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IMPEACHMENT
Prefeito diz que agenda existe, mas seu conteúdo não o compromete; advogado critica ex-primeira-dama
Pitta ironiza acusação; defesa ataca Nicéa
da Folha Online e da Reportagem Local
O prefeito de São Paulo, Celso
Pitta (PTN), ironizou ontem as
acusações da ex-primeira-dama
Nicéa Pitta, que apresentou uma
agenda com nomes de vereadores
e valores de propinas que cada
um teria recebido em troca de favores a Pitta. A letra das anotações
seria do próprio prefeito.
Pitta, que estava inaugurando
uma escola em São Mateus, na zona leste, admitiu que a agenda
existe, mas disse que, pelo que sabe, o conteúdo dela não apresenta
nada de comprometedor.
"É muito comprometedor mesmo", ironizou o prefeito. "Ah, tenha paciência", completou ele.
Pitta se negou a responder as outras acusações feitas pela ex-primeira-dama, entre elas, a de que o
prefeito teria contas no exterior.
Mário Sérgio Duarte Garcia, advogado de Pitta, disse que a ex-primeira-dama reconheceu ter
contado mentiras. Para ele, esse é
um ponto que desqualifica o depoimento de Nicéa.
Garcia disse que Nicéa admitiu
ter mentido ao dizer em um programa de televisão "que colocaria
sua mão no fogo por Pitta". Ele
também disse que a ex-primeira-dama assumiu ter dado declarações "inverídicas" ao Ministério
Público Estadual, ao ter confirmado o recebimento de uma comissão do empresário Jorge Yunes
para negociar obras de artes.
Os advogados de defesa de Pitta
ameaçam alegar na Justiça que foram cerceados no processo que o
prefeito responde na Câmara Municipal de São Paulo. Eles podem
pedir a anulação da apuração alegando que os depoimentos à comissão teriam de ser sigilosos para não "tolher o direito de defesa".
"O problema não é com a imprensa. O fato é que não é possível
que outras testemunhas assistam
aos depoimentos. É evidente que
uma vai influenciar a outra", disse
Mário Sérgio Duarte Garcia.
Ele pediu ontem à presidente da
comissão de impeachment, Ana
Maria Quadros (PSDB), que ficasse registrado na ata da reunião
que a defesa poderia considerar
nulo o depoimento dado ontem
pela ex-primeira-dama.
Os advogados já tinham pedido
anteontem que os depoimentos
de testemunhas fossem sigilosos,
mas a comissão não concordou
com essa interpretação jurídica.
"As sessões públicas são garantidas pela Constituição", disse a
presidente da comissão.
Garcia não informou ontem
quando poderá contestar os trabalhos da comissão na Justiça. Ele
disse que não tinha tentado impedir o depoimento de Nicéa ontem
mesmo porque não teria tempo
para entrar com uma ação judicial. "Não tenho tempo material.
A Justiça começa a funcionar às
11h. O depoimento começa às
9h", disse.
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