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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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NO AR

A prioridade

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Com José Sarney de um lado e João Paulo de outro, a mensagem de Lula teve ares de pronunciamento sobre o "estado da nação", como no discurso de George W. Bush semanas atrás.
Faltou encenação, maior drama, faltou o "teleprompter" transparente, mas o plenário lotado interrompia o presidente, aqui e ali, com aplausos em cena aberta.
Como nos EUA, foi só a política externa que uniu, de fato, os parlamentares. Mas não foi a paz que levou Lula ao palco do Congresso.
Foi a reforma da Previdência, que esteve longe de merecer os mesmos aplausos.
É só o que interessa. A mensagem foi precedida por uma blitz sobre a opinião pública que, como nos tempos de FHC, tomou o Jornal Nacional durante toda uma semana.
O telejornal apresentou reportagens para mostrar a urgência da reforma. Ontem, no Bom Dia Brasil, prosseguia o esforço com reportagem introduzida por um quase editorial:
- O Congresso volta a funcionar. A prioridade para deputados e senadores é aprovar a reforma da Previdência. Reformar o sistema é a única saída para conter a sangria descontrolada de dinheiro público.
Pela reforma da Previdência, seja lá que forma tome, José Dirceu e Antônio Palocci estiveram com Geraldo Alckmin, tucano cada vez mais próximo do governo federal.
Pela reforma, o líder tucano Jutahy Magalhães, um dos baianos grampeados, disse que não quer CPI. Pela reforma, Sarney disse o mesmo.
Pela reforma, o comunista Aldo Rebelo, líder do governo, disse à Globo que quer os malufistas na base de Lula.
A reforma pode não animar ninguém aos aplausos, mas ameaça alcançar unanimidade, dos comunistas aos malufistas, dos tucanos à Globo.
 
Jorge Bornhausen, o presidente do PFL que insistiu com Roseana, que insistiu com Ciro, insistiu até perder, bem que tentou com ACM.
Queria porque queria, segundo Alexandre Garcia, o pefelista baiano como presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.
Mas ACM não aguentou. Até o JN já tratava abertamente de seu "romance de dez anos" . No dizer de Franklin Martins, ontem de manhã:
- Não há ninguém no mundo político que tenha dúvida de que o senador Antônio Carlos Magalhães está envolvido com o episódio.
Aí ACM cedeu. Como antes, saiu prometendo voltar.


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