São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

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Presidente da CPI do Banestado ataca relator

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CPI do Banestado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), comparou ontem o relator da comissão, deputado José Mentor (PT-SP), a Joseph Goebbels, o ideólogo da propaganda nazista segundo o qual "uma mentira dita cem vezes torna-se verdade".
"O relator é um seguidor de Goebbels. Ele mente tanto e faz força para acreditar nas mentiras que conta. Espero que o relatório [final da CPI] não esteja tão pinóquio quanto o que ele apresentou", disse Antero, depois de se reunir com o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda.
Antero entregou a Lacerda documentos sigilosos relacionados a operações financeiras em bancos situados nos Estados Unidos que estão sendo investigados por suposta lavagem de dinheiro.
Antero disparou os ataques quando questionado sobre por que a CPI demorara pelo menos quatro meses para enviar a seu destino uma carta rogatória, que permitiria à comissão interrogar João Arcanjo Ribeiro. Arcanjo está preso no Uruguai e é acusado de ser um dos mandantes do crime organizado em Mato Grosso.
O contador de Arcanjo, Luiz Dondo Gonçalves, também preso, disse em depoimento que o seu ex-chefe teria contribuído para financiar a campanha do próprio Antero. O senador nega.
Na terça-feira, ao entregar o relatório de 742 páginas (e mais 771 de anexos), o relator disse que a investigação da CPI sobre práticas criminosas de Arcanjo foi prejudicada porque houve atraso no envio da carta rogatória, atribuição do presidente da comissão.
Os ataques trocados entre governo e oposição -somados à proposta de indiciamento do ex-diretor do Banco Central Gustavo Franco, por facilitação à evasão de divisas- tornam mais incerto o cronograma da CPI. O prazo para enviar sugestões ao relator é domingo. Até ontem à tarde, nenhuma proposta havia sido encaminhada à secretaria da comissão.
Os tucanos, que têm um relatório paralelo, não aceitam a idéia de ter a proposta de indiciamento de Franco nas conclusões da CPI.


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