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Petista condena ataque dos EUA ao Afeganistão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da moderação atual do
discurso do PT, o pré-candidato à
Presidência pelo partido Luiz Inácio Lula da Silva condenou ontem
pela primeira vez de forma explícita a ação militar que os Estados
Unidos iniciaram contra o Afeganistão no último dia 7.
Depois de dizer preferir a via diplomática, com mais pressão política, Lula foi indagado se estava
afirmando ter havido precipitação na ação dos EUA. Eis sua resposta: "Eu acho que se precipitaram. Eu acho que poderia ter tido
mais tempo de negociação".
Em seguida, completou: "O que
eu acho é que não deveriam ter tomado essa decisão [ação militar"
como primeira medida. Eu acho
que deveriam ter feito pressão".
Lula ressaltou, entretanto, que o
Brasil deveria se solidarizar com
os norte-americanos e que eles
"têm o direito de pegar os culpados e punir".
A seguir trechos da entrevista à
Folha:
(FERNANDO RODRIGUES)
Folha - O sr. acha que os ataques
dos EUA ao Afeganistão são corretos ou não?
Luiz Inácio Lula da Silva - Achava
que isso poderia ser resolvido
com uma negociação política,
com uma certa pressão. Acontece
que eu acho que o presidente
americano é pressionado pela
opinião pública. Eu não sei se o
ataque vai fazer mais inocentes
mortos do que pegar o Bin Laden
[Osama bin Laden, apontado como o terrorista mais procurado
pelos EUA". Não foram feitos todos os meios de pressão possíveis.
Que os americanos têm o direito de pegar os culpados e punir,
têm. Os americanos têm o direito
de exigir o fim do terrorismo porque foram vítimas. Mas eu acho
que a guerra pode matar mais
inocentes.
Folha - O sr. quer dizer que os EUA
se precipitaram ao atacar o Afeganistão?
Lula - Eu acho que se precipitaram. Eu acho que poderia ter tido
mais tempo de negociação.
Folha - A sua posição então é contrária aos ataques?
Lula - O que eu acho é que não
deveriam ter tomado essa decisão
como primeira medida. Eu acho
que deveriam ter feito pressão.
Folha - Qual a sua avaliação sobre
a posição do presidente Fernando
Henrique Cardoso a respeito desse
tema?
Lula - Depende, ele tem várias
posições. A primeira foi correta,
que é a de que todos os países têm
de ser contra o terrorismo. O governo brasileiro tomou essa posição, depois "destomou", depois
tomou outra vez. Mas eu acho que
nós não temos como deixar de ser
solidários com o povo americano
neste momento. E, ao mesmo
tempo, chamar a atenção do
mundo inteiro de que nós estamos vivendo no século 21 e que
essa guerra pode gerar outra
guerra, que pode gerar mais violência e mais protesto.
Folha - O sr. acha, portanto, que o
presidente Fernando Henrique não
foi claro?
Lula - Faz tempo que ele não é
claro.
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