São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Em ato falho, Dilma chama evento do PAC de "comício"

Palavra foi usada em BH, quando ministra agradecia grupo de mulheres presentes

Presidente volta a chamar a petista de "mãe do PAC" e diz que ela toma mais conta do programa do governo do que tomou "da filha dela"

FERNANDO BARROS DE MELLO
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Possível candidata petista na sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, cometeu um ato falho ontem em Belo Horizonte. Ela chamou um evento de fiscalização de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, de "comício", ato característico de campanhas políticas.
Logo no começo do discurso, Dilma agradeceu aos que estavam "sob o sol forte, nos ouvindo falar" e se dirigiu a um grupo de cerca de 20 pessoas, a maioria mulheres, que gritavam "Dilma presidente". "Queria dirigir um especial cumprimento às mulheres aqui da frente, que hoje animam, sem dúvida, este comício", afirmou Dilma.
Lula voltou a chamar a ministra de "mãe do PAC". "O PAC só funciona porque essa mulher, certamente, toma mais conta do PAC do que tomou conta da filha dela", disse.
Segundo Lula, aos 14 anos, os filhos não querem mais saber dos pais, que são "coroas". "A filha da Dilma certamente foi assim. Mas o PAC não quer liberdade, quer controle, fiscalização. Só assim funciona", disse.
Na chegada à Vila São José, na periferia de Belo Horizonte, o presidente, o vice, José Alencar, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), e o governador em exercício de Minas, Antonio Anastasia, posaram para fotos assentando tijolos. Dilma não participou da "obra", mas foi puxada por Alencar para as fotos quando todos seguiam para o palco.
Quando pegou o microfone, Dilma recorreu a uma metáfora para comparar o PAC à parede na qual os políticos colocaram tijolos minutos antes. "São vários tijolos, todos unidos, para resultar numa grande construção, que é a construção de um país mais desenvolvido e igual."
"Nos próximos anos, a questão da distribuição de renda, do direito a uma vida melhor, é aquilo que vamos perseguir", disse ela, segundo quem a idéia é assegurar "que milhões de brasileiros tenham os mesmos direitos que as classes médias".
No palco, políticos fizeram "defesa" da ministra, que esteve no centro das atenções nas últimas semanas por conta do dossiê montado na Casa Civil sobre gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Pimentel disse que Dilma é um exemplo. "Nós confiamos na ministra Dilma e somos solidários a ela, contra o vento da calúnia e a maré das intrigas." Apesar do tom duro, ele disse ser parte da "alma mineira" manter "relações civilizadas mesmo entre adversários".


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