|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sociedade civil participa de mudança
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MIRANTE DO PARANAPANEMA
Historicamente um dos municípios mais pobres de São Paulo,
Mirante do Paranapanema está
conseguindo dar a volta por cima
na área de educação. Ações da comunidade, do Ministério Público,
ou encabeçadas por organizações
como o MST e uma ONG, são
apontadas como co-responsáveis
por essa transformação.
No estudo do Seade, o município aparecia em 1991 com 55 pontos no quesito escolaridade. Cinco
anos depois, esse número subiu
para 68 pontos.
No item riqueza, a qualidade de
vida de seus moradores saltou de
23 pontos para 28 em cinco anos,
a partir de 1992. Embora tenham
subido, os números estão longe
de padrões desejáveis de riqueza.
A Direção Regional de Ensino,
ligada à Secretaria da Educação
do Estado, atesta os dados do levantamento sobre escolaridade
do Seade. A evasão escolar no ensino fundamental, que em 1994
era de 12,5%, caiu gradativamente
até chegar a 2% no ano passado. O
índice de aprovação de alunos, no
mesmo período, saltou de 76%
para 97%. No ensino médio, o resultado foi ainda melhor.
Os índices apresentam evolução
significativa a partir de 1997, ano
em que o governo estadual realizou o maior número de assentamento de sem-terra no extremo
oeste do Estado. De 85 assentamentos implantados no Pontal do
Paranapanema, 26 estão em Mirante (640 km de São Paulo), que
tem 16.209 habitantes. Cerca de
1.200 famílias são ex-sem-terra.
Sem-terra
A ação do MST levou à construção de duas escolas na zona rural.
Uma delas, conhecida como "Pé
de Galinha", serve a 800 alunos de
15 assentamentos. Cada um tem
um representante do movimento
para acompanhar passo a passo
erros e acertos da escola.
"Se falta transporte escolar, no
dia seguinte eles estão na prefeitura cobrando. Não deixam passar
nada", disse o dirigente de ensino
do município, Sebastião Canevari. No ano passado, mais de cem
alunos, que se auto-intitulam
"sem-terrinha", invadiram o fórum da cidade para cobrar ação
do Ministério Público. O índice de
evasão no "Pé de Galinha" foi de
3,4% em 2000.
Mais que transporte e aulas, o
MST luta por transformações políticas na educação que se chocam
com a política oficial do governo.
Eles querem, por exemplo, mudar
o nome da escola para Che Guevara. Discutem para adotar o método Paulo Freire nas aulas. E reivindicam a adoção de professores
do próprio assentamento.
"Para nós, educação não é só estar na escola. É conhecer seus direitos, sua história, é ter cidadania", disse José Rainha Júnior,
principal líder do MST na região.
Com uma ação menos política,
o Centro de Formação e Promoção Humana, uma ONG (organização não-governamental) ligada
à Igreja Católica, faz diariamente
a extensão do trabalho da escola
ao abrigar cerca de cem alunos
cujos pais trabalham. A maioria é
da cidade. Eles têm atividade esportiva e cultural, aulas de computação e reforço escolar.
Texto Anterior: Infra-estrutura eleva índice de Barretos Próximo Texto: Indicador utiliza dados mais recentes Índice
|