldo Martins Gontijo (PTB). No início da noite de ontem, Mânica foi transferido por policiais do COT (Comando de Operações Táticas) para a carceragem da PF em Brasília. Ainda não há data prevista para depoimento.
A prisão foi determinada pelo juiz Francisco de Assis Betti, da 9ª vara federal de Minas Gerais. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal de Minas.
Ontem, o juiz terminou de ouvir os suspeitos já presos. Norberto Mânica foi detido no dia 13 de agosto, indiciado pela PF como mandante da morte dos servidores. Norberto também negou ter envolvimento com o crime.
Os servidores foram mortos no dia 28 de janeiro em uma estrada vicinal da área rural de Unaí. Segundo as informações do inquérito, o crime custou R$ 50 mil.
Uma das teses da investigação indica a criação de um "consórcio" para a morte dos fiscais. Um grupo de fazendeiros teria se organizado para eliminar os servidores devido às pesadas multas que vinham aplicando na região. Como Norberto, Antério também possui fazenda na região.


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