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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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INTELIGÊNCIA

Dados da Abin não ajudam Araguaia, diz general Felix

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Jorge Felix (Segurança Institucional) disse não acreditar que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) tenha informações que possam ajudar a localizar ossadas de integrantes da guerrilha do Araguaia -movimento armado sufocado pelo Exército entre 72 e 75 na região sul do Pará e norte de Tocantins.
A Abin herdou os arquivos do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações, órgão do regime militar). Segundo Felix, os arquivos da Abin são um conjunto de documentos empoeirados.
"A quantidade de arquivos que existem na Abin, vocês nem imaginam. As pessoas trabalham com máscara, tamanho é o poeiral. Cada vez que é preciso consultar é um trabalho braçal."
Questionado se esses papéis poderão ser úteis para a comissão interministerial criada neste mês pelo governo para localizar as ossadas de guerrilheiros, ele respondeu: "Acreditamos que não. A quantidade de solicitações que já foi feita e já foi respondida não deu nenhuma indicação disso".
Ele defendeu o sigilo permanente de documentos "mais sensíveis", argumentando que os atuais conflitos na Bolívia têm origem na Guerra do Pacífico (ocorreu há mais de cem anos). Para ele, alguns episódios são capazes de provocar "convulsão social" mesmo com o passar dos anos.
Felix concedeu entrevista coletiva na Abin ao lado do ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e de quatro parlamentares da comissão mista do Congresso encarregada de fiscalizar atividades de inteligência -eles participaram de debate (fechado à imprensa), parte da política de "consulta à sociedade".
O general contestou informação publicada ontem pelos jornais de que o governo pretende ampliar os poderes da Abin, inclusive obtendo permissão legal para que a agência realize escutas telefônicas. "Não somente não há projeto [visando ampliação], como não é intenção do governo permitir que a Abin tenha autorização legal para fazer escuta."
Na véspera, em encontro com jornalistas, Felix queixara-se da falta de autonomia da Abin para fazer grampos. Athos Irigaray, também da Abin, disse que, além do grampo, a agência deseja obter a prerrogativa de realizar "escutas ambientais" e obter dados da Receita Federal, protegidos por sigilo fiscal. (WILSON SILVEIRA)

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