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Em ato falho, Dilma chama evento do PAC de "comício"
Palavra foi usada em BH, quando ministra agradecia grupo de mulheres presentes
Presidente volta a chamar a petista de "mãe do PAC" e diz que ela toma mais conta do programa do governo do que tomou "da filha dela"
FERNANDO BARROS DE MELLO
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Possível candidata petista na
sucessão do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff,
cometeu um ato falho ontem
em Belo Horizonte. Ela chamou um evento de fiscalização
de obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
do governo federal, de "comício", ato característico de campanhas políticas.
Logo no começo do discurso,
Dilma agradeceu aos que estavam "sob o sol forte, nos ouvindo falar" e se dirigiu a um grupo
de cerca de 20 pessoas, a maioria mulheres, que gritavam
"Dilma presidente". "Queria dirigir um especial cumprimento
às mulheres aqui da frente, que
hoje animam, sem dúvida, este
comício", afirmou Dilma.
Lula voltou a chamar a ministra de "mãe do PAC". "O
PAC só funciona porque essa
mulher, certamente, toma mais
conta do PAC do que tomou
conta da filha dela", disse.
Segundo Lula, aos 14 anos, os
filhos não querem mais saber
dos pais, que são "coroas". "A filha da Dilma certamente foi assim. Mas o PAC não quer liberdade, quer controle, fiscalização. Só assim funciona", disse.
Na chegada à Vila São José,
na periferia de Belo Horizonte,
o presidente, o vice, José Alencar, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), e o
governador em exercício de
Minas, Antonio Anastasia, posaram para fotos assentando tijolos. Dilma não participou da
"obra", mas foi puxada por
Alencar para as fotos quando
todos seguiam para o palco.
Quando pegou o microfone,
Dilma recorreu a uma metáfora
para comparar o PAC à parede
na qual os políticos colocaram
tijolos minutos antes. "São vários tijolos, todos unidos, para
resultar numa grande construção, que é a construção de um
país mais desenvolvido e igual."
"Nos próximos anos, a questão da distribuição de renda, do
direito a uma vida melhor, é
aquilo que vamos perseguir",
disse ela, segundo quem a idéia
é assegurar "que milhões de
brasileiros tenham os mesmos
direitos que as classes médias".
No palco, políticos fizeram
"defesa" da ministra, que esteve no centro das atenções nas
últimas semanas por conta do
dossiê montado na Casa Civil
sobre gastos do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Pimentel disse que Dilma é
um exemplo. "Nós confiamos
na ministra Dilma e somos solidários a ela, contra o vento da
calúnia e a maré das intrigas."
Apesar do tom duro, ele disse
ser parte da "alma mineira"
manter "relações civilizadas
mesmo entre adversários".
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