São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000


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Empréstimo teria sido criado para justificar renda

DA REPORTAGEM LOCAL

A ex-primeira-dama Nicéa Pitta disse, em seu depoimento à comissão que analisa o processo de impeachment do prefeito Celso Pitta, que Jorge Yunes não emprestou dinheiro para o prefeito.
Para a ex-primeira-dama, Jorge Yunes não é uma pessoa "generosa" e, portanto, não emprestaria dinheiro para Pitta.
O empréstimo de R$ 800 mil de Jorge Yunes para Pitta foi usado como explicação para o padrão de vida que a família ostenta desde que Pitta assumiu a prefeitura.
Pitta recebe cerca de R$ 6.000 por mês. Ele e Yunes sustentavam a existência do empréstimo.
O prefeito teria ficado "receoso" com as investigações da CPI dos Precatórios, buscando uma explicação para a origem de seus rendimentos, segundo Nicéa.
Ela afirmou que Pitta recebeu dinheiro de empresas de ônibus e empreiteiras que prestam serviço para a prefeitura. Algumas delas seriam a Enterpa, a Nutril (que fornece leite em pó para o programa Leve-Leite), e uma incineradora de lixo de um parente do ex-secretário de Vias Públicas, Reynaldo de Barros.
O dinheiro, segundo Nicéa, seria guardado pelo investidor Naji Nahas e o secretário de Governo, Carlos Augusto Meinberg.
Segundo Nicéa, Pitta tem contas no exterior em nome de "laranjas". As contas seriam controladas por Nahas. O empresário costumaria frequentar a casa do prefeito, e o casal teria ido a jantares na casa do investidor.
Nicéa Pitta também havia dito ao Ministério Público, no auge das investigações da CPI dos Precatórios, que recebeu dinheiro de Jorge Yunes como pagamento de uma consultoria de arte. Ontem, entretanto, admitiu ter mentido.
Nicéa também ficou em posição de acusada durante o depoimento. O vereador Wadih Mutran (PPB), fiel defensor de Pitta, perguntou sobre funcionários fantasmas da prefeitura indicados por ela, corrupção no Casa, órgão do qual ela foi presidente de honra, e a origem de seus rendimentos.
Segundo o vereador, Nicéa possui gastos elevados, já que mantém uma filha no exterior e três funcionários fixos trabalhando em sua casa, sem ter emprego. Nicéa explicou que está vendendo algumas jóias e outros objetos para pagar suas contas.
Ela levou para a Câmara Municipal envelopes e fitas com supostas provas contra a administração Pitta. Pelo que foi dito por Nicéa durante seu depoimento, a maioria das provas que levou já foi divulgada pela imprensa pela própria ex-primeira-dama.
Cartas anônimas de funcionários públicos, recortes de jornais e publicações do "Diário Oficial" do Município comprovariam esquemas de compra de computadores para a Prodam superfaturados, suposta corrupção nas carteiras de ônibus para estudantes e denúncias de funcionários fantasmas.
Durante o depoimento, a ex-primeira-dama se manteve calma e solícita a todas as perguntas da comissão processante.


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