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HERANÇA MILITAR
Documentos encontrados na Base Aérea de Salvador serão catalogados; deputados federais pedem explicação
PF inicia perícia em papéis queimados na BA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
No mesmo dia em que uma comissão de deputados federais solicitou do comando da Base Aérea
de Salvador uma explicação para
a queima de documentos da época da ditadura, agentes da Polícia
Federal iniciaram ontem uma perícia nos arquivos encontrados
em uma área isolada -a maioria
das anotações, em folhas datilografadas, está rasgada e parcialmente queimada.
O pedido de perícia foi feito pelo
brigadeiro Ramon Borges Cardoso, indicado pelo Ministério da
Defesa para presidir o IPM (Inquérito Policial Militar) aberto
para apurar os responsáveis pela
destruição de alguns documentos
considerados reservados, secretos, sigilosos e ultra-secretos. De
acordo com o Setor de Comunicação Social da Aeronáutica, o
IPM, que vai correr em sigilo, deverá ser concluído em 40 dias.
Três peritos que trabalham no
Departamento Técnico da PF de
Salvador estiveram no local onde
os documentos foram queimados
e iniciaram a catalogação dos arquivos. Os policiais também recolheram objetos que estavam próximos da área -pedaços de pau,
algumas latas e papel- que poderão ser úteis na identificação de
eventuais impressões digitais.
A denúncia da queima dos documentos da ditadura na Base Aérea de Salvador foi feita pelo "Fantástico", da Rede Globo, no último domingo. O brigadeiro Cardoso concluiu ontem à tarde a
montagem de sua equipe de investigação -cinco homens que
trabalham na própria Base. A intenção de Cardoso é ouvir, em
grupos, todas as pessoas que trabalham no local.
Desde a denúncia, o acesso à Base Aérea de Salvador somente é
permitido para funcionários, policiais federais, representantes da
Aeronáutica e parlamentares
-desde que façam a solicitação
com antecedência.
Punição
O deputado federal Daniel Almeida (PC do B-BA), que apresentou o requerimento à Comissão de Direitos Humanos da Câmara pedindo uma vistoria na Base Aérea de Salvador, disse que os
responsáveis pela queima dos documentos precisam ser punidos.
"Nós também queremos evitar
que sejam destruídos outros documentos que contam uma parte
importante da história do Brasil."
Por determinação da Aeronáutica, o comandante da Base Aérea
de Salvador, Narcelio Ramos Ribeiro, está proibido de fazer qualquer declaração pública sobre os
documentos queimados.
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