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IMPEACHMENT
Em uma das anotações, prefeito teria relacionado 8 vereadores
Nicéa exibe agenda de Pitta com supostas propinas
Evelson de Freitas/Folha Imagem
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A ex-primeira-dama Nicéia Pitta chora durante seu depoimento à comissão processante na Câmara Municipal de São Paulo |
JOÃO CARLOS SILVA
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Desafiada a apresentar provas
das denúncias que faz contra seu
ex-marido, Nicéa Pitta entregou
ontem à comissão que analisa pedido de impeachment de Celso
Pitta (PTN) uma agenda com
anotações do prefeito que supostamente provariam a existência
de um esquema de pagamento de
propina a vereadores.
"Infelizmente tenho essas provas. Infelizmente porque é doloroso (ter as provas)", disse a ex-primeira-dama ao passar a um assessor da comissão uma agenda
de capa preta de 97, supostamente
do prefeito paulistano.
Em uma das anotações da agenda, o prefeito teria relacionado o
nome de oito vereadores que tinham cargo na Câmara na época
-todos da base que dava sustentação ao prefeito no Legislativo.
Na agenda, aparecem números
que, segundo Nicéa, correspondem à propina que eles teriam recebido. Os valores supostamente
vão de R$ 60 mil a R$ 130 mil.
Os nomes que aparecem na
agenda são dos vereadores Antônio Goulart (PMDB), Mário Dias
(PPB) e de Armando Mellão
(PMDB), presidente da Câmara, e
Brasil Vita (PPB), que continuam
na Câmara.
Também aparecem na agenda
os ex-vereadores Nelo Rodolfo
(PMDB), José Índio (PMDB),
Maeli Vergniano e Hanna Garib.
Rodolfo e Índio são atualmente
deputados federais, mas, no Legislativo paulistano, integravam a
base governista de Pitta.
Maeli foi cassada na Câmara no
ano passado. Garib também perdeu o cargo de deputado estadual
depois de deixar, em 99, sua vaga
na Câmara. "Acho um absurdo isso tudo. O pior é que estão dando
guarida a isso", disse o vereador
Vita ontem que, como os outras
que aparecem na agenda, nega o
pagamento de propina.
Jantar
Em outro trecho da agenda, Pitta teria programado um jantar
com vereadores. Segundo Nicéa,
um número que aparece na anotação representaria a quantia de
R$ 1,5 milhão. O valor teria sido
pago por Pitta e dividido entre
parlamentares governistas.
O jantar teria ocorrido em 20 de
março de 97. Dois dias antes, vereadores governistas tinham vetado na Câmara a criação de uma
CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) para apurar suposta irregularidade no pagamento de
precatórios na Prefeitura de São
Paulo. A apuração havia sido proposta pelo vereador José Eduardo
Cardozo, líder do PT na Câmara.
Apesar de ter apresentado a
agenda como suposta prova das
denúncias que faz, Nicéa não pôde se manifestar sobre o caso.
Os advogados de defesa, que
acompanhavam ontem o depoimento de Nicéa à comissão de impeachment, alegaram que a ex-primeira-dama não poderia falar
a respeito de provas que não
constavam antes do processo.
Os documentos foram entregues aos advogados ontem, e Nicéa deve voltar a depor à comissão. Também foi cogitada a possibilidade de Pitta e Nicéa serem
chamados pela comissão para serem acareados.
Processo
A denúncia de compra de vereadores faz parte das acusações que
o prefeito responde no processo
de impeachment em que é acusado de cometer crimes de corrupção e improbidade administrativa
e de usar o cargo para obter vantagens pessoais.
Anteontem, em um depoimento que durou quase sete horas, ele
negou todas as acusações que pesam contra ele.
Parte das denúncias, feitas oficialmente por integrantes da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), foi apresentada pela ex-primeira-dama.
Por essa razão, ela foi convocada para depor ontem à comissão
de impeachment.
O depoimento dela começou às
9h50 e a até o fechamento desta
edição não havia terminado. Ontem a comissão também ouviria o
depoimento de Victor, filho de
Nicéa e do prefeito. Outros 15 depoimentos estão programados.
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