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INTELIGÊNCIA
Dados da Abin não ajudam Araguaia, diz general Felix
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Jorge Felix (Segurança Institucional) disse não
acreditar que a Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) tenha
informações que possam ajudar a
localizar ossadas de integrantes
da guerrilha do Araguaia -movimento armado sufocado pelo
Exército entre 72 e 75 na região
sul do Pará e norte de Tocantins.
A Abin herdou os arquivos do
extinto SNI (Serviço Nacional de
Informações, órgão do regime
militar). Segundo Felix, os arquivos da Abin são um conjunto de
documentos empoeirados.
"A quantidade de arquivos que
existem na Abin, vocês nem imaginam. As pessoas trabalham
com máscara, tamanho é o poeiral. Cada vez que é preciso consultar é um trabalho braçal."
Questionado se esses papéis poderão ser úteis para a comissão
interministerial criada neste mês
pelo governo para localizar as ossadas de guerrilheiros, ele respondeu: "Acreditamos que não. A
quantidade de solicitações que já
foi feita e já foi respondida não
deu nenhuma indicação disso".
Ele defendeu o sigilo permanente de documentos "mais sensíveis", argumentando que os
atuais conflitos na Bolívia têm origem na Guerra do Pacífico (ocorreu há mais de cem anos). Para
ele, alguns episódios são capazes
de provocar "convulsão social"
mesmo com o passar dos anos.
Felix concedeu entrevista coletiva na Abin ao lado do ministro
Luiz Dulci (Secretaria Geral da
Presidência) e de quatro parlamentares da comissão mista do
Congresso encarregada de fiscalizar atividades de inteligência
-eles participaram de debate (fechado à imprensa), parte da política de "consulta à sociedade".
O general contestou informação publicada ontem pelos jornais de que o governo pretende
ampliar os poderes da Abin, inclusive obtendo permissão legal
para que a agência realize escutas
telefônicas. "Não somente não há
projeto [visando ampliação], como não é intenção do governo
permitir que a Abin tenha autorização legal para fazer escuta."
Na véspera, em encontro com
jornalistas, Felix queixara-se da
falta de autonomia da Abin para
fazer grampos. Athos Irigaray,
também da Abin, disse que, além
do grampo, a agência deseja obter
a prerrogativa de realizar "escutas
ambientais" e obter dados da Receita Federal, protegidos por sigilo fiscal. (WILSON SILVEIRA)
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