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PARANÁ
Apurações apontam que pelo menos 40 pessoas se beneficiaram de esquema de corrupção em Maringá e Londrina
Desvio de dinheiro teria conexão em duas cidades
RONALDO SOARES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Investigações do Ministério Público do Paraná apontam conexão entre esquemas de desvio de
dinheiro público nas Prefeituras
de Maringá e Londrina, no norte
do Estado.
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Maringá já
identificou pelo menos 40 pessoas
de Londrina que teriam se beneficiado do esquema de corrupção
nos dois municípios.
Somente um dos beneficiados
de Londrina, cujo nome não foi
divulgado, teria recebido cerca de
R$ 7 milhões desviados de Maringá, de acordo com levantamento
feito a partir da quebra do sigilo
dos dados nas contas da prefeitura da cidade.
Doleiro
O esquema de desvio em Maringá envolve pelo menos 130 pessoas em diversos Estados, segundo o Ministério Público.
As quantias desviadas podem
ultrapassar os R$ 100 milhões.
Em Londrina, o Tribunal de
Contas do Estado identificou um
rombo de R$ 70 milhões entre
1998 e 1999.
A promotoria suspeita que o
principal elo entre os dois casos
seja o empresário e doleiro de
Londrina Alberto Youssef, o Beto,
dono de uma casa de câmbio na
cidade.
A pedido do órgão, o juiz da 3ª
Vara Criminal de Maringá, Shiroshi Yendo, determinou na semana retrasada a apreensão de
um computador e de documentos
que estavam em poder do doleiro.
Em busca de documentos, promotores e oficiais de Justiça vasculharam o apartamento do doleiro, seu estabelecimento comercial -a Youssef Câmbio e Turismo- e a casa da irmã dele.
Ex-secretário
O objetivo do Ministério Público é descobrir provas que liguem
Youssef ao ex-secretário de Fazenda de Maringá Luís Antônio
Paolicchi.
O ex-secretário é apontado como pivô do esquema de corrupção no município, e do ex-prefeito local Jairo Gianoto (sem partido, ex-PSDB), em cuja gestão teria se intensificado o desvio de recursos públicos. Paolicchi está
preso na sede da Polícia Federal
do Paraná.
O advogado de Youssef, João
dos Santos Gomes Filho, afirmou
que as acusações contra seu cliente são uma "leviandade".
O advogado de Paolicchi, Wagner Pacheco, também contesta as
acusações contra o ex-secretário
da Fazenda do município (leia
texto nesta página).
Youssef é também peça-chave
na investigação de Londrina.
A PIC (Promotoria de Investigações Criminais) suspeita que o
doleiro controlava mais de 30
contas fantasmas no Banestado,
por onde teriam passado cerca de
R$ 100 milhões desviados dos cofres públicos do município.
O doleiro chegou a ser preso em
dezembro do ano passado e passou 14 dias na cadeia.
Youssef é acusado de "lavar" R$
120 mil provenientes de licitação
fraudulenta na AMA (Autarquia
do Meio Ambiente), um dos órgãos municipais utilizados no esquema de corrupção.
Prefeitos
Os escândalos de corrupção no
norte do Paraná derrubaram prefeitos na região.
O de Londrina, Antônio Belinati
(PFL), teve o mandato cassado
em junho do ano passado, após
ser afastado três vezes do cargo.
O de Maringá, Gianoto, foi afastado do cargo por decisão judicial
em outubro do ano passado.
Ambos respondem a ação na
Justiça e negaram, na época, envolvimento com corrupção.
Nas alegações que apresentou à
Justiça na semana retrasada, referentes à ação de improbidade administrativa a que responde, Gianoto declarou que os R$ 549 mil
que foram desviados da Prefeitura de Maringá e apareceram em
sua conta eram referentes a serviços prestados para Paolicchi, cuja
fazenda o ex-prefeito teria administrado.
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