São Paulo, Domingo, 18 de Abril de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PROPINA
Carta diz que 800 empresas sonegaram impostos
Fiscais são acusados de corrupção em MT

RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

O governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB), anunciou, em Cuiabá (MT), que ordenou investigação interna para apurar acusação de pagamento de propina a fiscais de tributos estaduais.
O governador designou na terça passada o procurador do Estado Alexandre Tavaloni para chefiar as investigações internas a respeito da atuação de dez fiscais, acusados nominalmente em carta anônima.
A carta afirma que eles estariam recebendo dinheiro de cerca de 800 empresas de Mato Grosso para fazer vistas grossas à sonegação de impostos. O Ministério Público ainda não divulgou os resultados sobre as denúncias.
O governador afirmou que a denúncia pode ser "a ponta do iceberg" de um "grande esquema", e, por isso, merece ser investigada.
A carta foi entregue no início de março ao Ministério Público Estadual pela deputada estadual Serys Slhessarenko (PT), com nomes de funcionários graduados da Secretaria de Estado de Fazenda.
De acordo com a denúncia, cada fiscal receberia entre R$ 40 mil e R$ 80 mil por mês para deixar de arrecadar impostos.
Segundo a deputada, a denúncia da carta anônima "é rica em detalhes e merece a máxima atenção".
O secretário de Fazenda, Valter Albano, informou à imprensa que houve 117 procedimentos administrativos entre 95 e 99, que resultaram na demissão de oito fiscais.
O presidente do Sindicato dos Fiscais de Tributos de Mato Grosso (Sinfat), José Simão Ferreira, afirmou que é favorável "a qualquer investigação para moralizar a máquina pública", mas condenou o "sensacionalismo a partir de uma carta anônima".
"A denúncia existe e deve ser apurada, mas o governo não pode sair punindo indiscriminadamente os servidores", disse Ferreira, para quem a categoria, que tem 300 filiados, é exposta a "denúncias forjadas" por parte de empresários interessados em se livrar da cobrança de impostos.
Segundo o Sinfat, a base salarial de um fiscal é de R$ 4.800 mensais, podendo ser aumentada em mais 50% com gratificações, dependendo do tempo de serviço. "Nosso salário não é desculpa para corrupção", declarou Ferreira.


Texto Anterior: Cacciola volta e diz que vai à PF amanhã
Próximo Texto: FHC critica "invasão" da casa de Lopes
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.