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Empréstimo teria sido criado para justificar renda
DA REPORTAGEM LOCAL
A ex-primeira-dama Nicéa Pitta disse, em seu depoimento à comissão que analisa o processo de
impeachment do prefeito Celso
Pitta, que Jorge Yunes não emprestou dinheiro para o prefeito.
Para a ex-primeira-dama, Jorge
Yunes não é uma pessoa "generosa" e, portanto, não emprestaria
dinheiro para Pitta.
O empréstimo de R$ 800 mil de
Jorge Yunes para Pitta foi usado
como explicação para o padrão de
vida que a família ostenta desde
que Pitta assumiu a prefeitura.
Pitta recebe cerca de R$ 6.000
por mês. Ele e Yunes sustentavam
a existência do empréstimo.
O prefeito teria ficado "receoso"
com as investigações da CPI dos
Precatórios, buscando uma explicação para a origem de seus rendimentos, segundo Nicéa.
Ela afirmou que Pitta recebeu
dinheiro de empresas de ônibus e
empreiteiras que prestam serviço
para a prefeitura. Algumas delas
seriam a Enterpa, a Nutril (que
fornece leite em pó para o programa Leve-Leite), e uma incineradora de lixo de um parente do ex-secretário de Vias Públicas, Reynaldo de Barros.
O dinheiro, segundo Nicéa, seria guardado pelo investidor Naji
Nahas e o secretário de Governo,
Carlos Augusto Meinberg.
Segundo Nicéa, Pitta tem contas
no exterior em nome de "laranjas". As contas seriam controladas por Nahas. O empresário costumaria frequentar a casa do prefeito, e o casal teria ido a jantares
na casa do investidor.
Nicéa Pitta também havia dito
ao Ministério Público, no auge
das investigações da CPI dos Precatórios, que recebeu dinheiro de
Jorge Yunes como pagamento de
uma consultoria de arte. Ontem,
entretanto, admitiu ter mentido.
Nicéa também ficou em posição
de acusada durante o depoimento. O vereador Wadih Mutran
(PPB), fiel defensor de Pitta, perguntou sobre funcionários fantasmas da prefeitura indicados por
ela, corrupção no Casa, órgão do
qual ela foi presidente de honra, e
a origem de seus rendimentos.
Segundo o vereador, Nicéa possui gastos elevados, já que mantém uma filha no exterior e três
funcionários fixos trabalhando
em sua casa, sem ter emprego. Nicéa explicou que está vendendo
algumas jóias e outros objetos para pagar suas contas.
Ela levou para a Câmara Municipal envelopes e fitas com supostas provas contra a administração
Pitta. Pelo que foi dito por Nicéa
durante seu depoimento, a maioria das provas que levou já foi divulgada pela imprensa pela própria ex-primeira-dama.
Cartas anônimas de funcionários públicos, recortes de jornais e
publicações do "Diário Oficial"
do Município comprovariam esquemas de compra de computadores para a Prodam superfaturados, suposta corrupção nas carteiras de ônibus para estudantes e
denúncias de funcionários fantasmas.
Durante o depoimento, a ex-primeira-dama se manteve calma
e solícita a todas as perguntas da
comissão processante.
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