São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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Factorings de Arcanjo recebiam dinheiro público

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

As factorings do ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, condenado a 37 anos de prisão por lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e formação de organização criminosa, faziam empréstimos em Mato Grosso a políticos, juízes do Tribunal de Justiça, secretários do governo do Estado, conselheiros do Tribunal de Contas, prefeitos, deputados estaduais, empresários e candidatos nas eleições de 1998, 2000 e 2002. Geralmente, o empréstimo ocorria com a garantia de um cheque ou assinatura de nota promissória.
As factorings são empresas que trocam cheques e duplicatas, mas, segundo a Justiça Federal em Cuiabá (MT), as de Arcanjo viraram bancos funcionando sem autorização do Banco Central, o que é crime contra o sistema financeiro, previsto na lei 7.492/86.
Essas empresas recebiam depósitos de atividades ilícitas, como caça-níqueis e jogo do bicho, segundo o Ministério Público Federal.
As operações de ao menos oito factorings de Arcanjo estão registradas em um relatório do Banco Central ao qual a Agência Folha teve acesso.
O documento de 5.000 páginas foi feito pelo BC, que analisou 37 contas bancárias de Arcanjo e de suas empresas, a pedido da Justiça Federal. As movimentações financeiras descritas no relatório do BC ocorreram no período de janeiro de 1995 a abril de 2003. Nas 37 contas bancárias investigadas foram depositados R$ 817.965.537,69. Essas mesmas contas receberam em idêntico período R$ 1.078.613.559,29.
Entre os maiores depositantes estão órgãos públicos. Segundo relatório do BC, a Assembléia Legislativa de Mato Grosso depositou na conta da Confiança Factoring de Arcanjo R$ 80.714.726,27.
O relatório aponta que saíram R$ 8.332.755,65 do DVOP (Departamento de Viação e Obras Públicas), órgão extinto do governo do Estado.
Esse dinheiro público, segundo o juiz federal Julier Sebastião da Silva, bancou empréstimos de homens públicos -como deputados e juízes. (HC)


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