IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Busca de apoio congressual a reformas necessárias para fazer a estabilidade econômica se manter num cenário de crise internacional, sob forte ajuste interno. Promessa de avanço social, porque afinal de contas ""estabilidade não é um fim em si mesmo".
O parágrafo acima poderia resumir o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado ontem em mensagem ao Congresso. Mas resume, sem ressalvas, o texto enviado pelo tucano Fernando Henrique Cardoso em 22 de fevereiro de 1999 ao Legislativo.
Há trechos de semelhança notável. "O Brasil que queremos -aquele com cuja construção eu tenho um compromisso de vida- é um país onde estabilidade e crescimento econômico não são fins em si mesmos, mas meios para a melhoria das condições de vida do povo", dizia FHC-99 em sua mensagem ao Congresso.
"Para nós, a estabilidade econômica não é um fim em si, é precondição para o crescimento da economia em bases sustentadas", disse Lula ontem.
Assim como ontem, a palavra crise permeou aquela mensagem tucana: no caso, a crise do real, vinda na sequência das crises russa e da asiática. No começo de 99, a moeda brasileira acabara de derreter e ser desvalorizada, Minas Gerais se entrincheirava numa moratória imprevisível, o BC passava por um terremoto.
"Para consolidar a estabilidade e retomar o desenvolvimento, é preciso avançar mais, e a crise internacional apenas fez com que a necessidade do equilíbrio nas nossas contas públicas se tornasse mais urgente", dizia o tucano.
FHC foi mais direto sobre quem vai pagar a conta da crise: "É para mim doloroso -é inaceitável- pensar que o custo da turbulência externa e o do ajuste interno irão pesar de maneira desproporcional sobre os mais pobres".
É claro que há várias diferenças pontuais. Mas o fato é que, gostem ou não os governistas, o discurso Lula-2003 não difere muito do de FHC-99.


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