São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 2000


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IMPEACHMENT
Prefeito diz que agenda existe, mas seu conteúdo não o compromete; advogado critica ex-primeira-dama
Pitta ironiza acusação; defesa ataca Nicéa

da Folha Online e da Reportagem Local

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PTN), ironizou ontem as acusações da ex-primeira-dama Nicéa Pitta, que apresentou uma agenda com nomes de vereadores e valores de propinas que cada um teria recebido em troca de favores a Pitta. A letra das anotações seria do próprio prefeito.
Pitta, que estava inaugurando uma escola em São Mateus, na zona leste, admitiu que a agenda existe, mas disse que, pelo que sabe, o conteúdo dela não apresenta nada de comprometedor.
"É muito comprometedor mesmo", ironizou o prefeito. "Ah, tenha paciência", completou ele. Pitta se negou a responder as outras acusações feitas pela ex-primeira-dama, entre elas, a de que o prefeito teria contas no exterior.
Mário Sérgio Duarte Garcia, advogado de Pitta, disse que a ex-primeira-dama reconheceu ter contado mentiras. Para ele, esse é um ponto que desqualifica o depoimento de Nicéa.
Garcia disse que Nicéa admitiu ter mentido ao dizer em um programa de televisão "que colocaria sua mão no fogo por Pitta". Ele também disse que a ex-primeira-dama assumiu ter dado declarações "inverídicas" ao Ministério Público Estadual, ao ter confirmado o recebimento de uma comissão do empresário Jorge Yunes para negociar obras de artes.
Os advogados de defesa de Pitta ameaçam alegar na Justiça que foram cerceados no processo que o prefeito responde na Câmara Municipal de São Paulo. Eles podem pedir a anulação da apuração alegando que os depoimentos à comissão teriam de ser sigilosos para não "tolher o direito de defesa".
"O problema não é com a imprensa. O fato é que não é possível que outras testemunhas assistam aos depoimentos. É evidente que uma vai influenciar a outra", disse Mário Sérgio Duarte Garcia.
Ele pediu ontem à presidente da comissão de impeachment, Ana Maria Quadros (PSDB), que ficasse registrado na ata da reunião que a defesa poderia considerar nulo o depoimento dado ontem pela ex-primeira-dama.
Os advogados já tinham pedido anteontem que os depoimentos de testemunhas fossem sigilosos, mas a comissão não concordou com essa interpretação jurídica. "As sessões públicas são garantidas pela Constituição", disse a presidente da comissão.
Garcia não informou ontem quando poderá contestar os trabalhos da comissão na Justiça. Ele disse que não tinha tentado impedir o depoimento de Nicéa ontem mesmo porque não teria tempo para entrar com uma ação judicial. "Não tenho tempo material. A Justiça começa a funcionar às 11h. O depoimento começa às 9h", disse.


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