São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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Guarujá e Santos exibem contrastes

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

A ausência das elites que concentram a riqueza de Guarujá e Cubatão, na Baixada Santista, explica o forte contraste entre ricos e pobres nos dois municípios, segundo interpretação de pesquisadores universitários da região.
No estudo da fundação Seade, as duas cidades são exemplos de locais onde a expansão da riqueza não correspondeu a um equivalente aumento da qualidade de vida dos seus moradores, o que originou um abismo na distribuição de renda entre a pequena camada dos muito ricos e a ampla fatia dos muito pobres.
Para o economista João Carlos Gomes, professor da Universidade Católica de Santos, a maior parte da população do Guarujá, concentrada na periferia, se tornou dependente da renda gerada no setor de comércio e serviços pelo turismo sazonal e de alto padrão da cidade. Por isso, tem dificuldade para encontrar ocupação no resto do ano devido à escassa oferta de emprego nos períodos fora das temporadas de férias.
"No caso do Guarujá, se as elites morassem na cidade, teriam de estimular projetos sociais. Como são consumidoras eventuais, pouco participam do desenvolvimento local", declarou.
Em Cubatão, muitas das empresas instaladas no parque industrial têm sede fora da cidade, e a maioria dos trabalhadores mais qualificados dessas empresas não mora na cidade, mas se desloca diariamente para lá.
O cientista político Alcindo Gonçalves aponta a origem histórica como fator importante para explicar a consolidação de um cinturão de pobreza no entorno dos dois municípios.
Segundo Gonçalves, a concentração da riqueza em Santos levou ao surgimento de uma numerosa classe média na cidade e encareceu o preço da terra. "As populações de baixíssima renda foram expulsas de Santos e tiveram de ocupar áreas nos municípios vizinhos", afirmou.


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