São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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OUTRO LADO

Antero acusa juiz de ser do PT

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
DA AGÊNCIA FOLHA

Em discurso na tribuna do Senado, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) criticou ontem a decisão da Justiça Federal em Mato Grosso de autorizar os mandados de busca e apreensão. Ele acusou o juiz Julier Sebastião da Silva de estar criando um fato político para prejudicar o partido nas eleições municipais.
"Não é possível que pessoas que tenham funções relevantes na vida pública exercitem a toga com a estrela [numa alusão ao símbolo do PT] sobre ela. Há que se exercitar a toga com isonomia, com independência e com altivez", disse o senador, que declarou ter sido o juiz Silva filiado ao Partido dos Trabalhadores.
Antero chamou de "uma das maiores violências da recém-democracia" a ordem para os mandados de busca e afirmou que o PSDB mato-grossense entrará com representação contra o magistrado na Corregedoria da Justiça Federal.
"É muito provável que o PT não vá para o segundo turno [em Cuiabá]. E o único objetivo [das apreensões] é criar factóides", afirmou Antero.
O ex-governador Dante de Oliveira, presidente do PSDB em Mato Grosso, não quis se manifestar sobre o caso.
O juiz federal Julier Sebastião da Silva rebateu as críticas. "A minha decisão não retrata nenhuma questão eleitoral. Os fatos falam por si só e são gravíssimos. As transações entre agentes políticos e factorings de bandidos estão claras. A questão de filiação política é uma bobagem. Fui filiado ao PT antes de ser juiz, há dez anos. Não adianta vir com discurso de chantagem política para tentar desqualificar o juiz", declarou Silva.
O assessor jurídico e tesoureiro do PSDB, Lourival Ribeiro Filho, 52, disse que não houve ilegalidade na operação do comitê financeiro do partido com a factoring de João Arcanjo Ribeiro, "tanto que as contas de campanha [de 2002] foram aprovadas na Justiça Eleitoral". O mesmo falou o senador Antero Paes de Barros.
Ribeiro disse que informou ao Tribunal Regional Eleitoral as operações com a factoring. Segundo ele, o comitê arrecadou para a campanha de Antero R$ 2.995.683,63. Desse total, R$ 728.822,86 vieram de uma palestra feita para arrecadar dinheiro.
As mesas para o evento foram vendidas por R$ 10 mil. Algumas empresas e pessoas físicas deram, segundo Ribeiro, cheques pré-datados. Para trocar os cheques, o comitê resolveu usar a factoring, informou o tesoureiro.
Com relação aos cheques emitidos pela Vip Factoring, de Arcanjo, em nome do comitê do PSDB, Ribeiro afirmou que essa foi a forma de pagamento utilizada pela empresa do "comendador".


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