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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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AGENDA PETISTA

Oposição acusa presidente de abandonar discurso recente do PT e incorporar política do governo anterior

Lula "psicografou FHC", afirma líder do PSDB

LUCIANA CONSTANTINO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes da oposição ao governo afirmaram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua primeira visita oficial ao Congresso, abandonou o discurso que o PT adotava até o ano passado e incorporou as linhas gerais da política econômica defendida por Fernando Henrique Cardoso.
De acordo com Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado, Lula "psicografou FHC de Paris", onde o ex-presidente está passando uma temporada depois que deixou o governo.
"O Lula compreendeu, depois de terem negado a reforma e isso ter causado um prejuízo de US$ 130 bilhões ao país, a importância disso. Atrasadamente, eles concordaram. Antes tarde do que nunca", afirmou o senador tucano, que foi líder do governo FHC na Câmara.
Segundo Virgílio, o PT foi, na legislatura passada, o principal empecilho às reformas. "Basicamente, as suas palavras [de Lula" são as nossas de alguns anos atrás", afirmou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). "Acho que, se o presidente Lula está falando nossa linguagem, isso é ótimo."
O senador Romero Jucá (PSDB-RR) reforçou a teoria, dizendo que o governo levou ao Congresso um protocolo de intenções que mostra "uma mudança" nas posições defendidas pelo PT em nome da governabilidade. "A guerra não pode ser desculpa para justificar o que precisa ser feito", disse.
Já o deputado federal José Carlos Aleluia, líder do PFL na Câmara, cobrou propostas concretas do governo: "Depois de 48 dias de governo, não temos nada concreto para as reformas. Queremos contribuir, mas, para isso, precisamos de propostas concretas".
Já o líder pefelista no Senado, José Agripino (RN), disse que o partido vai cobrar coerência do governo. Para ele, as reformas não aconteceram até agora por culpa do partido do presidente.
Os líderes do governo e do PT elogiaram a ida de Lula ao Congresso, afirmando que o gesto demonstraria a importância que o presidente dá ao Legislativo. Segundo eles, a posição de austeridade adotada no momento é fruto da possibilidade de ataque dos Estados Unidos ao Iraque.
Minutos depois de o presidente afirmar, em discurso, que o aperto orçamentário durará o "tempo necessário", o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, procurou dar um contraponto à idéia, dizendo que "austeridade não é incompatível com crescimento".
Segundo o ministro, "o governo não vai deixar em segundo plano ou descuidar dos projetos sociais e da necessidade do país de fazer investimento".


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