São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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SAIA JUSTA

Em tour pelo Senado, presidente indicado para o BC busca mostrar seu "lado social" à petista

Meirelles tenta "dobrar" Heloísa Helena

Sérgio Lima/Folha Imagem
A senadora Heloísa Helena (PT-AL) e o presidente indicado para o BC, Henrique Meirelles, conversam em salão do Senado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) e Henrique Meirelles tiveram ontem 15 minutos de uma conversa tensa e constrangida, na qual o presidente indicado para o Banco Central procurou, sem sucesso, convencer a petista radical a votar favoravelmente a sua nomeação.
Heloísa bem que tentou evitar a cena. Ao saber da visita de Meirelles ao Senado, ela se refugiou em um canto escondido do salão destinado ao café dos senadores.
Foi surpreendida pelo senador Eduardo Suplicy (SP), "guia" de Meirelles no Senado, que adentrou o café acompanhado do futuro presidente do BC. Ao ver a senadora, Suplicy não teve dúvidas em promover o encontro.
"Boa tarde, senadora. É um prazer conhecê-la", disse Meirelles, sorrindo. Franzindo a testa, a senadora fez cara de reprovação a Suplicy. Coube a Suplicy tentar quebrar o gelo entre os dois. "Henrique, eu trouxe você aqui porque gostaria de apresentar a senadora Heloísa Helena, do PT de Alagoas, que costuma expressar com combatividade e franqueza seus pontos de vista. Ela tem um pouco de resistência ao seu nome", disse.
Meirelles não perdeu a oportunidade de vender seu lado social. "Sou defensor de um modelo que privilegie a produção e a distribuição de renda", começou. Lembrou que o BankBoston, instituição da qual foi presidente, engajou-se em uma campanha pela revitalização do centro de São Paulo e em um projeto com o sindicato dos bancários que atende meninos de rua.
A senadora assistiu à exposição de Meirelles, quase o tempo todo com o queixo apoiado na mão. Ao final, se limitou a dizer que agradecia a gentileza da visita: "Ao contrário do que pensam, sou uma pessoa civilizada".
Depois da saída de Meirelles, afirmou que o constrangimento poderia ter sido pior: "Imagina se o Suplicy leva o homem ao meu gabinete e a imprensa faz fotos dele ao lado de quadros de Che Guevara e Carlos Marighella". (FÁBIO ZANINI)


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