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Para ruralistas,
o movimento
perdeu espaço
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao falar sobre os 25 anos
do MST, representantes de
entidades e da bancada ruralista no Congresso consideram que o movimento perdeu espaço na sociedade e
criticam o fato de ele não
existir juridicamente, o que,
segundo eles, impede a prisão de seus dirigentes.
Para Cesário Ramalho da
Silva, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), o
MST perdeu espaço muito
por conta da evolução da
agricultura. "Perdeu o foco,
perdeu a razão de ser. O MST
é produto de uma sociedade
que estava desorganizada. É
produto de um desemprego
que existia, é produto da falta
de crescimento que o país teve e que deixou de oferecer
os empregos adequados às
pessoas. Então criou-se um
movimento social, que você
até pode justificar, só que a
forma de atuar deles atrasou
o país", afirma.
João Bosco Leal, presidente do MNP (Movimento Nacional dos Produtores), em
meio a uma série de críticas
ao movimento, consegue encontrar um único ponto positivo: o de ter inibido a ação
dos especuladores da terra.
"Esse movimento trouxe
destruição, baderna, ilegalidade, criminalização. Agora
eu realmente penso que muita gente que estava no campo
com uma propriedade só para valorizá-la, esse cara ou
vendeu a sua propriedade
para sair fora ou fez a sua
propriedade produzir para
não perdê-la", diz: "Esse movimento provocou isso. Foi
positivo, não posso negar".
Principal entidade sindical
do campo, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) diz que os
sem-terra têm promovido
"chantagem política" e que a
reforma agrária tornou-se
uma "assombração viva" para os produtores rurais.
"Vista inicialmente como
apelo social, [a reforma agrária] tornou-se uma assombração viva e perturbadora
da produção da paz", disse a
senadora Kátia Abreu
(DEM-TO) em sua posse na
CNA no mês passado.
Um dos líderes dos ruralistas no Congresso, o deputado
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
critica a falta de CNPJ do
MST. "Até hoje eles não
constituíram uma entidade.
São pessoas que se resguardam na clandestinidade. São
pessoas que atacam, invadem e destroem e simplesmente não sofrem as penalidades da lei. Isso dá a eles um conforto inimaginável", diz.
O movimento não tem
CNPJ nem direção legalmente constituída, numa estratégia de blindagem bolada
desde sua criação.
"O cidadão é recebido pelo
presidente, participa de planos de governo e não se preocupa em seguir as normas",
completa Caiado, fundador,
nos anos 80, da UDR (União
Democrática Ruralista),
criada para barrar a reforma
agrária.
(EDUARDO SCOLESE)
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