São Paulo, domingo, 18 de janeiro de 2009

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Para ruralistas, o movimento perdeu espaço

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao falar sobre os 25 anos do MST, representantes de entidades e da bancada ruralista no Congresso consideram que o movimento perdeu espaço na sociedade e criticam o fato de ele não existir juridicamente, o que, segundo eles, impede a prisão de seus dirigentes.
Para Cesário Ramalho da Silva, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), o MST perdeu espaço muito por conta da evolução da agricultura. "Perdeu o foco, perdeu a razão de ser. O MST é produto de uma sociedade que estava desorganizada. É produto de um desemprego que existia, é produto da falta de crescimento que o país teve e que deixou de oferecer os empregos adequados às pessoas. Então criou-se um movimento social, que você até pode justificar, só que a forma de atuar deles atrasou o país", afirma.
João Bosco Leal, presidente do MNP (Movimento Nacional dos Produtores), em meio a uma série de críticas ao movimento, consegue encontrar um único ponto positivo: o de ter inibido a ação dos especuladores da terra. "Esse movimento trouxe destruição, baderna, ilegalidade, criminalização. Agora eu realmente penso que muita gente que estava no campo com uma propriedade só para valorizá-la, esse cara ou vendeu a sua propriedade para sair fora ou fez a sua propriedade produzir para não perdê-la", diz: "Esse movimento provocou isso. Foi positivo, não posso negar".
Principal entidade sindical do campo, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) diz que os sem-terra têm promovido "chantagem política" e que a reforma agrária tornou-se uma "assombração viva" para os produtores rurais.
"Vista inicialmente como apelo social, [a reforma agrária] tornou-se uma assombração viva e perturbadora da produção da paz", disse a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) em sua posse na CNA no mês passado.
Um dos líderes dos ruralistas no Congresso, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) critica a falta de CNPJ do MST. "Até hoje eles não constituíram uma entidade. São pessoas que se resguardam na clandestinidade. São pessoas que atacam, invadem e destroem e simplesmente não sofrem as penalidades da lei. Isso dá a eles um conforto inimaginável", diz.
O movimento não tem CNPJ nem direção legalmente constituída, numa estratégia de blindagem bolada desde sua criação.
"O cidadão é recebido pelo presidente, participa de planos de governo e não se preocupa em seguir as normas", completa Caiado, fundador, nos anos 80, da UDR (União Democrática Ruralista), criada para barrar a reforma agrária. (EDUARDO SCOLESE)


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