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HERANÇA EM JOGO
Em resposta a críticas de petistas, tucanos citam realizações de FHC e dizem ter orgulho do seu legado
Programa do PSDB cobra promessas de Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em programa exibido ontem
em rede nacional de TV, o PSDB
cobrou as principais promessas
de campanha do PT, como a criação de 10 milhões de empregos, e
disse que os tucanos têm "orgulho da sua herança", que é classificada de "maldita" pelo atual governo para justificar a ausência de
resultados positivos.
Candidato derrotado por Lula
em 2002, José Serra, cotado para
ser presidente do PSDB, não apareceu no programa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi mencionado ligeiramente.
Seu governo não foi citado literalmente. A sigla preferiu expressões
como "O PSDB faz muito mais, o
PSDB faz muito melhor".
Mesmo ao tratar da "herança",
o slogan falou da sigla: "O PSDB
tem orgulho da sua herança". Explicação: pesquisa encomendada
pelos tucanos indica que o discurso do governo estava sendo desastroso para a imagem do partido:
Lula ia bem, só não estava melhor
por causa da "herança" recebida
de quem passou oito anos no poder e não fez nada.
Os tucanos enfatizaram suas
realizações na área de comunicações. Segundo o programa, em
1994, quando o PSDB assumiu o
poder, havia 13,3 milhões de telefones residenciais no país. Hoje,
seriam 39 milhões. Os telefones
celulares, antes coisa "de rico",
hoje atenderiam 40 milhões.
O programa diz também que os
tucanos assentaram 635 mil famílias em oito anos. José Aníbal, presidente da sigla, mais adiante cobra a "maior e mais pacífica reforma agrária do mundo", uma das
promessas de campanha do PT.
Em 2002, a Folha mostrou que
parte dos lotes não tinha a infra-estrutura necessária para que fossem considerados assentamentos. Um estudo feito no mesmo
ano apontou a existência de apenas 328.825 famílias assentadas.
A senadora Lúcia Vânia, encarregada da assistência social no governo do PSDB, acusou o PT de
querer apagar o que foi feito e de
desativar programas sociais da
gestão passada, enquanto o Fome
Zero, principal proposta petista
no setor, não teria saído do lugar.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), acusou o governo de gastar "milhões" em publicidade para dizer que fez o que
não faz. "Só uma coisa melhorou,
a qualidade da oposição, que não
é mais raivosa", diz Virgílio, referindo-se à oposição exercida pelo
PT no governo FHC.
Virgílio acusa o governo do PT
de "fraqueza", entre outros motivos por não conseguir que a ministra Benedita da Silva (Assistência Social) dê explicações efetivas
por ter feito uma viagem particular com dinheiro público.
Mas são os números do desemprego que permeiam a propaganda tucana. Sem mencionar os índices do governo passado, como
fez em relação aos telefones, os tucanos recorrem à promessa de
Lula de criar 10 milhões de novos
postos de trabalho para fazer um
exercício numérico.
Como não criou nenhum emprego em nove meses e meio de
governo, argumentam os tucanos, para cumprir a promessa o
PT teria de criar 8.539 novos postos por dia. O que ocorre, porém,
segundo o programa, é que 700
mil trabalhadores teriam perdido
o emprego desde a posse de Lula
-2.546 novas demissões por dia.
Aníbal, no final do programa,
cobra algumas das principais promessas de Lula: "Onde estão as
farmácias populares?", questiona.
Ou "cadê os 5% de crescimento
ao ano?" Detalhe: o PSDB deixou
o governo em 2002 com uma taxa
de 1,5% de crescimento.
(RAYMUNDO COSTA)
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