|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PROPINA
Carta diz que 800 empresas sonegaram impostos
Fiscais são acusados de corrupção em MT
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
O governador de Mato Grosso,
Dante de Oliveira (PSDB), anunciou, em Cuiabá (MT), que ordenou investigação interna para apurar acusação de pagamento de propina a fiscais de tributos estaduais.
O governador designou na terça
passada o procurador do Estado
Alexandre Tavaloni para chefiar as
investigações internas a respeito
da atuação de dez fiscais, acusados
nominalmente em carta anônima.
A carta afirma que eles estariam
recebendo dinheiro de cerca de
800 empresas de Mato Grosso para
fazer vistas grossas à sonegação de
impostos. O Ministério Público
ainda não divulgou os resultados
sobre as denúncias.
O governador afirmou que a denúncia pode ser "a ponta do iceberg" de um "grande esquema", e,
por isso, merece ser investigada.
A carta foi entregue no início de
março ao Ministério Público Estadual pela deputada estadual Serys
Slhessarenko (PT), com nomes de
funcionários graduados da Secretaria de Estado de Fazenda.
De acordo com a denúncia, cada
fiscal receberia entre R$ 40 mil e R$
80 mil por mês para deixar de arrecadar impostos.
Segundo a deputada, a denúncia
da carta anônima "é rica em detalhes e merece a máxima atenção".
O secretário de Fazenda, Valter
Albano, informou à imprensa que
houve 117 procedimentos administrativos entre 95 e 99, que resultaram na demissão de oito fiscais.
O presidente do Sindicato dos
Fiscais de Tributos de Mato Grosso
(Sinfat), José Simão Ferreira, afirmou que é favorável "a qualquer
investigação para moralizar a máquina pública", mas condenou o
"sensacionalismo a partir de uma
carta anônima".
"A denúncia existe e deve ser
apurada, mas o governo não pode
sair punindo indiscriminadamente os servidores", disse Ferreira,
para quem a categoria, que tem 300
filiados, é exposta a "denúncias
forjadas" por parte de empresários
interessados em se livrar da cobrança de impostos.
Segundo o Sinfat, a base salarial
de um fiscal é de R$ 4.800 mensais,
podendo ser aumentada em mais
50% com gratificações, dependendo do tempo de serviço. "Nosso salário não é desculpa para corrupção", declarou Ferreira.
Texto Anterior: Cacciola volta e diz que vai à PF amanhã Próximo Texto: FHC critica "invasão" da casa de Lopes Índice
|