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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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HERANÇA EM JOGO

Em resposta a críticas de petistas, tucanos citam realizações de FHC e dizem ter orgulho do seu legado

Programa do PSDB cobra promessas de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em programa exibido ontem em rede nacional de TV, o PSDB cobrou as principais promessas de campanha do PT, como a criação de 10 milhões de empregos, e disse que os tucanos têm "orgulho da sua herança", que é classificada de "maldita" pelo atual governo para justificar a ausência de resultados positivos.
Candidato derrotado por Lula em 2002, José Serra, cotado para ser presidente do PSDB, não apareceu no programa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi mencionado ligeiramente. Seu governo não foi citado literalmente. A sigla preferiu expressões como "O PSDB faz muito mais, o PSDB faz muito melhor".
Mesmo ao tratar da "herança", o slogan falou da sigla: "O PSDB tem orgulho da sua herança". Explicação: pesquisa encomendada pelos tucanos indica que o discurso do governo estava sendo desastroso para a imagem do partido: Lula ia bem, só não estava melhor por causa da "herança" recebida de quem passou oito anos no poder e não fez nada.
Os tucanos enfatizaram suas realizações na área de comunicações. Segundo o programa, em 1994, quando o PSDB assumiu o poder, havia 13,3 milhões de telefones residenciais no país. Hoje, seriam 39 milhões. Os telefones celulares, antes coisa "de rico", hoje atenderiam 40 milhões.
O programa diz também que os tucanos assentaram 635 mil famílias em oito anos. José Aníbal, presidente da sigla, mais adiante cobra a "maior e mais pacífica reforma agrária do mundo", uma das promessas de campanha do PT.
Em 2002, a Folha mostrou que parte dos lotes não tinha a infra-estrutura necessária para que fossem considerados assentamentos. Um estudo feito no mesmo ano apontou a existência de apenas 328.825 famílias assentadas.
A senadora Lúcia Vânia, encarregada da assistência social no governo do PSDB, acusou o PT de querer apagar o que foi feito e de desativar programas sociais da gestão passada, enquanto o Fome Zero, principal proposta petista no setor, não teria saído do lugar.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusou o governo de gastar "milhões" em publicidade para dizer que fez o que não faz. "Só uma coisa melhorou, a qualidade da oposição, que não é mais raivosa", diz Virgílio, referindo-se à oposição exercida pelo PT no governo FHC.
Virgílio acusa o governo do PT de "fraqueza", entre outros motivos por não conseguir que a ministra Benedita da Silva (Assistência Social) dê explicações efetivas por ter feito uma viagem particular com dinheiro público.
Mas são os números do desemprego que permeiam a propaganda tucana. Sem mencionar os índices do governo passado, como fez em relação aos telefones, os tucanos recorrem à promessa de Lula de criar 10 milhões de novos postos de trabalho para fazer um exercício numérico.
Como não criou nenhum emprego em nove meses e meio de governo, argumentam os tucanos, para cumprir a promessa o PT teria de criar 8.539 novos postos por dia. O que ocorre, porém, segundo o programa, é que 700 mil trabalhadores teriam perdido o emprego desde a posse de Lula -2.546 novas demissões por dia.
Aníbal, no final do programa, cobra algumas das principais promessas de Lula: "Onde estão as farmácias populares?", questiona. Ou "cadê os 5% de crescimento ao ano?" Detalhe: o PSDB deixou o governo em 2002 com uma taxa de 1,5% de crescimento.
(RAYMUNDO COSTA)

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