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NO AR
A prioridade
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Com José Sarney de um
lado e João Paulo de outro, a mensagem de Lula teve
ares de pronunciamento sobre o
"estado da nação", como no discurso de George W. Bush semanas atrás.
Faltou encenação, maior drama, faltou o "teleprompter"
transparente, mas o plenário lotado interrompia o presidente,
aqui e ali, com aplausos em cena aberta.
Como nos EUA, foi só a política externa que uniu, de fato, os
parlamentares. Mas não foi a
paz que levou Lula ao palco do
Congresso.
Foi a reforma da Previdência,
que esteve longe de merecer os
mesmos aplausos.
É só o que interessa. A mensagem foi precedida por uma blitz
sobre a opinião pública que, como nos tempos de FHC, tomou o
Jornal Nacional durante toda
uma semana.
O telejornal apresentou reportagens para mostrar a urgência
da reforma. Ontem, no Bom Dia
Brasil, prosseguia o esforço com
reportagem introduzida por um
quase editorial:
- O Congresso volta a funcionar. A prioridade para deputados e senadores é aprovar a reforma da Previdência. Reformar o sistema é a única saída
para conter a sangria descontrolada de dinheiro público.
Pela reforma da Previdência,
seja lá que forma tome, José Dirceu e Antônio Palocci estiveram
com Geraldo Alckmin, tucano
cada vez mais próximo do governo federal.
Pela reforma, o líder tucano
Jutahy Magalhães, um dos baianos grampeados, disse que não
quer CPI. Pela reforma, Sarney
disse o mesmo.
Pela reforma, o comunista Aldo Rebelo, líder do governo, disse à Globo que quer os malufistas na base de Lula.
A reforma pode não animar
ninguém aos aplausos, mas
ameaça alcançar unanimidade,
dos comunistas aos malufistas,
dos tucanos à Globo.
Jorge Bornhausen, o presidente do PFL que insistiu com Roseana, que insistiu com Ciro, insistiu até perder, bem que tentou com ACM.
Queria porque queria, segundo Alexandre Garcia, o pefelista
baiano como presidente da Comissão de Constituição, Justiça
e Cidadania.
Mas ACM não aguentou. Até
o JN já tratava abertamente de
seu "romance de dez anos" . No
dizer de Franklin Martins, ontem de manhã:
- Não há ninguém no mundo político que tenha dúvida de
que o senador Antônio Carlos
Magalhães está envolvido com o
episódio.
Aí ACM cedeu. Como antes,
saiu prometendo voltar.
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